O governador Renato Casagrande (PSB) se reuniu, na manhã desta quarta-feira (04/09), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, em Brasília, a quem convidou para visitar o Espírito Santo. Os dois líderes conversaram sobre melhorias na infraestrutura logística capixaba, especialmente nas rodovias, que vão receber novos investimentos do Governo Federal. Eles citaram a renovação antecipada da concessão para a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que atravessa oito Estados. Segundo o governador, a estrada de ferro é essencial para ligar o Triângulo Mineiro aos portos do Espírito Santo. Casagrande e Lula também falaram sobre o Acordo de Mariana.
Casagrande disse ter convidado o Presidente a conhecer as obras no Porto de Aracruz, em construção no litoral capixaba, que contou com investimento de R$ 2,7 bilhões. “Ele, nos próximos dias, vai marcar uma visita ao Espírito Santo. Começando por Aracruz, para conhecer lá essa obra importante. Até porque lá tem a primeira ZPE (Zona de Processamento e Exportação) privada do Brasil. É uma alternativa para desafogar o Porto de Santos. Nós temos já um corredor pronto com investimento portuário e, no ano que vem, fica pronta a primeira etapa”, afirmou Casagrande.
O governador disse mais: “Tratei com o presidente Lula dos desafios que nós temos em nosso Estado. O Espírito Santo apoiou a Reforma Tributária, mas nós sabemos que temos um Estado com um pequeno poder de consumo, portanto a gente precisa de ser eficiente. E para sermos eficientes, precisamos de solução de gargalos logísticos do nosso Estado com relação às rodovias e também com relação agora à renovação que iniciou do contrato com a FCA [cujo novo contrato prevê investir cerca de R$ 30 bilhões com a conclusão da renovação antecipada da concessão com a União]”.
Casagrande lembrou que a FCA [que atravessa Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Goiás] está renovando o seu contrato no Brasil com o Governo federal e tem uma ligação de Belo Horizonte para o Triângulo Mineiro importantíssima para consolidar um Corredor Centro-Leste que liga Goiás e o Triângulo Mineiro aos portos do Espírito Santo, porque hoje no Espírito Santo é onde há a maior obra portuária do Brasil”.
O presidente Lula e o governador Renato Casagrande discutiram também o acordo judicial sobre o desastre de Mariana, quando o rompimento de uma barragem de rejeitos matou 19 pessoas e causou um dos maiores desastres ambientais do Brasil, em 2015. Casagrande pleiteou com o petista que o acordo inclua a duplicação da BR-262, que liga a Região Metropolitana de Vitória a Belo Horizonte. Segundo o governador, Lula disse estar confiante de que o acordo pode ser fechado ainda neste ano. A disputa judicial envolve os governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo, além das empresas Vale, Samarco e BHP, responsáveis pela barragem rompida.
“O presidente Lula acha que, nos próximos dias, estará fechando esse acordo. Está em contato com o atual presidente da Vale (Eduardo Bartolomeo), com o futuro presidente da Vale (Gustavo Pimenta), para que a gente feche esse acordo ainda neste ano”, declarou Casagrande a jornalistas após o encontro, no Palácio do Planalto. Também participaram o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias.
“Eu pedi para incluir no acordo a duplicação da BR-262, que é um eixo importante para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Espírito Santo”, reforçou ainda o governador capixaba. Para ele, o acordo já está “muito bem construído”, e deve envolver um valor total em torno de R$ 100 bilhões. “Para colocarmos um ponto final em um tema que está aberto desde 2015. Tem gente para ser indenizada, infraestrutura para ser recuperada, cobertura florestal para ser recuperada, saneamento básico para ser feito, e a gente depende desse acordo para dar velocidade”, acrescentou.
O rompimento da barragem causou uma enxurrada de lama que devastou municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo às margens do Rio Doce, até a lama chegar ao mar no litoral norte capixaba. O acordo de indenização que está em curso atualmente envolve a transferência de recursos para um fundo administrado pelo governo federal, que será aplicado em obras nas regiões afetadas.