A presidente da Subseção de Cariacica da Ordem dos Advogados do Brasil e candidata à Presidência da Caixa de Assistência dos Advogados do Espírito Santo (CAAES) da Chapa 10, Kelly Andrade, denunciou nesta sexta-feira (08/11) o que chamou de uma série de ameaças e manipulações a que foi submetida por parte do atual presidente da OAB/ES, José Carlos Rizk Filho, candidato à reeleição para um terceiro mandado. Segundo a advogada, Rizk teria utilizado um vídeo pessoal, gravado há mais de dois anos, em um incidente familiar em que Kelly defende seus filhos, para atacá-la publicamente e tentar enfraquecer sua candidatura.
Kelly descobriu que o vídeo foi postado no Instagram em um perfil sem identificação. Segundo ela, esse perfil já foi derrubado. A equipe de campanha da Chapa 10 está tentando descobrir na Justiça quem teria criado este perfil. O vídeo foi gravado em 2022 pelo ex-marido de Kelley e a mulher dele, quando a advogada foi à residência buscar os filhos por conta de confusão aprontada pela madrasta das crianças. O ex-marido de Kelly enviou o vídeo para Rizk Filho, porque, naquela época, Kelly, que já presidia a Subseção da Ordem de Cariacica, já fazia oposição a Rizk.
O episódio, classificado por Kelly como “covarde e desumano”, expôs não apenas ela, mas também seus filhos menores de idade. “Eu sou mãe e daria minha vida por meus filhos. O que esse vídeo mostra é uma mãe defendendo sua filha em um momento de angústia e vulnerabilidade,” afirmou a advogada. “A divulgação disso foi um ato cruel que tenta me desqualificar como mãe, mulher, profissional e gestora.”
A advogada e sua equipe estão tomando as medidas legais para responsabilizar Rizk por difamação e danos morais. A história ganhou repercussão nos grupos de mensagens e redes sociais, com Kelly Andrade recebendo amplo apoio dos advogados e advogadas do Espírito Santo. Kelly Andrade é candidata à presidência da CAAES na chapa liderada por Érica Neves, candidata à presidência da OAB/ES.
Histórico de ameaças
O caso começou em outubro de 2022, quando Kelly recebeu uma ligação de Rizk Filho informando que ele havia recebido o vídeo através de uma mensagem direta no Instagram, enviada pela madrasta dos filhos de Kelly. Rizk insinuou, segundo Kelly, que o material poderia “causar problemas” para ela, sugerindo que o vídeo tinha potencial para prejudicá-la se fosse exposto. Durante a conversa, a advogada afirma que Rizk disse ter apagado o vídeo, mas em novembro do mesmo ano, quando se encontraram para discutir a festa de fim de ano da OAB em Viana, Rizk mostrou o vídeo salvo em seu telefone. “Ele disse, com insinuação ameaçadora, que, ‘em mãos erradas, pessoas ruins podem te prejudicar’, deixando claro que tinha a intenção de usar o vídeo contra mim quando fosse conveniente,” relembra Kelly.
Passados dois anos, na última terça-feira (05/11) Rizk Filho cumpriu a ameaça e espalhou o vídeo em grupos de Whatsapp, segundo Kelly, numa tentativa de minar sua campanha pela Caixa de Assistência. “Estamos em plena campanha, e ele escolheu esse momento para divulgar isso e tentar manchar a minha imagem”, afirmou. Ela enfatizou que Rizk manipulou o vídeo ao insinuar que a discussão retratada seria sobre uma questão banal, “como uma tigela”, desconsiderando o contexto verdadeiro de proteção aos seus filhos.
A advogada acredita que o ataque se enquadra em uma violência política e de gênero, com uma intenção clara de tentar desqualificar sua imagem pública e pessoal. “Esse jogo baixo, essa tentativa de destruir minha imagem e a de minha família, é um tipo de violência de gênero e uma forma de opressão. Eles estão tentando me calar e me enfraquecer, mas não vou ceder,” afirmou. Kelly reforçou que se vê como alvo de uma prática misógina que tenta afastar mulheres de posições de liderança e que o que está acontecendo com ela é “um desrespeito às mulheres, aos homens e às famílias” da advocacia.
Medidas legais
Determinada a não deixar o episódio impune, Kelly Andrade revelou que tomará medidas legais contra Rizk, acusando-o de violar sua privacidade, de causar danos morais e de usar informações pessoais de forma abusiva. “Há mais de dois anos, ele tinha esse vídeo, e agora, no contexto da eleição, resolveu usá-lo de maneira calculada para tentar me prejudicar. Esse tipo de manipulação só reforça que ele não merece ocupar o cargo que ocupa,” criticou. A tentativa de “cancelamento” foi logo frustrada, pois Kelly recebeu inúmeras mensagens de solidariedade e apoio da classe após o ocorrido, e pediu que todos respeitem sua família ao não compartilharem o conteúdo.
“A advocacia precisa refletir sobre o que estamos enfrentando e se realmente queremos essa prática política. Não vamos nos intimidar. Responderei à altura, nas urnas, com a confiança de que os advogados do Espírito Santo entendem o que está em jogo. Somos a maioria, e o bem sempre vence o mal,” concluiu.
Procurada pela reportagem, a líder da chapa 10 e candidata à presidência da OAB-ES, Erica Neves, manifestou-se em defesa de Kelly Andrade e condenou a exposição ilegal e indevida do vídeo, classificando o episódio como um ato de violência de gênero e perseguição. “Essa situação é inaceitável e não atinge apenas Kelly Andrade, mas todas as advogadas, todas as mães e toda a sociedade capixaba. É preciso dar um basta nessa prática de expor a vida pessoal para ferir a dignidade e tentar desestabilizar uma profissional competente e uma mãe dedicada.”, afirmou a candidata.
Em sua fala, Erica Neves defendeu sua aliada e reforçou que Kelly Andrade tem uma trajetória íntegra e que se dedica profundamente à advocacia e ao bem-estar da classe. “Esse tipo de ataque é um reflexo de uma política ultrapassada e nociva, que precisa ser extirpada da nossa instituição. A OAB deve ser um exemplo de ética e respeito, e a advocacia capixaba não tolerará esse desvio de conduta. Estamos ao lado da Kelly e continuaremos firmes na defesa de uma Ordem mais justa e honrada.”, finalizou Erica Neves.