As camisetas pretas, usadas nos últimos 20 anos, foram trocadas pela azul celeste com destaque em verde relva claro e mensagens positivas renovadas. O jeito explosivo e a cara sisuda também deram lugar ao estilo mais maneiro, ar sereno com sorriso de bem com a vida. O ex-senador Magno Malta (PL) ficou quatro anos longe de qualquer cargo político. Procurou ficar ao lado da família, que está na sua campanha para tentar voltar o Senado Federal. Para as eleições de 2 de outubro, ele passou a contar, inclusive, com apoio até de alguns que estavam longe, afastados e descontentes, como o deputado federal e candidato à reeleição Neucimar Fraga (PP) e o ex-vereador e ex-secretário de Segurança em Vila Velha e Serra, seu afilhado político Ledir Porto, do Projeto Vem Viver.
Para amigos e aliados, Magno Malta diz ter adotado o tom paz e amor. Afirma que não vai atacar os demais candidatos ao Senado e que, apesar de seu partido ter o ex-deputado federal Carlos Manato como candidato ao governo do Espírito Santo, também não atacará os demais candidatos, como governador Renato Casagrande (PSB), que é o favorito para vencer o pleito no primeiro turno, segundo as pesquisa de intenções de votos. Para amigos, o ex-senador diz que está mais maduro e flexível e que também não vai girar sua metralhadora para os outros candidatos ao Palácio Anchieta: Guerino Zanon (PSD), Audifax Barcelos (Rede), Capitão Sousa (PSTU), Cláudio Paiva (PRTB) e Aridelmo Teixeira (Novo). Garante, no entanto, que vai apenas reagir, se for necessário.
Em 2018, Magno Malta viveu dias difíceis, carrancudo, falava em tom áspero. Perdeu a reeleição para o Senado. Naquele ano, foram eleitos o delegado de Polícia Civil Fabiano Contarato e o instrutor do CATI Marcos do Val. Quem esteve recentemente com Magno Malta, encontrou um avô, de voz mansa e ouvindo mais do que falando. Embora seja bolsonarista e amigo pessoal do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), Magno Malta procura demonstrar estar acima da bolha do Presidente e garante ter o espírito dessa onda patriótica conservadora, que mudou o Brasil em 2018.
Magno Malta se reconciliou com antigos aliados, como a professora e missionária Márcia Cristina Macedo, a Marcinha, que ele convidou para ser sua primeira suplente. Os dois trabalham juntos há mais de 25 anos e Magno chama de “filha leal”.
Há uma semana, Magno Malta foi à Rede TV, em Vila Velha, onde se encontrou com o empresário Idalécio Carone Filho, candidato ao Senado pelo Agir. Magno tem garantido o apoio de Neucimar Fraga e resgatou o afilhado Ledir Porto, atual secretário de Ordem Pública e Serviços Urbanos da Prefeitura de Viana. Para o seu ex-assessor de imprensa por mais de 10 anos, jornalista Renato Paoliello, a transformação é visível. “Eu pessoalmente só fazia com Magno uma luvinha no ringue e não tivemos problema, mas ele estourava fácil. Estive com ele recentemente, só de não usar mais a camiseta preta foi uma surpresa e, ao lado de muitos ex-inimigos, então senti que realmente a coisa era pra valer”, disse Paoliello.
Ledir Porto trata Magno Malta como seu pai espiritual, mas os dois ficaram anos sem falar por motivos políticos. Agora estão juntos. “Foi com muita oração e fé para reviver este momento de paz com uma pessoa que tanto gosto. Realmente, Magno está no estilo paz, amor e de bem com todos. Tem suas opiniões, não abre mão dos seus valores, mas brandou o coração”, conto Ledir.
Deputado Neucimar Fraga, da base do governador Renato Casagrande, já anunciou que vai votar e pedir votos para Magno Malta. É sinal dos tempos. Tempo de conciliação, diz Neucimar.
Magno entregou a coordenação da campanha para a própria família e obedece às orientações das filhas. Sua equipe são os jovens amigos do Projeto Vem Viver. Amante do MMA, faixa preta de jiu-jitsu e com bom preparo físico, Magno Malta diz estar na fase ‘paz e amor’. Mesmo assim, fica o conselho: não é bom mexer com quem está quieto. Magno Malta, para alguns, sempre será Magno Malta. Porém, sua essência passou por uma boa transformação longe do poder nos últimos quatro anos.