O secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, informou na manhã desta segunda-feira (27/10) que a Sesa está testando mais de 300 patógenos, entre vírus, fungos e bactérias para descobrir a origem dos casos de contaminação registrados na ala oncológica do Hospital Santa Rita, em Vitória. Segundo ele, as investigações realizadas pela Pasta até o momento já descartaram que as infecções possam ter sido causadas por vírus da Covid/19 e da Influenza A e B (gripe). Patógenos são micro-organismos, como bactérias, vírus, fungos, que causam doenças se conseguirem entrar no corpo de um hospedeiro (humano ou animal).
“Já investigamos diversos vírus, como o coronavírus [Covid] e as influenzas A e B, e descartamos essas possibilidades. Agora, estamos investigando bactérias e fungos. Os testes estão sendo realizados no Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES) e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com análise para quase 300 patógenos. Também trabalhamos com a hipótese de uma causa ambiental, motivo pelo qual colhemos amostras de superfícies, de água, mobiliário e do sistema de ar-condicionado”, afirmou o secretário.
Segundo ele, seis pessoas continuam internadas, sendo três em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em decorrência do surto intrahospitalar registrado no Hospital Santa Rita. Em coletiva de imprensa realizada na sede da Secretaria da Saúde (Sesa), Tyago Hoffmann e a coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, infectologista Carolina Salume, atualizaram a situação dos casos. A investigação sobre a causa do surto deve ser concluída até o fim desta semana.
No total, 33 trabalhadores de uma ala de internação oncológica apresentaram sintomas respiratórios semelhantes aos de uma pneumonia. A maioria foi tratada e já recebeu alta. Desse total, seis permanecem internados, em sua maioria em hospitais da Grande Vitória, sob isolamento. Outros 12 contatos dos funcionários que circularam na ala nos últimos dias, que apresentaram sintomas semelhantes, estão internados e sendo monitorados.
Toda a rede de saúde capixaba — incluindo unidades públicas e privadas — está mobilizada para seguir o protocolo estabelecido pela Sesa em casos de sintomas semelhantes aos registrados no Hospital Santa Rita. “Não há novos casos relacionados ao surto desde o último dia 22. Publicamos uma nota técnica que orienta todos os estabelecimentos de saúde a notificar a Sesa ao identificar pacientes com sintomas respiratórios compatíveis”, informou o secretário da Saúde.
“Nossa principal hipótese é de uma causa ambiental, como água e filtro de ar-condicionado em alguma ala frequentada pelos profissionais contaminados. Estão sendo feitas análise da água e amostras de superfície. Ainda não se sabe se veio de fora”, completou Tyago Hoffmann.
A coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Santa Rita, infectologista Carolina Salume, reforçou que não há recomendação de uso de máscaras no hospital: “As contaminações não ocorreram de pessoa para pessoa. Não há risco em frequentar o hospital nem necessidade de uso de máscaras neste momento. O problema ficou restrito à ala de internação onde o surto foi identificado, que, por precaução, está interditada, assim como um centro cirúrgico”, explicou.
Todos os serviços do hospital, incluindo cirurgias, exames e tratamentos oncológicos, estão mantidos normalmente.
O secretário Tyago Hoffmann informou que foi criado, dentro do Hospital Santa Rita, um Centro de Informações, composto por equipes do hospital, da Vigilância Epidemiológica Estadual e do Ministério da Saúde. “Os representantes do Ministério da Saúde estão atuando de forma protocolar, em apoio técnico, conforme as normas nacionais para surtos em unidades hospitalares. Toda a investigação e a condução do caso têm sido realizadas pela Sesa em parceria com o Hospital Santa Rita”, explicou Hoffmann.
Fake news
A Sesa reforça que não há qualquer orientação para o uso de máscaras em locais públicos próximos ao hospital. “Circulam nas redes sociais informações falsas sobre a necessidade de uso de máscaras em ônibus que passam pelas imediações do Hospital Santa Rita, o que não procede”, esclareceu o secretário.
Também são falsas as mensagens que associam o surto à bactéria Legionella spp. “Ainda não há confirmação sobre o agente causador do surto”, enfatizou a infectologista Carolina Salume.
Transparência nos dados
A partir desta segunda-feira (27), a Sesa passará a publicar boletins diários com a atualização do número de pacientes e documentos técnicos sobre o surto no Hospital Santa Rita. As informações serão divulgadas sempre às 17 horas, no portal oficial da Secretaria – aba “Informações de Saúde”: https://saude.es.gov.br/surto-hospital-santa-rita
No mesmo link serão divulgadas notas técnicas e demais normativas relacionadas ao caso.
Saiba Mais
Os primeiros relatos do surto intrahospitalar começaram a ser relatados em 19 de outubro por funcionários da ala oncológica do Santa Rita, com sintomas similares aos de uma pneumonia. Desde então, o hospital reforçou protocolos de segurança, que foram replicados em outras unidades de saúde da Grande Vitória.
No Santa Rita, funcionários infectados foram isolados e um processo de higienização foi feito no espaço. Além disso, pacientes imunodeprimidos — ou seja, com o sistema imunológico enfraquecido e, portanto, mais vulnerável a infecções — foram transferidos para outra ala.




