Causa estranheza o isolamento a que está sendo submetido o secretário de Estado da Segurança Pública, delegado federal Rodney Miranda, desde que foi instalada a crise institucional entre ele e o Alto Comando da Polícia Militar.
Desde que a crise se tornou pública, em 26 de outubro – quando coronéis da ativa pediram a saída de Rodney –, o governador Paulo Hartung (PMDB) não tem se manifestado publicamente sobre o assunto.
Nem tem feito discurso, em solenidades às quais aparece, para defender seu secretário. Se faz a defesa em discursos, ela não é divulgada por sua assessoria.
Hartung teve uma reunião com um grupo de coronéis da ativa, mais o comandante geral da PM, coronel Oberacy Emerich Filho, e o próprio secretário Rodney, mas não falou com a imprensa sobre o que discutiu com os oficiais. Fontes extraoficiais informaram, porém, que o governador teria dito apenas que não aceitaria indisciplina entre os oficiais.
A crise entre o Alto Comando da PM e o secretário Rodney se deve ao livro “Espírito Santo”, escrito pelo secretário, o juiz Carlos Eduardo Lemos Ribeiro e o sociólogo carioca Luiz Eduardo Soares.
O livro, segundo os autores, revelam bastidores das investigações do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, ocorrido em 24 de março de 2003, em Itapoã, Vila Velha.
Os militares alegam que Rodney teria denegrido a imagem da PM e acusado policiais – inclusive um coronel – de suposto envolvimento na morta do juiz, sem que tivessem sido citados nas investigações policiais.
Na verdade, dois sargentos já foram condenados pela Justiça pela acusação de intermediar a morte do juiz e o coronel da reserva Walter Gomes Ferreira responde a processo pela acusação de ser um dos mandantes.
Até mesmo os secretários estaduais mantêm silêncio e preferiram não sair, até o momento, em defesa de Rodney na briga com o Alto Comando da PM.
Na Assembleia Legislativa a situação também não é diferente. Três deputados – Josias Da Vitória, que é cabo reformado da PM; Aparecida Denaday; e o Sargento Valter – já usaram a tribuna da Casa para criticar o secretário. Josias da Vitória, inclusive, pediu também a exoneração de Rodney.
Nenhum outro parlamentar da base aliada usou o plenário para defender o secretário. Até mesmo o líder do governo na Assembleia, deputado Paulo Roberto, fica em silêncio. Silêncio, aliás, que não se vê do deputado quando o criticado em plenário é, por exemplo, o secretário de Estado da Saúde, Anselmo Tosi, que sempre é bombardeado pelo deputado Euclério Sampaio.
Resta saber até quando o secretário Rodney Miranda vai agüentar o processo de “fritura” a que está sendo submetido.