A propaganda oficial do ‘site’ JuventudeES, do Governo do Estado, abre o texto com a seguinte informação: “O Centro de Referência das Juventudes (CRJ) é o seu lugar! Aqui, você vai encontrar uma galera disposta a te dar suporte naquilo que você precisa. Está em dúvida sobre o que fazer para gerar renda? Quer entender melhor como fazer uma faculdade? Gosta de desenho e quer fazer curso de animação audiovisual? Ou quem sabe aprender a tocar violão ou fazer teatro? Está a fim de criar um canal no youtube e quer entender melhor como fazer e quais ferramentas existem? Tem um coletivo e quer encontrar uma maneira de gerar renda com as atividades de vocês? Está precisando de um lugar para acessar a internet e encontrar os amigos? Ou quem sabe um espaço para organizar um cineclube ou fazer uma reunião? Quer ajuda para montar um currículo e um portfólio legal? O CRJ traz todas essas possibilidades em um único lugar, que tem a cara das juventudes.”
Não é preciso ir muito longe para entender que a propaganda é real. São 14 CRJs instalados em regiões de alto risco social em 10 municípios do Espírito Santo e estão nos territórios que compõem o Programa Estado Presente em Defesa da Vida. Os Centros são frutos de uma parceria do Governo capixaba com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Eles contam com uma metodologia de trabalho, validada pelo BID, que norteia o projeto para garantir a unidade na execução das ações.
O primeiro CRJ foi inaugurado em 4 de setembro de 2021, ainda em meio à pandemia da Covid/19. Está localizado na Grande Terra Vermelha, em Vila Velha, a atende adolescentes e jovens de toda a região. O segundo é o de Feu Rosa, na Serra, inaugurado em 4 de dezembro do mesmo ano. É de lá que sai um testemunho contundente de um jovem que, na hora que mais precisou de ajuda, foi encontrar justamente dentro do CRJ. Trata-se do agora estudante de Pedagogia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Educador Social Rykardo da Rocha Souza. Foi lá no CRJ de Feu Rosa, onde passou de “atendido” a funcionário, que Rykardo aprendeu voleibol e se tornou artista de teatro. Foi lá também que ele conheceu seus direitos e tomou conhecimento de que poderia fazer as provas do Enem para entrar numa Universidade Federal. E foi aprovado:
“Estou há dois anos no CRJ de Feu Rosa, período que mudou a minha vida”, afirmou o jovem, em depoimento dado no Salão São Tiago, no Palácio Anchieta, na última quinta-feira (14/09), quando a Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDH) realizou um evento dedicado à juventude capixaba, na abertura oficial da programação da XII Semana de Debate contra o Extermínio de Jovens e a etapa final da Caravana Negra Viva, realizada pelo Governo Federal em todo o País.
“Em que o CRJ contribuiu para essa mudança?”, perguntou o jovem para a plateia, formada pelo governador Renato Casagrande (PSB), pela secretária de Direitos Humanos, Nara Borgo, pelo secretário Nacional de Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República, Ronald Sorriso, e demais autoridades capixabas e do Governo Federal, além de dezenas de jovens da maioria dos 14 CRJs. O próprio Rykardo respondeu:
“Meu deram oportunidades; tive formação profissional e, até mais importante, tive conhecimento de meus direitos. E mais: Tive acesso aos meus direitos.”
Rykardo revela ser apaixonado pelo vôlei e lá no CRJ foi acolhido pelo professores Rômulo e Edna, responsáveis pela Oficina de Esporte: “Me inseri no CRJ de Feu Rosa e fui inserido pelos funcionários. Eu passava por um momento difícil em minha vida e o CRJ me acolheu. Os funcionários do CRJ foram essenciais nessa transformação e eles tratam todos os jovens e demais pessoas que lá vão com muito amor e carinho”.
O jovem prossegue com seu testemunho emocionado: “O CRJ defende os nossos direitos. O CRJ, na verdade, é mais do que um equipamento; é um espaço de amor e afeto. O CRJ me ajudou a escolher uma profissão. Graças ao CRJ de Feu Rosa, hoje eu faço Pedagogia na Ufes. Quando falo em direitos, foi no CRJ que tomei conhecimento de que eu poderia fazer o Enem e de forma gratuita”, pontua Rykardo.
“Foi no CRJ que pude realizar outro sonho, que é o teatro. Fiz Oficina de Teatro em Feu Rosa. Depois de formado no CRJ, passei a atuar no órgão de forma voluntária. Certo dia, a coordenadora me chamou e perguntou: ‘Você quer trabalhar aqui?’. Respondi: ‘Claro’. Ou seja, passei de jovem atendido a funcionário do CRJ. Logo depois, minha coordenadora me promoveu a Educador Social. O CRJ é um mediador de sonhos. Os funcionários ajudam a realizar nossos sonhos. É um local acolhedor. Estamos lá para ajudar o ser humano. O CRJ marcou minhas memórias”.
O jovem músico Fábio de Souza Rodrigues Júnior também deu seu testemunho sobre a importância do Centro de Referência das Juventudes em sua vida. Ele é de Terra Vermelha:
“Foi no CRJ de Terra Vermelha que aprendi a praticar skate e hoje disputo competições. Foi de lá também que um de meus amigos saiu como empresário. O CRJ oferece cursos profissionalizantes importantes para pessoas que residem em áreas de vulnerabilidade social. Lá temos acesso ao diálogo com os técnicos e demais funcionários do CRJ”, diz Fábio, que também é vocalista da banda musical do CRJ de Terra Vermelha.
Pesquisa
No mesmo evento em que Rykardo e Fábio deram testemunho, foi apresentado o resultado da pesquisa de avaliação de dois dos 14 Centros de Referência da Juventude instalados em todo o Estado: referente às unidades de Feu Rosa, na Serra, e Terra Vermelha, em Vila Velha. O trabalho desenvolvido pela Secretaria de Direitos Humanos, em conjunto com o Instituto Jones Santos Neves (IJSN) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), valida o sucesso dos CRJs como política pública para as juventudes.
O serviço foi avaliado como bom e ótimo por 92% dos usuários na última etapa da pesquisa, que ouviu os jovens, suas famílias e a equipe técnica dos CRJs e da SEDH. O objetivo da pesquisa, que fez avaliação qualitativa e quantitativa dos Centros, foi acompanhar a implementação e o funcionamento dos espaços, que constituem o principal projeto de prevenção social do Programa Estado Presente em Defesa da Vida, do Governo do Estado, fazendo o monitoramento dessa política pública.