O procurador geral de Justiça do Estado, Fernando Zardini, está dando entrevista coletiva na sede da entidade, em Vitória, para explicar o motivo da operação policial que culminou na prisão do comandante do 14° Batalhão da Polícia Militar (Ibatiba), tenente-coronel Welinton Virgínio Pereira, e de mais oito pessoas – sete militares e um ex-PM.
Segundo Zardini, empresários de municípios como Iúna e Ibatiba, liderados pelo cafeicultor Eduardo Gomes de Matos, estariam emprestando dinheiro para outros cafeicultores da região.
Eles estariam cobrando juros altíssimos. Quando o devedor não tinha condições de pagar, os empresários, liderados por Eduardo, contratavam policiais militares para extorquir os cafeicultores, que eram obrigados a entregar até suas fazendas para os agiotas.
Entre quarta-feira e hoje (01/12), pelo menos cinco famílias teriam procurado o Ministério Público de Iúna, segundo a promotora de Justiça Paula Pazonili, para denunciar que teriam sido vítimas do grupo e que, por isso, teriam perdido suas propriedades:
“Esta é uma situação que vem ocorrendo há muitos anos. Trata-se de crime de agiotagem e extorsão. As pessoas são obrigadas a entregar seus bens para os agiotas, que cobram juros altíssimos. As pessoas entregam propriedades como fazendas e armazéns de café”, explicou Paula Pazolini.
“Quem não tinha condições de pagar pelo empréstimo, era obrigado a entregar outros bens aos empresários,como fazendas”, acrescentou Fernando Zardini. “Isso configura crimes de agiotagem e extorsão”.
Segundo Zardini, as investigações do Ministério Público apontam para a participação dos militares presos na operação de quarta-feira no serviço de cobrança em nome dos empresários agiotas. Para tanto, utizavam de forma “ilegal” em suas “operações” um veículo apreendido durante blitz. De acordo com Fernando Zardini, o tenente-coronel Welinton seria o oficial que articulava as ações dos empresários com os demais policiais.
As investigações, de acordo com Zardini, começaram há cerca de um ano, depois do assassinato de um acusado de tráfico da região conhecido como Juninho Mariano.Ainda segundo o chefe do Ministério Público Estadual, Juninho teria participado de um assalto a fazendas da região e, por isso, foi assassinado.
Segundo Fernando Zardini, o grupo liderado pelo empresário Eduardo de Matos, que está preso desde o dia 23 de novembro, queria manter a hegemonia econômica e política na região.
Zardini alegou que não poderia dar mais detalhes sobre a operação porque as investigações continuam acontecendo.A entrevista coletiva continua neste momento na sede do Ministério Público Estadual.