“O Espírito Santo e o Rio e Janeiro não fabricam armas e nem cocaína”. Foi desta forma que o governador Paulo Hartung (PMDB) cobrou do governo federal mais ação no combate ao tráfico de armas e drogas no País.
A cobrança foi feita nesta quinta-feira (29/10), durante a posse de quatro novos secretários de Estado, no Palácio Anchieta.
Hartung lembrou que não cabe somente aos estados a responsabilidade de combater o tráfico de drogas. Disse que toda a sociedade, incluindo as famílias, deveria entrar na discussão. Ele também cobrou mais ações dos prefeitos:
“Cada setor tem que fazer a sua parte: prefeituras, as famílias, as polícias e a União. O Espírito Santo e o Rio, por exemplo, não fabricam armas e nem cocaína, mas mesmo assim elas chegam em nossos estados. O governo central tem que fazer um controle maior nas fronteiras para combater o tráfico de drogas e armas”, disse Hartung.
Segundo ele, o País todo tem que colocar o combate a violência em sua agenda de prioridade. Neste momento, disparou mais críticas ao governo federal , não poupando – mas sem citar nomes – o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“Eu me lembro da forma como o PCC – organização criminosa – tomou conta da cidade de São Paulo. Foi um momento triste. Cada momento de crise, o governo federal fala em plano nacional de segurança pública. Mas esse plano só dura enquanto durar a repercussão da crise”.
Hartung finalizou fazendo um apelo à sociedade, incluindo sobretudo os órgãos de repressão ao combate ao tráfico de drogas e armas:
“Cada setor tem que colocar o tema em sua agenda e deve se perguntar: o que eu posso fazer para melhorar essa situação no Espírito Santo, no Brasil e no mundo?”
COMENTÁRIOS
O governador Paulo Hartung tem razão quando cobra da União maior envolvimento no combate ao tráfico e drogas e armas. Tem razão quando lembra que cabe ao governo federal, através de suas forças de segurança – Polícia Federal e Forças Armadas –, fazer o patrulhamento nas fronteiras com outros países para impedir que criminosos tragam para o Brasil armas e drogas. E tem mais razão ainda quando pede o engajamento de toda a sociedade na discussão do tema.
Porém, é bom lembrar que a própria polícia capixaba não cumpre com eficiência sua parte na vigilância às divisas do Espírito Santo com outros estados.
Quem sai de Vitória, por exemplo, e vai para Belo Horizonte pela rodovia BR-262, dificilmente se depara com uma radiopatrulha da Polícia Militar ou Civil pelo caminho ao longo dos municípios localizados na Região Serrana. Quando encontra, é porque o carro policial está em viagem.
Quando entra no estado de Minas, logo depois de Ibatiba, o viajante, entretanto, se assusta ou se surpreende. Do lado lá, militares bem armados estão vigiando o lado mineiro. Em outra faixa da divisa, entre Barra de São Francisco e Mantena, o viajante só vai encontrar a polícia do lado mineiro.
É fácil entrar no Espírito Santo. Por aqui, há várias estradas vicinais, sejam asfaltadas ou apenas de barro, que ligam nosso Estado a Minas, Rio e Bahia. Essas estradas também dificilmente são patrulhadas pelo lado capixaba.
Logo, o dever de casa deveria ser também bem feito pela polícia do Espírito Santo.