Nos idos de 2021 o Conselho de Inteligência dos EUA lançou um muito interessante estudo acerca do ano 2040. Seu nome: “Global Trends 2040”. Busca-se, nele, apresentar de forma consistente os cenários mais prováveis para o futuro próximo.
Um dado trecho chamou-me a atenção de modo especial. Transcrevo-o, em tradução livre.
“Ao longo dos próximos 20 anos o sul da Ásia, a América Latina, o Oriente Médio e o norte da África serão beneficiados por uma janela demográfica: elevado percentual da população em idade produtiva, contrastando com pequena parcela de menores e aposentados”.
Calculou-se, sobre a América Latina, que o percentual de pessoas na denominada ‘faixa produtiva’ chegará a 65%. Eis aí, sem sombra de dúvidas, uma excelente notícia – a desmentir, inclusive, muito do que se falou recentemente acerca da necessidade de uma reforma previdenciária urgente diante do envelhecimento de nossa população.
Há, porém, um sério alerta: “Estas oportunidades para um maior crescimento econômico apenas serão plenamente aproveitadas se os trabalhadores forem adequadamente treinados e encontrarem empregos”.
Os empregos existem. Vejo cotidianamente a busca por profissionais qualificados – de pedreiros a programadores de computador é imensa a demanda. Demanda, porém, não atendida – em uns 69% dos casos, segundo a CNI. Por que será?
Lembrei-me, imediatamente, do professor Jacques Zeelen, da Universidade de Gulu, em Uganda. Segundo ele, “a educação está causando pobreza e desemprego”. Explicando esta aparentemente absurda afirmação, ponderou ele haver “um desencontro entre o sistema educacional e o mercado de trabalho”, do qual resulta uma geração preparada para empregos que não existem e despreparada para os que existem.
Fui à janela. Contemplei o meu país. Vi, não sem um aperto no coração, nossa juventude (uns 40% dela) sendo a cada dia mais empurrada para atividades absolutamente incompatíveis com a formação que receberam – há que se sobreviver, afinal! Cito mais um número: 71,6% dos nossos jovens estão despreparados para o mercado de trabalho – leia-se, para os ‘empregos que existem’.
Enquanto isso padece a economia. Nosso país perde mais uma oportunidade – outra de tantas que já deitamos fora. Acorda, Brasil! Preparemos ‘ontem’ nossos jovens e salvemos nosso amanhã.