O vereador Gilvan da Federal (Patriota) divulgou nota nesta quarta-feira (10/03) em que esclarece o ocorrido na sessão de segunda-feira (08/03) em que ele foi acusado de ter criticado a vereadora Camila Valadão (Psol) por conta da roupa que ela usava na sessão extraordinária da Câmara Municipal de Vitória, realizada em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. O parlamentar garante que em momento algum atacou a colega e nem a tratou com preconceito.
Ele disse que durante a sessão levantou uma “questão de ordem”, instrumento utilizado pelo parlamentar, para suscitar, em qualquer fase da sessão conjunta, dúvida sobre a interpretação do Regimento Interno, Regimento Comum e dos Regimentos subsidiários da Casa.
O vereador Gilvan da Federal esclarece que “as manifestações tendenciosas por parte da imprensa e militantes de esquerda, usando de ardil e vitimismo, distorcendo fatos e construindo narrativas incompatíveis com a realidade, têm o claro objetivo vitimista de afrontar regramentos e enaltecer ideologias de comportamentos incompatíveis com a austeridade do local de trabalho do Poder Legislativo Municipal. Seus discursos vazios e sem argumentos não prosperam e desaguam no mar de mentiras em claro atentado à verdade. Na sessão do dia 08 de março último, três pontos foram indagados por este parlamentar por justo e claro motivo”.
“Creio que os vereadores aqui têm que estar com traje formal e na minha opinião a vereadora (Camila Valadão) não está com traje formal pra sessão”, disse Gilvan, segundo ele, suscitando, assim, a primeira questão de ordem.
De acordo com o parlamentar, o artigo 376 Inciso XVI do Regimento Interno da Câmara Municipal de Vitória diz que “o Vereador deverá apresentar-se nas Sessões da Câmara trajando paletó e gravata, e a Vereadora, formalmente trajada nos dias designados às sessões Legislativas Ordinárias e Extraordinárias, exceto nas reuniões de comissões de que seja membro.”
Na nota de esclarecimento, Gilvan da Federal afirma que “a dúvida é legítima, tendo em vista que o Código de Vestimenta – traje formal – foi instituído por vereadores que antecederam tanto a vereadora Camila Valadão, como o também o vereador Gilvan, ambos em seu primeiro mandado, partindo-se da premissa que todos os vereadores estão sujeitos, em condição de igualdade, ao mesmo Regimento Interno da CMV”.
A segunda “questão de ordem” foi em relação a manifestação política de Camila Valadão: “Gostaria de saber o motivo do adesivo que está no peito da vereadora”. O adesivo usada por Camila dizia: “FORA BOLSONARO!”.
Segundo Gilvan, trata-se de “manifestação política e flagrante ataque em ato atentatório à imagem da autoridade maior da Nação, desrespeito e afronta à instituição da Presidência, bem como incitação à desestabilização política do governo”.
Outra questão de ordem foi quando a vereadora Camila Valadão teria se dirigido aos demais parlamentares como termo “todes”:
“Mais respeito com esse parlamento, questão de ‘TODES’, já que vocês dizem que são da inclusão, eu não me sinto incluído nesse bom dia. Deixar bem claro aqui pra vocês que esse ‘TODES’ não existe e é um desrespeito com esse parlamento”, diz Gilvan da Federal na nota.
Segundo ele, “nosso idioma oficial é a língua portuguesa (artigo 13 da Constituição Federal de 1988), devendo ser esta a língua utilizada pelos parlamentares em suas manifestações em ambientes formais como as Sessões da Casa Legislativa Municipal. A expressão ‘TODES’ não faz parte da norma culta, e mais que isso, atenta contra a língua portuguesa, além de seu uso preterir os deficientes auditivos e visuais, já que para o termo, de acordo com alguns especialistas da linguística, não existe ainda tradução pela intérprete de libras, Surdos teriam dificuldade de fazer a leitura labial da linguagem neutra, como também teriam dificuldade de adaptação, os cegos, tendo em vista que os softwares de leitura não fazem tradução não binária, configurando óbice à política de acessibilidade do Poder Legislativo Municipal e do Plano de Ação, instituídos por meio da Resolução nº 1950/2016.)”
De acordo com Gilvan da Federal, “a questão de ordem foi suscitada de forma muito respeitosa e educada. Não houve ataque, rotulação de gênero, preconceito, pré-julgamento, afronta ou qualquer ato desrespeitoso deste vereador para com seus pares e com o parlamento, tão pouco para com as mulheres ali presentes, as quais, independente de opinião, sempre serão merecedoras do respeito, como a exemplo de outra vereadora, igualmente divergente em diversos entendimentos, mas que naquela sessão estava, como sempre esteve, de acordo com os padrões formais que o regramento exige”.
A blusa usada pela vereadora Camila Valadão era vermelha, de manga comprida no braço direito e expunha o ombro esquerdo. De acordo com Camila, ela já usou a mesma blusa em outras sessões e não gerou polêmica.
“Sobre a minha roupa, não vejo nada e nenhum motivo pelo qual eu não possa usar. Só por que estou com o braço de fora? Aliás, já estive com essa blusa em várias outras sessões, em nenhum momento teve nenhum comentário sobre a minha roupa. Curioso que isso aconteça no Dia da Mulher”, retrucou a vereadora.