O presidente do Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Estado do Espírito Santo (Sindipol/ES), Jorge Emílio Leal, defende em artigo enviado ao Blog do Elimar Côrtes a necessidade de todos continuarem unidos em prol da valorização dos operadores de segurança pública capixabas em 2018.
Ao fazer um balanço de 2017, ele diz que o governo Paulo Hartung novamente arrochou os policiais e mais uma vez, na sua avaliação, tratou com descaso a segurança pública.
“O reflexo aparece nos números e a população capixaba é a maior prejudicada: aumentaram-se os índices de homicídios e subiram assustadoramente os crimes contra o patrimônio”, sintetiza Jorge Emílio, que, no entanto, defende que o governo dialogue com os policiais e aplique uma política de valorização.
Abaixo, a íntegra do artigo de Jorge Emílio Leal
Que 2018 seja o ano do diálogo e da valorização dos policiais capixabas
O ano de 2017, que ora se finda, foi mais um daqueles intermináveis que se seguiram desde janeiro de 2015. Há três anos, o governador Paulo Hartung, um economista liberal, que não tem lá muita preocupação com o social, assumiu o governo do Espírito Santo pela terceira vez. E, logo de cara, demonstrou que, para os operadores da segurança pública, ele seria, de novo, um carrasco. O reflexo aparece nos números e a população capixaba é a maior prejudicada: aumentaram-se os índices de homicídios e subiram assustadoramente os crimes contra o patrimônio.
Nós, do Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Estado do Espírito Santro (Sindipol), temos denunciado e provocado o Judiciário sobre diversos temas relativos à falta de estrutura da Polícia Civil. Junto com o Ministério Público Estadual e o Ministério Público do Trabalho, entramos com diversas ações – e já obtivemos sucesso na maioria delas – que visam, sobretudo, melhorar as condições de trabalho dos policiais e, mais importante, a melhoria das condições de atendimento de nossa principal clientela: o cidadão comum.
O ano de 2017 foi marcado pelo agravamento da crise na segurança pública capixaba, uma crise causada por anos de desvalorização dos profissionais e pela falta de investimentos do Governo do Estado nas instituições policiais do Espírito Santo. Crise que estourou com o aquartelamento de nossos irmãos, policiais militares, durante 22 dias do mês de fevereiro.
O governo tratou a crise com descaso, com arrogância e prepotência, com perseguições, mas não tocou na ferida: os operadores de segurança pública, assim como todo o funcionalismo público capixaba, estão com seus salários defasados há quase uma década. Com este governo, porém, a situação é pior: desde 2015, quando assumiu o governo, Hartung não repõe sequer as perdas salariais, descumprindo descaradamente as Constituições Federal e Estadual.
Aliás, graças a intervenção do Sindipol, o Pleno do Tribunal de Justiça do Espírito Santo reconheceu, de forma inédita e à unanimidade, que o governador Paulo Hartung descumpre a Constituição, o que poderá gerar, em breve, uma série de ações judiciais contra o Estado para pedido de indenização.
A ausência do Estado se nota dentro das instituições policiais é visível. Faltam policiais civis nas delegacias para trabalhar. Por isso, crimes deixam de ser investigados, policiais ficam sobrecarregados nas unidades, criminosos impunes e a população indefesa. Hoje, a Polícia Civil capixaba tem uma defasagem em seu quadro operacional que supera 60%.
O papel do Sindipol durante a paralisação da Polícia Militar foi destaque em jornais, revistas, blogues, sites e emissoras de televisão do mundo todo. Durante a paralisação, o Sindipol/ES atuou monitorando, esclarecendo e divulgando informações. E, como força sindical legítima, após assembleia da categoria, declarou publicamente que a Polícia Civil do Espírito Santo não entraria em greve em respeito à sociedade, que já vinha sofrendo com a paralisação dos PMs.
Travamos também lutas árduas, neste ano de 2017, em Brasília. A atuação da Diretoria do Sindipol e de todos os Policiais Civis do Espírito Santo contra a Reforma da Previdência foi fundamental para fortalecer o movimento organizado dos operadores de segurança pública do Brasil. Marcamos presenças em diversas manifestações históricas realizadas contra a Reforma da Previdência.
No campo social, um passo importante em 2017 foi a regularização do terreno da sede Recreativa do Sindipol/ES. Em novembro, o Governo assinou um contrato de cessão de uso do espaço da sede recreativa por 20 anos. O terreno onde está localizada a sede recreativa há várias décadas não era regularizado. A formalização da utilização do espaço foi uma grande vitória para o Sindipol/ES e todos os policiais civis capixabas.
Este 2017 foi, portanto, um ano bastante complicado, marcado por perdas, avanços, mas, principalmente, por muita luta. Sabemos que 2018 também será um ano muito difícil. No entanto, o Sindipol/ES vai sempre lutar para garantir melhorias para a categoria policial civil.
O ano de 2018 será marcado, principalmente, por eleições para os Legislativos Estadual, Federal, Senado, Governador do Estado e Presidente da República. Não podemos nos deixar enganar por falsas promessas de candidatos. Muitos aparecerão como salvadores da pátria, como baluartes da segurança pública, como defensores dos interesses dos policiais capixabas e brasileiros.
Nós, policiais civis, sabemos muito bem quem são os políticos que, de fato, se preocupam com a melhoria da segurança pública; reconhecemos, sem dúvida, aqueles que passaram os últimos anos defendendo a bandeira da segurança pública e dos operadores de segurança, e não apenas a de “meia dúzia” de privilegiados. No cenário atual, até aqueles que tratam os policiais capixabas com escárnio já colocam a cabeça de fora como “candidatos da segurança pública”.
Tudo que desejamos, entretanto, é que 2018, que se inicia, seja um ano de valorização para os policiais civis e os demais operadores da segurança pública capixaba num todo. Que 2018 seja o ano em que o governo do Estado aceite dialogar com as categorias policiais.
A luta, portanto, continua e que venha o próximo ano: juntos, somos fortes; unidos, somos imbatíveis.