A direção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, que é dirigido pela Organização Social Himaba, informou na tarde deste sábado (30/04) que as duas médicas responsáveis pelo plantão em que ocorreu a morte do adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, foram afastadas. Elas também passaram a responder a um Inquérito Policial pela acusação, em princípio, de negligência, depois de deixar de atender o adolescente, que já estava com internação garantida na unidade hospitalar. O jovem morreu depois de aguardar por cerca de quatro horas, dentro de uma ambulância, vindo de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado, sua terra natal. Ele foi para o Hospital Infantil de Vila Velha justamente porque já tinha garantido sua vaga na unidade.
Em nota, a direção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) lamenta profundamente o falecimento do adolescente Kevinn Belo e informa que registrou ocorrência policial contra o que considera flagrante negligência médica por parte dos profissionais plantonistas. Destaca também que as duas médicas foram afastadas de suas funções.
A direção informa ainda que na segunda-feira (02/05) fará representação junto ao Conselho Regional de Medicina para que a conduta das profissionais envolvidas seja devidamente avaliada. E reafirma que “o HIMABA estava preparado para receber o paciente, com disponibilidade de leito, profissionais e equipamentos necessários ao atendimento.”
A instituição considera inadmissível negligência em qualquer atendimento, já que a premissa do hospital é garantir acolhimento e assistência a todos os pacientes. E informa que garantirá toda assistência necessária à família do jovem Kevinn.
O adolescente Kevinn sentiu se mal em sua casa, em Cachoeiro. Depois de receber os primeiros socorros em uma unidade de saúde, ele foi colocado em uma ambulância e transferido para o Hospital Infantil de Vila Velha, pois a Secretaria de Estado da Saúde já havia conseguido sua internação. Ao chegar na unidade hospitalar de Vila Velha, no entanto, as duas médicas do plantão não atenderam o jovem. Ele chegou por volta dos 30 minutos deste sábado e morreu às 4h30. Após esperar quatro horas por atendimento, Kevinn morreu dentro da ambulância, no pátio do Himaba.
Médicas fogem da Polícia
A Polícia Civil já está investigando a conduta das duas médicas, que foram procuradas por policiais da Delegacia Regional de Vila Velha, em suas residências, para prestar os primeiros esclarecimentos, mas não foram encontradas. Também não atenderam os telefonemas dadas pelo delegado-plantonista, que já ouviu depoimentos de diversos profissionais do Hospital Infantil Vila Velha. As duas médicas poderão ser indiciadas por homicídio.
O próprio delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, está à frente da apuração do caso. No decorrer do sábado, a Polícia Civil ouviu depoimento de funcionários e de um diretor do hospital, além de familiares de Kevinn. Na sexta-feira (29/04), o adolescente foi levado para um hospital de Cachoeiro depois de sentir fortes dores do lado esquerdo do corpo, repiração ofegante e dificuldade para andar.
Foi constatado que o quadro dele era grave e a única vaga em UTI disponível estava no Hospital Infantil de Vila Velha, para onde onde foi transferido. No trajeto da viagem, Kevvin sofreu uma parada cardíaca e chegou com quadro ainda mais grave a Vila Velha. A Polícia Civil foi informada que, mesmo que não houvesse vaga na UTI do Infantil de Vila Velha, as duas médicas do plantão tinham plena consciência de que deveriam fazer o atendimento dentro da própria ambulância, conforme determinam protocolos médicos. Elas, no entanto, se recusaram a atender o jovem.


