Em dois momentos distintos, no último sábado (11/11), o governador Renato Casagrande (PSB) chamou a atenção para as próximas eleições – municipais, em 2024; e gerais, em 2026. Nas duas oportunidades, ele destacou que é preciso tomar cuidado com o retrocesso, que, por pouco, não atingiu o Espírito Santo no pleito de outubro de 2022. A primeira fala aconteceu pela manhã, em Santa Maria de Jetibá, onde inaugurou obras e anunciou mais investimentos. Depois, foi em Pedra Azul, Domingos Martins, na casa de eventos Itamaraty, pertencente ao médico e empresário Carlos Manato (PL), justamente seu adversário no segundo turno das eleições de outubro do ano passado. Lá, o governador palestrou no Buy ES, promovido pela Apex Partners, em parceria com a Rede Vitória e o Folha Business, cujo tema central “O Futuro que queremos construir”.
E foi no ambiente de Pedra Azul, onde estavam empresários de várias partes do País, que Casagrande comentou, sem citar nomes, enredos protagonizados por dois de seus adversários na disputa eleitoral de 2022: Manato, derrotado pelo governador no segundo turno do pleito do ano passado, e o secretário de Governo da Prefeitura de Vitória, o economista e empresário Aridelmo Teixeira. Os dois, por sinal, estavam na plateia formada por outros empresários.
“Tivemos um processo eleitoral muito duro e difícil e nosso governo, que vem tendo uma atuação exitosa, quase sofreu uma interrupção. As pessoas passaram a campanha discutindo as questões nacionais, a disputa entre direita e esquerda – de um lado, o então presidente Jair Bolsonaro (PL); do outro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu as eleições presidenciais. Tivemos muitas fake news e ataques de ódio. Por alguns momentos, as pessoas esqueceram a situação local {do Espírito Santo} e nosso Estado correu um risco da descontinuidade; correu o risco de uma ruptura”, disse Renato Casagrande. Manato, que antes já havia cumprimentado o governador, ouviu toda a fala de Casagrande e ficou no evento até o final.
Nessa mesma toada, Casagrande reforçou a necessidade de se ter sempre um Estado organizado, para continuar atraindo investimentos: “O Espírito Santo vai continuar com uma boa gestão fiscal. Temos que dar qualidade de vida à população. Este é um dos compromissos meu e do Ricardo {vice-governador Ricardo Ferraço, presente também no evento de Pedra Azul} até 2026. Temos que cuidar deste Estado para frente. Organizar um Estado é mole, porém, para mantê-lo organizado é mais difícil ainda. Por isso, desorganizar é fácil”.
No primeiro turno das eleições de 2022, Casagrande foi criticado pelos adversários por ter dinheiro em caixa e não realizar obras. Um dos críticos mais ferozes foi Arildemo Teixeira, sentado em uma das mesas do Itamaraty, durante o Buy ES. Nesse aspecto, o governador deu uma aula sobre a importância do Fundo Soberano, esclarecendo, mais uma vez para os empresários os mecanismos da ferramenta:
“O Fundo Soberano é um instrumento muito importante. Hoje, temos R$ 1,074 bilhão alocados e 40% vêm dos royaties do petróleo. Com esses recursos, poderíamos realizar muito mais obras. Quando começamos a receber ataques tínhamos que fazer a defesa do Fundo, por que a ideia de sua criação foi para dar demonstração clara de que temos um Estado organizado; dar demonstração de estabilidade; demonstração de que um governante tem que pensar a longo e médio prazo. Não podemos só vender o almoço para comprar a janta. Podemos pensar mais adiante”, disse Casagrande.
Depois, o governador acrescentou, com mais exemplos práticos: “A gente precisa do dinheiro? Lógico que sim. Mas todo mundo que está aqui, seja como empreendedor ou chefe de família, sabe que, quando pode, tem que reservar alguma coisa para que, no futuro, quando surgir oportunidade possa investir na empresa. Ou, em caso de necessidade, a pessoa possa estar lastreada; do contrário, ficará na lona. Só que aí vieram as críticas, exigindo que tínhamos que fazer investimentos de R$ 500 milhões. Nossa campanha de 2022 foi engraçada, porque eu fui acusado de ter dinheiro em caixa. Pela primeira vez em minha vida eu levei uma acusação por ter dinheiro em caixa. O dinheiro do Fundo Soberano é para momentos de dificuldades e mostrar que possamos pensar mais adiante e não pensar só nos quatros anos de meu mandato. Se eu fosse pensar somente no mandato, iria raspar o tacho, como se diz. Eu poderia até gastar com coisas necessárias, mas o dinheiro do Fundo é para o Espírito Santo dar um sinal claro de organização. Se o Fundo vai ser preservado ou não, depende da vigilância da sociedade capixaba”.
Ainda em Pedra Azul, Renato Casagrande mandou uma mensagem aos empresários, afirmando que no Espírito Santo as pessoas encontram um ambiente de negócios muito bom. Frisou, no entanto, que para se obter um crescimento sustentável, é preciso ter um Estado forte para ajudar os mais necessitados e promover a inclusão de rendas:
“Os Estados subnacionais que se desenvolveram economicamente se tornaram inviáveis para as pessoas mais pobres. No Estado da Califórnia (Estados Unidos), as pessoas que não conseguiram renda média para cima têm dificuldade para sobreviver. Muitas vezes o desenvolvimento de nosso Estado é muito exclusivo, pois não carrega todas as pessoas conosco na mesma direção. Hoje, o Espírito Santo está muito mais eficiente, porém, quando sair da agenda do passado, que é a infraestrutura, dará salto muito mais rápido”, disse o governador, que ensinou:
“Temos que fortalecer a administração pública. Não se trata de torná-la grande, até por que não temos nenhum problema com o setor privado, com quem temos parcerias. Só que o setor privado não resolve problemas de todas as pessoas. Com eficiência e tecnologia vamos fortalecer muito a administração pública do Estado e dos municípios para dar às pessoas, que não têm a mesma capacidade que todos aqui têm, de ter uma renda. A riqueza não pode excluir as pessoas pobres. Temos que incentivar a geração de renda. Ter uma administração pública forte e eficiente para atender quem mais necessita e, ao mesmo tempo, ter um setor produtivo forte”.
Em Santa Maria de Jetibá, mensagem aos eleitores para evitar o retrocesso
Dentro de uma tenda montada ao lado do Museu da Imigração Pomerana, próximo à sede da Prefeitura Municipal de Santa Maria de Jetibá e sob forte calor, Renato Casagrande destacou a premiação recebidas pelos cafeicultores capixabas, dentro do prêmio Coffee of the Year 2023, durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte; falou dos investimentos na cidade e regiões e reforçou o diálogo como forma do Estado continuar crescendo.
“O Governo está presente e à frente para podermos ter uma gestão transparente, competente e séria. Queremos melhorar a vida das pessoas. Esse é o papel dos gestores públicos. Quero entregar, em 2026, um Espírito Santo melhor do que peguei. Isso nos faz trabalhar cada vez mais”, disse o governador.
Ele lembrou ainda que o Espírito Santo é um Estado equilibrado financeiramente, com gestão fiscal Nota A: “Temos uma equipe competente que trabalha. Temos o apoio da Assembleia Legislativa e parcerias com as Prefeituras e as comunidades. Prefeitos de outros Estados têm inveja, no bom sentido, do Espírito Santo. Esse resultado não caiu do céu. O Espírito Santo pode continuar nesse caminho, desde que tenhamos equilíbrio em nossas decisões.”
O governador lembrou também da disputa eleitoral de 2022, em que ele saiu vitorioso na disputa pela reeleição. O resultado do primeiro turno foi o seguinte: Casagrande obteve 976.652; Manato teve 800.598; Guerino Zanon (PSD) ficou em terceiro lugar, com a preferência de 146.177 capixabas; Audifax Barcelos (Rede) teve 135.512 votos; Aridelmo Teixeira (Novo) 15.786; Capitão Vinicius Sousa (PSTU) 4.505 votos; e Claudio Paiva (PRTB) 1.418 votos.
Renato Casagrande, que governou o Estado pela primeira vez entre 2011 e 2014, foi alvo de notícias falsas desde a campanha de 2018 e, nos quatro anos da gestão passada (2019/2022), sofreu centenas de ataques mentirosos nas redes sociais proferidos por adversários políticos, principalmente, os ligados ao bolsonarismo e à extrema direita. Na campanha eleitoral do ano passado não foi diferente. Casagrande, no entanto, saiu vitorioso no segundo turno, sendo reeleito com 1.122.250 votos (53,90% dos votos válidos), contra 959.815 votos (46,10% dos válidos) conquistados por Carlos Manato.
“Por um triz, em 2022 o Espírito Santo não saiu do rumo. Não que eu seja o melhor, mas é preciso que uma gestão público que esteja dando certo tenha continuidade. Por causa da disputa nacional, corremos o risco do retrocesso. Mas a população capixaba me deu mais uma oportunidade para governar o Estado pela terceira vez. Muito obrigado em quem votou em mim e em que não votou também. Um governante precisa governar para todos”, ensinou Casagrande.
Ainda em Santa Maria de Jetibá, ele deu uma mensagem aos gestores municipais e mandou um recado para os autores de fake news: “Os prefeitos, por exemplo, precisam ter diálogo com toda a sociedade, precisam estar sempre de portas abertas. O que se vê é a lacração nas redes sociais; pessoas utilizando-se de fantasias e produzindo fake news, xingando e desmerecendo alguém. Um prefeito pode ter a sua ideologia, mas precisa ser aberto para toda sociedade, ter diálogo com todo mundo. Um adversário não pode ter comportamento de ficar xingando as pessoas”.
Renato Casagrande prosseguiu: “As eleições municipais de 2024 estão chegando. A população de Santa Maria de Jetibá tem que eleger um prefeito que defenda os interesses do município. Em 2026, teremos eleições para governador. Não podemos dar passos para trás. É preciso que tenhamos cuidado também com todo o Espírito Santo. O caminho é a continuidade da gestão que está dando certo.”