O ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (sem partido), em conversa com o presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, sinalizou que vai declinar do convite para concorrer à Presidência da República pelo partido do ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo. A informação foi fada pelo próprio Kassab ao jornal O Globo. A conversa entre ele e Hartung teria ocorrido na terça-feira (29/03). O ex-governador capixaba é o terceiro político a dizer “não” ao PSD, na tentativa do partido de ter candidato próprio na eleição de outubro deste ano.
Gilberto Kassab já havia tido insucesso nas tentativas de convencer o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), e o governador do Rio Grande do Sul (PSDB), Eduardo Leite, a encabeçarem uma candidatura presidencial pelo PSD. Paulo Hartung seria, então, o “plano C” do partido:
“Deixei o Hartung muito confortável após meu convite. Mantemos o projeto da candidatura própria, mas agora vamos ter que conversar internamente para definir um nome”, disse Kassab ao O Globo.
Citado há um mês por Gilberto Kassab como possível candidato pelo PSD, Hartung prioriza a unidade do bloco de partidos que busca furar a polarização entre Lula e Bolsonaro. Na segunda-feira (28/03), ele chamou Eduardo Leite de “melhor governador dessa geração” ao compartilhar o vídeo de sua renúncia no Sul. Leite deixa o cargo de governador com a finalidade de ainda conseguir ser o candidato dos tucanos a presidente. O atual governador de São Paulo, João Doria, venceu as prévias do partido para ser o candidato, mas Eduardo Leite e outros caciques do PSDB esperam mudar o resultado na convenção do partido, já que outras siglas apoiam a candidatura do político gaúcho. Neste caso, Hartung poderia até fazer parte da chapa, como candidato a vice-presidente, embora outros fortes nomes do cenário nacional também reivindicam o cargo.
Paulo Hartung, cita O Globo, já foi entusiasta das candidaturas do apresentador Luciano Huck e de Rodrigo Pacheco — ambos decidiram não concorrer em 2022. Segundo O Globo, embora tenha aberto portas do PSD a aliados, incluindo o pré-candidato ao governo capixaba Guerino Zanon – prefeito de Linhares –, Hartung tem indicado que se manterá fora do cenário eleitoral e tampouco disputará a vaga ao Senado no Espírito Santo: “Meu projeto é ajudar numa construção para unir o centro expandido da política brasileira, e que nos faça sair da armadilha populista”, disse Hartung.
De acordo com o jornal, em meio ao vácuo de presidenciáveis, lideranças regionais do PSD esperam que o Kassab libere de vez apoios ao ex-presidente Lula (PT) ou ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nos Estados.
Na terça-feira, prossegue O Globo, em mais uma negativa a Kassab, o ex-ministro Henrique Meirelles, atual secretário Estadual de Fazenda em São Paulo, desistiu de concorrer ao Senado por Goiás pelo PSD. Uma alternativa para a vaga é o presidente da Assembleia Legislativa goiana, Lissauer Vieira, que deixou o PSB e se filiou também à sigla, com aval de Kassab. Aliado do governador Ronaldo Caiado (União), Vieira e outros nomes do PSD no Estado já mostraram abertura a um palanque com Bolsonaro. No Paraná e no Distrito Federal, o comando local da sigla também acena com alinhamento ao presidente.
Outra baixa nos planos originais de Kassab foi o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que optou por se filiar ao PSB para ser vice de Lula. Em seu lugar, o PSD filiou e lançou ao governo o prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth.