O Ministério Público do Estado do Espírito Santo protocolou, na tarde de quinta-feira (13/06), no Fórum de Presidente Kennedy, denúncia contra os seis homens acusados de envolvimento no assassinato do vice-presidente da Câmara de Vereadores do Município, Marcos Augusto Costalonga, o Marquinhos da Cooperativa (PL), de 49 anos, crime ocorrido há dois anos. Eles foram denunciados também por duas tentativas de homicídio. Na ação, o MPES mostra que o grupo é liderado pelo empresário e miliciano Gilbert Wagner Antunes Lopes, o Waguinho Batman, que teria mandado matar o vereador para não pagar uma dívida de R$ 4.500,00. A denúncia revela ainda que um dos assassinos era ‘laranja’ de uma empresa pertencente a Waguinho e sua família. A empresa presta serviços a prefeituras do Sul do Estado e o ‘laranja’ é, na verdade, motorista da Prefeitura de Marataízes.
Além de Waguinho Batman (foto ao lado), foram denunciados os executores do assassinato Douglas da Silva Nunes, o Guigo; Pedro Romão Baptista e Rafael Miranda Louzada, o Gardenal; o intermediário entre o mandante e os executores, Elan Martins, vulgo Elan Tatuador (o ‘laranja’); e Everaldo de Almeida Neto, o Bambu. Com exceção de Waguinho, que se encontra foragido, todos estão presos no âmbito da Operação Gatepost, realizada pela Polícia Civil na última segunda-feira (10/06), com apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal de Presidente Kennedy. Na denúncia, o Ministério Público pede à Justiça que os seis sejam pronunciados – julgados pelo Tribunal Popular do Júri da Comarca de Presidente Kennedy. (A foto de Waguinho Batman é uma reprodução do vídeo em que ele deu, mesmo foragido, entrevista ao site Realidade Capixaba, de Guarapari, em que nega ter sido o mandante da morte do vereador).
De acordo com a denúncia do MP, com base no Inquérito Policial presidido pelo delegado Thiago Viana, passavam das 23 horas do dia 27 de maio de 2021, quando Douglas, Rafael Gardenal e Pedro “se associaram criminosamente e sob o comando dos denunciados Gilbert Wagner e Elan”, dispararam mais de 10 tiros contra o veículo – Toytota SW4 Hilux – em que se encontravam o vereador Marquinhos da Cooperativa; sua esposa, Josimara Baioco; e um amigo, Heitor Jorgov Arruda. Um dos tiros atingiu as costas do vereador, causando a sua morte. A intenção do trio criminoso era matar também as outras duas pessoas que estavam no carro. No entanto, Heitor conseguiu se abrigar entre os bancos do veículo, não podendo ser alvejado pelos assassinos porque o carro estava em movimento; e os disparos encontraram matérias resistentes no trajeto em relação a Josimara.
Ainda segundo a denúncia, o motivo do crime foi uma discussão “violenta e com graves ameaças” entre Waguinho Batman e Marquinhos da Cooperativa (foto ao lado), depois que o vereador cobrou uma dívida de R$ 4.500,00 referente à venda de mourões feita pela empresa da vítima para a empresa Lopes do Brasil Construtora LTDA, de “propriedade de fato” do denunciado miliciano Waguinho, em que “Elan operava como laranja”.
O assassinato foi praticado mediante emboscada, já que as vítimas foram surpreendidas na estrada vicinal de Leonel, na zona rural de Presidente Kennedy. No determinado local, os três criminosos emparelharam o veículo HB20, em que estavam, e começaram a atirar. A Polícia Civil apurou ainda que outro intermediário da empreitada criminosa, Everaldo Bambu, estava num campo de futebol society na localidade de Leonel e passava informações sobre a movimentação do vereador e das demais vítimas aos assassinos, que aguardavam dentro do veículo HB20 a saída de Marquinhos da Cooperativa, Josimara e Heitor.
Consta ainda na denúncia que, para empreender o assassinato do vereador, Waguinho Batman contou com seu “laranja” Elan, que teria sido o responsável por contratar os serviços dos demais denunciados. O carro HB20 (placa FPY-0900), utilizado na empreitada criminosa, foi multado pelo radar afixado no km 429 da BR-101 Sul às 23h27 do dia do crime (27 de maio de 2021), poucos minutos após o assassinato – próximo à localidade de Flexeiras e Gromogol, na zona rural de Presidente Kennedy, rota de fuga utilizada pelos assassinos, comprovando que o veículo foi o utilizado no delito.
A placa do carro dos assassinos era clonada (placa FPY-0900), já que a placa verdadeira é PWO-5238 e esse veículo foi roubado no dia 5 de fevereiro de 2021 no Córrego do Ouro, no mesmo município. A Polícia Civil descobriu ainda que Rafael Gardenal e Douglas Guigo acessaram pacote de dados no horário e local próximo ao veículo HB20 foi multado pelo radar afixado no km 429 da BR-101, “provando que os mesmos estavam no veículo utilizado no crime.”
No dia 31 de maio de 2021, quatro dias após o assassinato, Rafael, com a ajuda de mais pessoas, queimou o carro usado para praticar o assassinato do vereador Marquinhos da Cooperativa. O veículo foi incendiado na localidade de Monte Belo, zona rural de Presidente Kennedy. Ele incendiou o carro “com intuito de desviar a relatada linha de investigação, queimando o veículo nas proximidades da propriedade de um produtor rural que teve desavença anterior” com o vereador.
A denúncia do Ministério Público Estadual registra ainda que o contrato social da empresa Lopes do Brasil Construtora Ltda, vencedora no processo licitatório para realização de obra de pavimentação de rodovia vicinal do trecho de Jaqueira a Santo Eduardo, em Presidente Kennedy, possuía como sócio o denunciado Waguinho Batman e seu irmão Alexandre Rubim Lopes. Após alterações, Waguinho “retirou-se da sociedade, contudo, foi admitida a sua esposa…”. Porém, após a quarta alteração contratual da sociedade, em que a esposa de Waguinho já não constava como sócia, foi admitido na sociedade o denunciado Elan Tatuador. Todavia, frisa a denúncia, Elan atuava apenas como o ‘testa de ferro’ e, “porquanto, todas as tomadas de decisões eram tratadas diretamente com o denunciado GILBERT WAGNER, conforme relatado pelos funcionários contratados à época para prestação de serviços no Município”. Finaliza a denúncia: “Sobressalta que o denunciado ELAN não era empresário controlador e sim motorista da Prefeitura de Marataízes”.
O Ministério Público Estadual escreve na denúncia: “Assim agindo, os denunciados GILBERT WAGNER ANTUNES LOPES, ELAN MARTINS BARRETO, DOUGLAS DA SILVA NUNES, RAFAEL MIRANDA LOUZADA, PEDRO ROMÃO BAPTISTA e EVERALDO DE ALMEIDA NETO encontram-se incurso, em tese, nas iras do art. 121, §2º II e IV em relação a vítima Marcos Augusto Costalonga; e art. 121, §2°, IV (2x), na forma do art. 14, II, c/c artigo 29, caput, pelo crime cometido contra as vítimas Josimara Baioco e Heitor Jorgov Arruda e art. 288, todos do Código Penal.”