O ex-governador Renato Casagrande (PSB) esclareceu na manhã desta quarta-feira (12/04) que em 2010 e em 2014 as coordenações das campanhas eleitorais de sua coligação e o PSB receberam recursos financeiros da Odebrecht. Entretanto, os repasses foram efetuados de acordo com a Legislação Eleitoral que, à época, previa arrecadação de empresas privadas aos candidatos.
“Na minha gestão, de 2010 a 2014, a Odebrecht não participou de nenhuma obra contratada pelo governo do Estado do Espírito Santo. A construtora não teve sequer nenhum contrato assinado com o Estado do Espírito Santo”, afirmou Casagrande.
Em 2010, Casagrande foi candidato e venceu a eleição para o governo do Estado, sucedendo a Paulo Hartung (PMDB). Em 2014, Casagrande se candidatou a reeleição e perdeu para Hartung.
“A lista divulgada com os nomes que foram citados pelos delatores da Odebrechet contém o meu como tendo recebido recursos da empresa para as campanhas nas eleições de 2010, 2012 e 2014. Em 2010 e 2014 as coordenações das campanhas e o PSB receberam sim recursos da empresa, de acordo com a Legislação Eleitoral que previa arrecadação de empresas privadas. Nas eleições de 2012 a direção nacional do PSB repassou aos municípios, através da direção estadual, recursos arrecadados das empresas para colaborar com as campanhas de prefeitos”, explicou Casagrande, que acrescentou:
“Faço os esclarecimentos, pois a divulgação na imprensa, em muitos casos, não faz essa diferença do uso dos recursos”. Além do mais, frisou o ex-governador Renato Casagrande, nos seus quatros anos de governo, a Odebrecht não teve nenhum contrato assinado com o Estado do Espírito Santo.
Para Casagrande, as investigações – no seu caso, vão ocorrer no âmbito do Ministério Público Federal do Espírito Santo, já que não possui prerrogativas de foro –, “vão poder provar” que os recursos destinados a sua campanha foram com dinheiro “limpo”. Ou seja, não oriundo de corrupção – desvio de recursos da Petrobras.
Também nesta quarta-feira, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, falou com exclusividade à TV Gazeta e garantiu que as acusações são mentirosas, delirantes e não se mantêm de pé. O peemedebista já fez contato com seu advogado, que deve representá-lo em Brasília. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda precisa decidir se o caso envolvendo o nome de Hartung será investigado.
Na terça-feira à noite, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, acolheu o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que os depoimentos – bem como os documentos juntados na delação – que citam o governador capixaba sejam remetidos ao STJ. No acordo de delação homologado pelo STF, o ex-presidente da Construtora Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva revela que Paulo Hartung teria recebido R$ 1.080.000,00 da empreiteira durante as campanhas eleitorais de 2010 e 2012. Segundo o delator, os “pagamentos indevidos” foram realizados em parcelas nos meses de setembro de 2010 e setembro de 2012. O ministro Edson Fachin quebrou o sigilo dos depoimentos do delator, incluindo o que faz referência aos políticos capixabas.
Na entrevista ao Bom Dia, da TV Gazeta, Hartung disse que “a delação é um disparate”. Ele conta que, nem em 2010 e nem em 2012, períodos em que foi acusado de receber os mais de R$ 1 milhão, participou das eleições. “Estou indignado. Essa delação em relação à minha pessoa não é uma delação, é um delírio. Não tem outra forma de caracterizar”, exclama.
“Os capixabas sabem onde eu estava em 2010, e a citação é de 2010 e 2012. Em 2010 eu estava terminando um governo, o governo mais bem avaliado desse País. Eu não fiz essa organização de campanha eleitoral”, pondera Hartung. “Quando chega em 2012, eu já estou na iniciativa privada, não fui candidato a nada”, explica.
Hartung foi questionado pelo apresentador do Bom Dia ES, Mário Bonella, quanto à quantia de R$ 1.080.000,00. “Eu te dou uma procuração agora para que vocês olhem as minhas contas. Olhem as minhas contas em todos os tempos para acharem esses valores lá, e não vão achar. Eu já estou falando”, afirmou o governador.
“É uma delação de alguém que foi pego cometendo erros que trazem elementos que não ficam de pé. Infelizmente estou tendo que te falar isso”, pontua. Para Hartung, toda a situação é um absurdo e descabida. “Dói muito a alma da gente um trem desse”, finaliza.
(Com informações também do Gazeta Online)