Um grupo de oito policiais militares do Batalhão de Campos de Goytacazes, Norte do Rio de Janeiro, deu uma surra em dois presidiários capixabas dentro do Fórum do município e ainda ameaçou e colocou os advogados dos bandidos para correr da cidade.
As agressões e as ameaças aconteceram há uma semana, dias depois do assassinato da juíza carioca Patrícia Acióli, que era do Fórum de São Gonçalo e foi morta com 21 tiros em Niterói.
Os criminosos capixabas agredidos são Lenilton Carlos Silva e Wilker dos Santos Fontes, que confessaram ter matado com tiro na cabeça, durante um assalto, o policial militar Carlos Luís Ventura da Silva, dentro de um bar em Guarapari, em janeiro deste ano.
O PM Ventura era lotado no 9º Batalhão da PMES (Cachoeiro de Itapemirim) e residia em Campos de Goytacazes. Ele foi morto na frente da esposa e do filho.
Lenilton e Wilker estão presos no Centro Provisório de Detenção (CPD) de Guarapari e foram levados ao Fórum de Campos por uma equipe da Superintendência de Polícia Prisional (SPP) da Polícia Civil capixaba.
Em Campos, eles prestaram depoimento na presença de testemunhas de acusação – esposa e filho do PM Ventura – e de um dos juízes da Comarca.
Os advogados Clóvis Lisboa, que defende Wilker, e Rodrigo Torres Lopes, que defende Lenilton, também estavam presentes na audiência, juntamente com o coordenador da Defensoria Pública de Campos, Fernando Tavares.
Segundo Clóvis Lisboa, após a audiência, Lenilton e Wilker foram retirados da sala do juiz pelos oito policiais militares lotados no Fórum de Campos.
Quando chegaram à carceragem do Fórum, os presidiários capixabas foram espancados:
“Vocês gostam de matar policiais, não é mesmo? Então, toma”, teria dito um dos militares fluminenses.
Quando souberam dos espancamentos, os advogados capixabas tentaram interceder, mas foram impedidos pelos policiais. Os militares ameaçaram os dois advogados, dizendo que eles tinham menos de uma hora para sair de Campos e voltar para o Espírito Santo, caso contrário, poderiam “sofrer conseqüências”.
Clóvis Lisboa e Rodrigo Torres, auxiliados pelo defensor público Tavares, foram até a Polícia Rodoviária Federal de Campos e pediram apoio.
Uma patrulha da PRF escoltou os advogados até a divisa de Campos com o Espírito Santo.
Já os presidiários Wilker e Lenilton foram colocados na viatura da SPP e levados de volta ao CPD de Guarapari. Quando chegaram ao CPD, eles foram levados a tratamento médico e a exames de corpo delito.
Por causa das denúncias de agressões, o juiz José Leão Ferreira Souto, da 3ª Vara Criminal de Guarapari – onde tramita o processo do assassinato do PM Ventura –, encaminhou ofício à Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para investigar a suposta omissão do juiz de Campos em relação aos espancamentos sofridos pelos presidiários capixabas dentro do Fórum do município.
O juiz José Leão Souto também enviou ofício à Ordem dos Advogados do Espírito Santo e do Rio, informando as ameaças sofridas pelos advogados. O magistrado ainda encaminhou ofício ao Ministério Público de Campos, solicitando providências em relação às denúncias de espancamento dentro do Fórum.