Mais uma triste estatística para o Espírito Santo na área de segurança pública. O Estado ocupa a quarta colocação em pontos de prostituição infantil nas rodovias federais.
A informação consta no Mapeamento de Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais 2009/2010, divulgado nesta quarta-feira (06/10) pela Polícia Rodoviária Federal, segundo o site da própria PRF.
O estudo foi feito pela PRF em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, a Organização Internacional do Trabalho, e a Childhood Brasil.
Segundo relatório da PRF, o Espírito Santo possui em seus 804,2 quilômetros de malha viária federal 48 pontos de exploração sexual contra crianças e adolescentes. Isso equivale um ponto de exploração sexual infantil a cada 16,8 quilômetros de malha viária.
Neste contexto, o Espírito Santo só perde para os estados de São Paulo (com 92 pontos de exploração sexual infantil a cada 11,6 km); Rio Grande do Norte (110 pontos a cada 15,1 km); e Rio de Janeiro (98 pontos a cada 15,1).
Uma sugestão: a Polícia Civil capixaba possui uma delegacia que investiga crimes cometidos contra crianças e adolescentes. Caberia a ela ter acesso ao mapa e preparar uma grande ofensiva contra quem controla os pontos de exploração sexual infantil no Espírito Santo.
Um trabalho em conjunto com a própria PRF e com a Diretoria de Inteligência da Polícia Militar poderia dar resultado positivo.
O mapa foi apresentado durante seminário realizado em São Paulo. A quarta edição do relatório traz novos critérios para a identificação dos locais de risco, garantindo consistência ao resultado final, e oferecendo maior eficiência no trabalho de enfrentamento desta prática criminosa, segundo informa o site da PRF.
A nova metodologia possibilitou também que todos os dados fossem coletados de forma padronizada pelos postos da Polícia Rodoviária Federal, com critérios objetivos e recursos informatizados.
De acordo com a pesquisa, em 66 mil quilômetros de rodovias federais foram detectados 1.820 pontos de risco, sendo 67,5% deles em áreas urbanas.
Ao contrário das edições anteriores, os locais identificados pelos agentes da PRF não serão divulgados, para impedir que ocorra a migração dos criminosos e preservar futuras ações repressivas.
Outra novidade apresentada pela quarta edição do mapeamento é a utilização de níveis de risco para classificar os pontos vulneráveis à exploração sexual. Os agentes da PRF, que realizaram o trabalho de campo, preencheram um questionário em cada local visitado.
Como as respostas tinham valores distintos, foi possível atribuir diferentes graus de risco aos pontos identificados – baixo, médio, alto e crítico.
“Esta gradação é fundamental para as ações preventivas e repressivas realizadas pela Polícia Rodoviária Federal. Utilizando a escala de risco, a PRF pode definir locais prioritários para enfrentamento, deslocando efetivo e solicitando apoio a outros órgãos para combater o problema”, defende o inspetor Hélio Derenne, Diretor Geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal.
Os indicadores mais representativos para definição do nível de risco foram: existência de prostituição de adultos, ocorrência de exploração sexual de crianças e adolescentes com base em relato policial nos últimos dois anos, registro de tráfico/consumo de drogas nos últimos 24 meses, e presença constante de crianças e adolescentes no local visitado.
Outros fatores como comércio de bebidas alcoólicas, presença de caminhoneiros e existência de iluminação também foram considerados para definição do grau de risco.
Alguns dados sobre o mapeamento:
– Os cinco estados com maior número de locais vulneráveis são justamente os que detêm as maiores malhas viárias. Juntos, possuem 45,7% dos pontos;
– 45,9% dos pontos concentram-se nos principais eixos rodoviários do País;
– De maneira geral, os pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes ocorrem com maior frequência nos corredores de escoamento de riquezas. Estradas que ligam regiões mais desenvolvidas a outras menos desenvolvidas;
– A maioria dos pontos de ESCA (67,5%) encontra-se em áreas urbanas. Nestes locais, o volume de veículos em circulação e a facilidade de interação entre vítimas e agressores prejudicam o trabalho de enfrentamento;
– Existe relação direta entre consumo de drogas – lícitas e ilícitas, prostituição, e presença de caminhoneiros com a ocorrência de pontos vulneráveis à ESCA;
– A exploração sexual de crianças e adolescentes está quase sempre associada a outras práticas criminosas, como furto, exploração da prostituição, tráfico de seres humanos, venda e consumo de drogas.
Mais informações podem ser obtidas no site da PRF. O link abaixo mostra os resultados finais da pesquisa
http://www.dprf.gov.br/extranet/Mapeamento2009_2010.pdf