Analisar as peculiaridades de um caso não serve – é mais chique fazer um “distinguishing”. Começar algo é coisa ultrapassada – gente moderna “estarta”. Evento que tem intervalo para um brasileiríssimo cafezinho já era – reuniões modernas têm “coffee break”.
Dar retorno a alguém sobre algo denota provincianismo – gente altamente produtiva dá “feedback”. Fazer liquidação é típico de lojas de segunda categoria – um comércio sofisticado só faz “sales”.
Exportar matéria prima é típico de “repúblicas de banana” – países globalizados exportam “commodities”. Entregar produtos a domicílio? Nem traficantes de droga! Hoje empresas de bom nível só fazem “delivery”.
Central de atendimento? De forma alguma! O sagrado respeito devido aos consumidores exige mais: um “Call Center”. Você está com estafa? Ora, deixe de ser provinciano! Gente moderna só tem “stress” ou “burnout”.
Nestes novos tempos sofrer assédio é brega – gente elegante é vítima de “bullying”. Já não se apaga nada – apenas “deleta-se”, o que deve ser mais eficaz. Palestras? Esqueça! Não levam a nada. Se quiser aprende algo vá a um “workshop”.
Fazer exercício com um treinador pessoal não o manterá saudável – apenas um “personal trainer” poderá ajudá-lo satisfatoriamente nesta meta. Se sua pizza estiver vindo com um entregador deverá estar horrível – coisa que se preste vem apenas com um legítimo “motoboy”.
Esqueça as relações ou classificações – o termo da moda é “ranking”. Jamais coma um cachorro-quente, algo grotesco que nem se compara com a sofisticação de um “hot dog”. O mesmo vale para grelhados: se não forem “grill” serão uma porcaria. Você possui algum centro comercial? Então prepare-se para uma falência – a menos que o ‘rebatize’ imediatamente de “Shopping Center”.
Encerro esta relação com uma insólita expressão constante de documento oficial da administração pública brasileira, quando do lançamento de um novo serviço: “Powered by“ seguida do nome da instituição governamental.
Evitei, ao reunir estes exemplos, termos mais específicos. Apenas citei aqueles de uso claramente desnecessário. A empregá-los não o “Zé Povinho”, mas gente culta – até a administração pública, repito.
Dizem alguns que os EUA estão em declínio. Espero que não seja o Butão a substituí-lo – falar Dzongkha deve ser muito difícil.