Há algum tempo decidiu-se, através do projeto europeu “Life AskREACH”, investigar produtos vendidos em 13 países daquele continente para a prática de esportes. Falamos de coisas banais: bolas de ginástica, tapetes para ioga, utensílios de natação, calçados para ginástica, garrafas desportivas etc.
O resultado foi um escândalo: cerca de 25% deles continham substâncias prejudiciais à saúde. Por exemplo: “Foi detectada a presença de dois plastificantes que estão restringidos na União Europeia desde julho de 2020 por serem tóxicos para a reprodução e interferirem com o sistema hormonal”. Esclareceu-se que “concentrações desses produtos superiores a 0,1% não estão autorizadas no mercado europeu, mas uma bola de pilates tinha uma concentração de 41% e uma “overball” (também para aulas de pilates) uma concentração de 35%”.
Vamos a outro exemplo absolutamente chocante: “Uma corda de exercício continha uma concentração de 2,6% de parafinas cloradas de cadeia curta, que não podem estar presentes em produtos em concentração acima de 0,15%”.
Recordei-me, diante de tais resultados, de uma séria reportagem feita na Arábia Saudita. Eis o seu título: “Os índices de câncer na Arábia Saudita são quatro vezes superiores aos da média mundial em função de produtos contaminados que são importados”.
Li, em dado jornal do Irã, algo preocupante: “Químicos cancerígenos em assentos de carros”. Em outro, de Portugal: “A agência francesa para a saúde confirma que foram encontradas substâncias potencialmente tóxicas em fraldas para bebês, como por exemplo o herbicida glifosato”. E: “Um em cada dois ingredientes dos cosméticos é tóxico”.
Nem os pobres animais escapam. Li na séria revista Veja que “nos EUA e no Canadá uma centena de marcas de comida para cães e gatos teve de recolher seus produtos depois que rações feitas com glúten de trigo chinês mataram dezesseis bichos domésticos”.
Diante deste quadro deveríamos todos meditar. Há algumas décadas condenamos ao fracasso vasta parcela do nosso parque industrial, em promovendo uma “abertura dos portos” pouco regulamentada. Exportamos empregos mil importando confecções, brinquedos, eletrônicos etc. Será que além de danificarmos a saúde de nossa economia estamos danificando também a nossa? Eis aí uma boa pergunta para nossas instituições.