O delegado de Polícia Civil aposentado Custódio Serrati Castellan aproveitou o isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus para trilhar pelos caminhos da literatura. Ele acaba de lançar, pela Sodré Gráfica e Encadernadora, o livro ‘Imigração Italiana – Resgate histórico da família Castellan, uma conversa informal’.
A ideia do livro surgiu quando o autor ainda cursava a Faculdade de Direito, nos anos 80. Ele teve interesse em pesquisar a origem da família, que veio da Província de Pederobba, uma comunidade italiana da região do Vêneto, província de Treviso, no Nordeste da Itália.
O primeiro a chegar ao Brasil foi o bisavô do autor, Luigi Castellan, no século XIX. Seu Luigi veio com a esposa, Margherita Pandolfo; e os quatros filhos: Ângelo Antônio, então com 10 anos, Giovavanni Battista, 6 anos, Virgínia, com 3, e Maria Catterina, 2 anos. Todos nascidos na Itália. A história da chegada ao Espírito Santo é relatada no livro.
O avô de Custódio, Antônio Castellan, nasceu no Brasil, mais precisamente em Matilde, Alfredo Chaves – Região Serrana do Estado –, para onde Luigi e a família foram morar. O pai do autor do livro, Luiz Castellan, também nasceu em Matilde. Já Custódio Castellan nasceu na localidade de Alto Muniz, Nova Venécia, Região Noroeste do Espírito Santo. A mãe do autor se chama Joventina Cocco Castellan, também descendente de italianos.
Conforme o próprio Custódio Castellan informa no prefácio do livro, ele só pôde estudar quando completou 18 anos. Até então, era necessário ajudar os pais e irmãos na tarefa da roça.
Em 18 de agosto de 1971, Custódio, que nasceu em 2 de julho de 1953, teve consentimento dos pais para visitar seu irmão, que residia em Vitória. Arrumou emprego de gari, na Prefeitura, e, assim, conseguiu iniciar os estudos primários.
Formou-se em Direito e fez carreira policial e se aposentou em 2000 como Delegado de Polícia Classe Especial, o ápice da carreira no Espírito Santo.
Depois de aposentado, Custódio Castellan, que sempre teve um engajamento firme e forte no meio sindical-policial, dedicou-se à advocacia e voltou a estudar. Fez Mestrado em Educação na cidade de Lisboa, e está concluindo o Doutorado também em Portugal, com seu projeto de tese já aprovado, em definitivo, pelo Conselho Científico da Universidade.
“Não era meu propósito registrar em um livro ou em qualquer outra obra os conhecimentos históricos adquiridos por mim sobre a família Castellan ao longo de 30 anos de experiências em pesquisas sobre a família. Mas, atraído pelo desafio de narrar e eternizar a trajetória dos antepassados, decidi me lançar nesta empreitada e compartilhar as informações que venho pesquisando desde 1989, justamente o ano seguinte à minha graduação em Direito”, afirma o autor.
Foi durante a pesquisa que ele constatou que a grafia de seu sobrenome italiano estava diferente dos demais membros da família. Até início dos anos 2000, o delegado era conhecido como Custódio Castelani. Em 2003, depois de fazer as devidas checagens históricas, ele conseguiu, na Justiça, alterar o nome para Castellan.
Pelas redes sociais, o autor fez contatos e amizades com outros ‘Castellan’. Até que conseguiram organizar o grande encontro da Família Castellan, nos dias 10 e 11 de agosto de 2019, em Matilde, onde tudo começou no Espírito Santo.
“A partir do encontro e com as informações que eu já tinha, graças às pesquisas feitas, decidi escrever o livro em fevereiro de 2020, dias antes do início da pandemia do novo coronavírus”, diz Custódio.
O livro ficou pronto em meados de outubro. Custódio Castellan passou parte desse período entre Bento Ferreira, Vitória, onde reside; e na casa da família em Guarapari. Passou mais tempo em Guarapari do que na capital capixaba, segundo ele, por orientação dos quatro filhos, sobretudo dos gêmeos Gabriel e Luiz Guilherme, estudantes de Medicina. Custódio Castellan, que é casado com Olívia, investigadora de Polícia aposentada, é também pai de Lívia, que faz Direito, e Felipe Castellan, promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Espírito Santo. Ele e Olívia têm uma netinha, Luísa, fruto do casamento de Felipe com a Paula.
‘Imigração Italiana – Resgate histórico da família Castellan, uma conversa informal’ não é bem uma crônica; é uma história real da Família Castellan.