Nos meus tempos de infância dizia-se “fuinha” aquela pessoa afeita a espalhar boatos ou intrigas. Igual denominação recebiam aqueles muito agarrados ao dinheiro. Atualmente pouco ouço falar nos “fuinhas”. Será que desapareceram? Veremos que não.
Encha seus pulmões. Achou o ar poluído? Culpa dos fuinhas. Poderíamos estar vivendo em um mundo infinitamente menos poluído e mais saudável. Já temos tecnologia suficiente para isso.
Geme ao pagar suas contas de energia? Aqui também a culpa é dos fuinhas. Sabemos – e há um bom tempo – como produzir energia limpa e sensivelmente mais barata.
Chora diante das guerras e conflitos que assolam a humanidade? Culpa deles. Dos fuinhas. Temos plenas condições, enquanto humanidade, de estar vivendo em paz.
Está decepcionado com as instituições? Obra dos fuinhas. Nossos serviços públicos poderiam estar em patamares excepcionais, não fosse a ação deles.
Indigna-se com a pobreza e a fome? Acredite: a culpa é dos fuinhas. Nosso planeta já produz – hoje – o suficiente para alimentarmos toda a população. Para proporcionar dignidade a cada ser humano.
Desespera-se com as crises econômicas? Produzidas pelos fuinhas. São mera consequência da ganância desmedida de alguns poucos… fuinhas!
Mas como será que os fuinhas tanto conseguem? Afinal, eles são minoria! É quando entra em cena o atributo “espalhar boatos e intrigas”, que com tanta maestria exercem.
Você já notou que passamos o tempo a discutir apenas as consequências dos problemas, e não suas causas? São eles, os fuinhas, cavando por baixo.
Já reparou que há muita lógica na loucura do cotidiano dos povos? Os fuinhas são assim. Semeiam a confusão e a perturbação, tornando impossível qualquer julgamento sereno da realidade.
Vivemos em um mundo conflituoso e dividido. Fruto da ação dos fuinhas. Vão jogando irmão contra irmão, desviando o olhar de povos inteiros do que realmente interessa.
Decepciona-o a democracia? São os fuinhas. Sem que percebamos vão amesquinhando debates e dificultando a formação e chegada dos artífices do porvir. Os fuinhas são terríveis.
Vá à janela. Contemple o nosso mundo. Perceba, em um momento de serenidade, como poderíamos estar vivendo mais e melhor. E exclame, parafraseando Winston Churchill, que nunca tão poucos – fuinhas, claro – causaram a tantos tanto mal!!