O município de Presidente Kennedy, localizado no Sul do Espírito Santo, está buscando melhorar toda a sua infraestrutura para atender as futuras demandas do Porto Central, cujas obras de construção começarão em 2022. O município, que já está recuperando e ampliando as estradas que cortam a região, vai ganhar um aeroporto e entrará na malha ferroviária da Vale, para ter ligação com portos do Rio de Janeiro, ajudando, assim, no transporte de produtos capixabas para outros países. Está dando, assim, mais um salto para o futuro.
Uma das parcerias fortes de Presidente Kennedy é com a TPK Logística S/A, responsável pela organização e administração do Porto Central, que vai ser construído por sua sócia holandesa, a Van Oord. Esta parceria vai atrair para a cidade um aeroporto de pequeno porte para atender voos comerciais e de transporte de cargas.
Em entrevista exclusiva ao Blog do Elimar Côrtes na quinta-feira passada (19/08), o prefeito Dorlei Fontão informou que o Município já iniciou tratativas com o Governo Federal, por meio da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para escolha da área onde será erguido o aeroporto.
“O Porto Central e as empresas que nele se instalarão serão os principais usuários do aeroporto para atender os funcionários. O ideal, por isso, é que seja construído perto da plataforma portuária”, pondera Dorlei Fontão.
Ainda dentro do ambiente de novos negócios e de melhoria da infraestrutura, o prefeito informou que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, virá em breve ao Espírito Santo para anunciar a ligação ferroviária entre o Sul do Espírito Santo com o Porto do Açu, localizado na cidade de Campos de Goytacazes, Norte do Estado do Rio.
No dia 29 de julho de 2020, o Governo Estadual anunciou que as obras do trecho ferroviário entre Cariacica, na Grande Vitória, e Anchieta, no litoral Sul capixaba, que serão executadas pela mineradora Vale, devem ter início em 2022. A obra faz parte do primeiro trecho da Estrada de Ferro Vitória/Rio, a EF 118, e é uma contrapartida à prorrogação da concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), operada pela Vale. Além de realizar as obras do trecho, a empresa será a responsável pelo projeto executivo do ramal ferroviário.
Na ocasião, o ministro Tarcísio Gomes de Freitas disse que “é ferrovia fundamental para, porque nós vamos ter o início da construção daquilo que virá a ser, no futuro, a Estrada de Ferro 118, ou seja, a ligação Vitória a Rio”.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração do Porto Central, José Maria Vieira de Novaes, o projeto da Vale é fazer a ligação ferroviária entre a Grande Vitória e Anchieta. Depois, de Anchieta a Presidente Kennedy e, dali, a Campos e, posteriormente, à cidade do Rio. A ligação entre Presidente ao Porto do Açu tem cerca de 100 quilômetros.
Do Porto de Ubu, da Samarco, em Anchieta, a Presidente Kennedy, o investimento é da ordem de R$ 1 bilhão. De lá até o Porto do Açu, são mais R$ 1,5 bilhão de custos. Os investimentos de R$ 2,5 bilhões serão divididos entre a Vale e o Governo Federal.
A Vale, explicou o CEO do Porto Central, José Maria Novaes, está doando o projeto da novo ferrovia ao Governo Federal e aliando os estudos de acordo com as suas necessidades. A estação ferroviária ficará dentro do Porto Central:
“Nosso porto atenderá grandes empresas dos setores de petróleo e gás, mineração, agrícola, de apoio à indústria offshore, assim como estaleiro e terminal de contêiner e carga geral que movimentarão cargas diversas como veículos, produtos siderúrgicos, coque de petróleo para cimenteiras, soja e fertilizantes, carvão, GNL, rochas ornamentais, etc”, informou José Maria Novaes. “Produtos agrícolas capixabas poderão ser transportados com mais rapidez e sem chance de perda”, completou.
Construção do Porto Central vai abrir 2 mil vagas de emprego
O Porto Central, que começou a sair do papel em 2012, é um complexo industrial portuário multipróposito e vai ocupar uma área de aproximadamente 2.000 hectares, o equivalente a 3 mil campos de futebol. Trata-se de um porto de águas profundas com até 25 metros de profundidade, capaz de receber navios de grande calado, como os navios Valemax e VLCC’s – Very Large Crude Oil Carrier.
As obras do Porto Central vão se iniciar em março de 2022. Vão gerar cerca de 2 mil empregos, com prioridade de contratação de profissionais residentes em Presidente Kennedy e cidades vizinhas. De acordo com José Maria Novaes, o porto tem que entrar em operação até janeiro de 2025. Trata-se, segundo ele, de exigência contratual com as empresas âncoras. A primeira obra a ser entrega será um terminal líquido de petróleo e derivados
O trinômio porto-rodovia-aeroporto é o que vai alavancar a economia do Sul capixaba. Por isso, outras ações estão sendo desenvolvidas pela Prefeitura de Presidente Kennedy, como a melhoria da Rodovia ES-162, que liga a cidade à BR-101 Sul. Também estão sendo feitas obras de reparo na rodovia que liga a sede do município ao litoral:
“São obras de melhorias e ampliação que estão sendo executadas em parceria entre o Governo do Estado e o Município. Precisamos abrir caminhos para o caminhões que vão chegar ao Porto Central”, explicou o prefeito Dorlei Fontão.
Cidade precisa se preparar quando o petróleo acabar
As ações desenvolvidas atualmente são voltadas para preparar a cidade de Presidente Kennedy e seus habitantes para se adaptarem quando acabarem os recursos dos royalties. “É importante preparar o município a buscar outras fontes de recursos, independente do petróleo”, pondera Dorlei Fontão. “O petróleo é algo que um dia pode acabar”, lembra o prefeito.
Em 2020, Presidente Kennedy recebeu R$ 152.727.558,41 de royalties. Lei Federal determina que os municípios brasileiros podem investir os dinheiro dos royalties em infraestrutura, como a construção de escolas e unidades de saúde, por exemplo. A vedação é em relação a gastos com pessoal e pagamento de dívidas.
No entanto, no caso da Educação, os municípios podem usar recursos oriundos dos royalties para pagar salários dos professores, mas não dos funcionários administrativos. No caso da Saúde, as prefeituras podem construir hospitais e unidades de atendimento, mas não podem pagar servidores.
“Os recursos dos royalties do petróleo são muito bem aplicados em nossa cidade”, afirmou Dorlei, que, no último sábado (21/08) participou do mutirão de vacinação contra o coronavírus.
Prefeito diz que Rose de Freitas é a madrinha do Ifes
O secretário Municipal de Meio Ambiente, Edson Vander Moreira, explicou as primeiras tratativas para a instalação de uma unidade do Ifes em Presidente Kennedy começaram há dois anos. O primeiro passou foi dado com o deputado estadual Marcelo Santos. Certo dia, o prefeito Dorlei Fontão foi à residência da senadora Rose de Freitas, em Vitória, e levou à parlamentar a demanda do Município.
O Ministério da Educação chegou a oferecer a instalação de um Centro de Referência em Presidente Kennedy, mas a senadora bateu pé e disse que a demanda dos jovens da cidade érea pelo Ifes. Em julho de 2021, o MEC autorizou a vinda do Ifes, com a Prefeitura de Presidente Kennedy sendo responsável pela construção da unidade, cujo investimento é de R$ 48 milhões. Na última quinta-feira (19/08), o ministro Milton Ribeiro esteve na cidade lançando a pedra fundamental do Ifes, que será construído na no balneário de Marobá.
“É um orgulho muito grande para nossa cidade a vinda do Ifes, nos deixa todos honrados. Agradecemos a todas as pessoas que nos ajudaram nessa empreitada. Em especial a senadora Rose de Freitas, que é a madrinha do Ifes de Presidente Kennedy”, pontuou prefeito Dorlei.
Ele salientou que nesses dois anos, enquanto aguardava o sinal verde do MEC, a Prefeitura de Presidente Kennedy não parou e realizou uma série de estudos que definiram a logística do Ifes. Segundo Dorlei, o MEC vai definir os cursos a serem oferecidos aos 1.300 alunos.
O Ifes vai funcionar provisoriamente no mesmo espaço onde será instalada a Escola Cívico-Militar, que começará a ter aulas em 2022. O Ifes também terá aulas a partir de fevereiro do próximo ano. Os alunos da Escola Cívico-Militar terão aulas no período matutino e vespertino, enquanto o Ifes receberá seus alunos no período noturno, até que a sua unidade esteja construída numa área de cerca de 100 mil metros quadrados, próximo ao Porto Central.
“O Ifes vai ter três eixos: tecnologia, logística portuária e comércio exterior. O MEC leva em consideração o perfil da região onde a unidade está instalada”, explica Dorlei Fontão.
De acordo com o prefeito, hoje, o perfil econômico de Presidente Kennedy tem como base o agronegócio. Entretanto, o que vai prevalecer com o Ifes é uma visão de futuro: “As cidades de Cachoeiro e Alegre já possuem unidades do Ifes para atender também o agronegócio. Quando o Porto Central entrar em operação, nosso município passará a ter novo perfil econômico”.
Para 2022, Presidente Kennedy vai adquirir uma área para a construção do pólo industrial do município. “O Porto Central é um grande parceiro do município. Esse empreendimento vai trazer novas empresas e mais empregos”.