Maior ídolo do Flamengo na atualidade, o atacante Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia Federal pela acusação de ter forçado um cartão amarelo em jogo contra o Santos, no Brasileirão de 2023, e beneficiado apostadores. Além do craque, foram indiciados Wander Nunes Pinto Júnior (irmão do jogador rubro-negro), Ludymilla Araújo Lima (esposa de Wander) e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima de Bruno. Os três fizeram apostas.
Há, também, um segundo núcleo de apostadores formado por Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Max Evangelista Amorim e Douglas Ribeiro Pina Barcelos – são amigos de Wander, segundo as investigações.
Bruno Henrique e seu irmão Wander foram indiciados no artigo 200 da Lei Geral do Esporte – fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado –, com pena de dois a seis anos de reclusão, e estelionato, que prevê pena de um a cinco anos de prisão.
Os demais foram indiciados por estelionato. A informação do indiciamento foi publicada inicialmente pelo site “Metrópoles”. O Flamengo publicou uma nota n anoite de terça-feira (15/04): “O Flamengo não foi comunicado oficialmente por qualquer autoridade pública acerca dos fatos que vêm sendo noticiados pela imprensa sobre o atleta Bruno Henrique. O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa, valores que sustentam o estado democrático de direito”, diz a nota rubro-negra.
Os investigados foram alvo de uma operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal em novembro de 2024. Policiais federais estiveram em endereços ligados a Bruno Henrique, inclusive no CT do Flamengo. O atleta estava em casa e teve o telefone celular apreendido.
Nos celulares obtidos na operação, a PF encontrou mensagens de Bruno Henrique com outros investigados. Em uma delas, o irmão do jogador, Wander (Foto), pergunta quando ele tomaria o terceiro cartão amarelo, e o atacante rubro-negro responde: “Contra o Santos”.
As investigações tiveram início em agosto do ano passado após operadores de apostas no Brasil relatarem movimentações suspeitas relacionadas ao cartão amarelo que Bruno Henrique tomou no jogo contra o Santos, pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023, disputado em Brasília.
Três casas de apostas soaram alertas. Uma delas apontou que 98% de todas as apostas de cartões daquela partida foram direcionadas para Bruno Henrique. Em outra, o percentual chegou a 95%.
O atacante, que naquele Brasileirão havia sido advertido com cinco cartões amarelos em 22 jogos até então, entrou em campo pendurado contra o Santos. Naquela partida, Bruno Henrique foi amarelado nos acréscimos do segundo tempo após fazer uma falta em Soteldo quando o Flamengo já perdia por 2 a 1. Depois, reclamou e foi expulso pelo árbitro Rafael Klein.
Apesar da investigação, o Flamengo decidiu não afastar Bruno Henrique do time. O atleta se manifestou sobre as suspeitas dias depois, após o título da Copa do Brasil do ano passado.
“Minha vida e a minha trajetória, desde que comecei a jogar futebol, nunca foram fáceis. Mas Deus sempre esteve comigo. Estou tranquilo em relação a isso, junto com meus advogados, empresários e pessoas que estão nessa batalha comigo. Peço que a justiça seja feita”, afirmou.
O caso também foi levado ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) em agosto de 2024, mas o órgão entendeu que os relatos não eram suficientes para a instauração de um inquérito. “A Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador”, diz trecho de comunicado do Tribunal.
O relatório da Polícia Federal deverá ser analisado agora pelo Ministério Público do Distrito Federal, que decidirá pelo oferecimento de denúncia ou não. O MP prevê que possa oferecer nas próximas semanas a denúncia contra o atacante Bruno Henrique. Nesta semana, a Polícia Federal apresentou à Justiça um relatório com 84 páginas em que indicia o jogador e mais nove pessoas.
Há a expectativa de que a denúncia possa ser oferecida até o fim de abril, ou começo de maio, para que a Justiça do Distrito Federal decida se tornará o atleta réu. A fraude teria sido cometida em Brasília, num jogo contra o Santos, no Brasileiro de 2023.