Quase duas semanas após o assassinato do policial militar da Reserva, advogado e assessor parlamentar Mário André do Carmo Morandi, alguns mistérios chamam atenção, sobretudo, da classe política. O certo é que as investigações estão adiantadas e a Polícia Civil já sabe, inclusive, o que motivou a execução sumária do assessor do deputado estadual Lucínio Castelo de Assumção, o Capitão Assumção (Patrioatas).
Morandi foi executado a tiros dentro de uma padaria em Itapõa, Vila Velha, na tarde de terça-feira (07/07). Ele era lotado no Gabinete do deputado estadual Capitão Assumção. Atuava também como advogado, tanto na esfera Criminal, Trabalhista e Cível. No Criminal, tinha, em sua maioria, suspeitos de tráfico como clientes.
Se as mortes por coronavírus e os casos da doença não foram capazes de mexer com a sensibilidade do deputado Capitão Assunção – vira e mexe ele postava vídeos nas redes sociais menosprezando a gravidade da doença e atacando o governador Renato Casagrande e o secretário Estadual da Saúde, Nésio Fernandes –, o assassinato do assessor Morandi transformou a vida do parlamentar.
Como num milagre divino, Assumção, que se diz membro da Igreja Cristã Maranata, optou pelo silêncio desde aquela trágica tarde de terça-feira, quando o assessor foi abatido por um grupo de extermínio.
O mercado político acreditava que Assumção, que procura sempre um motivo para xingar e culpar seus adversários, além de espalhar notícias geralmente nada verdadeiras sobre o Governo do Estado, fosse espernear e aproveitar as sessões virtuais da Assembleia Legislativa para atacar, de novo, os operadores da segurança pública e seus gestores.
Não. Ele não fez nada disso. Optou pelo silêncio em relação ao assassinato de seu assessor parlamentar. No dia seguinte ao crime, Assumção, numa entrevista ao jornal A Tribuna, disse lamentar a morte de seu assessor André Morandi e pediu por justiça:
“Ele era uma pessoa de muita estima e vai fazer muita falta. Grande parte dos projetos apresentados por mim tinha o ‘DNA’ dele. Espero que as polícias cheguem aos responsáveis, não porque ele era melhor que alguém, mas para que as pessoas vejam que o crime não compensa”, disse Capitão Assumção.
O deputado Capitão Assumção está mais comedido em suas falas no que diz respeito ao assassinato do seu assessor. Em 11 de setembro de 2019, durante discurso em Plenário da Assembleia Legislativa, ele ofereceu R$ 10 mil a quem matasse os assassinos da operadora de Telemarketing Maiara de Oliveira Freitas, 26 anos, crime ocorrido no bairro Antônio Ferreira Borges, em Cariacica.
“Quero ver quem vai correr atrás para prender esse vagabundo. Eu tiro R$ 10 mil do meu bolso para quem matar esse vagabundo. Isso não merece ficar vivo. Eu tiro R$ 10 mil do meu bolso para quem matar esse vagabundo. Não vale dizer onde está localizado, tem que entregar o cara morto, aí eu pago. Essa desgraça não pode ficar vivo”, afirmou o Assumção na época.
Por conta do discurso, ele responde a uma Notícia-Crime instaurada pelo Ministério Público Estadual, mas, preventivamente, já foi ‘absolvido’ por seus colegas da Corregedoria da Assembleia Legislativa.
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha se debruça em diversas causas que podem ter provocado a execução de André Morandi e já tem uma linha mais definida. O certo é que a Polícia Civil não pode divulgar nada por enquanto, para evitar que as investigações sejam prejudicadas.