O senador Marcos Do Val (Podemos) conseguiu repassar R$ 24 milhões para o Fundo Estadual de Saúde do Espírito Santo. Deste montante, R$ 11.792.000,00 foram destinados para a aquisição de 600 mil kits de medicamentos usados para tratamento do novo coronavírus.
São 200 mil kits para a compra de Azitromicina (R$ 4.100.000,00); 200 mil kits de Ivermectina (R$ 5 milhões); e 200 mil kits de Hidroxicloroquina (R$ 1.692.000,00).
O próprio senador, depois de se curar do coronavírus, se convenceu da importância da Hidroxicloroquina no tratamento da doença enquanto ela está na primeira fase: “Quando fui submetido aos sintomas do novo coronavírus, no final de maio, fui orientado pelos médicos a fazer uso da Hidroxicloroquina. Fiquei tomando o medicamento, em casa, por cinco dias. Fiz o isolamento e a quarentena e me recuperei, sem necessidade de ficar internado”, relatou o senador.
Apesar de recomendada pelo Governo brasileiro, a Hidroxicloroquina foi desaconselhada pela Organização Mundial de Saúde diante dos altos índices de mortalidade ainda durante a fase de pesquisas. No entanto, na última sexta-feira (10/07), o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo divulgou nota em que defende a implantação do tratamento precoce, com o uso da cloroquina, para evitar o agravamento da Covid-19.
A defesa da decisão, aprovada em reunião plenária realizada dois dias antes, foi também apresentada pelo coordenador do Comitê de Crise do CRM-ES no Enfrentamento do Coronavírus, conselheiro Paulo Gouvêa.
Em ofício encaminhado ao secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes de Medeiros Junior, no dia 6 de julho, o senador Marcos Do Val relata que “a Portaria do Ministério da Saúde n° 1.666, de 1° de julho de 2020, dispõe sobre a transferência de recursos financeiros aos Estados para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da Coronavírus – COVID-19, no valor total de 54.719.000,00”.
O senador informa ainda que do total desses recursos, ele indicou o valor de R$ 24 milhões para o Espírito Santo, que estão sendo distribuídos da seguinte forma:
São Mateus: Hospital Maternidade São Mateus – R$ 1.900.000,00
Colatina: Hospital São José – 1.000.000,00
Aracruz: Hospital Maternidade São Camilo – 1.000.000,00
Cachoeiro de Itapemirim: Hospital Infantil Francisco de Assis – 1.500.000,00
Guaçuí: Hospital Santa de Misericórdia – 1.000.000,00 Castelo Hospital: Santa Casa de Castelo – 500.000,00
Vitória Hospital da Polícia Militar (HPM) – 1.000.000,00 Vitória: Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória – 2.000.000,00
Vitória: Hospital das Clínicas – 2.000.000,00
Vila Velha: Hospital Evangélico – 2.000.000,00
Vitória: Medicamento Azitromicina – 200 mil Kits – 4.100.000,00
Vitória: Medicamento Ivermectina – 200 mil Kits – 5.000.000,00
Vitória: Centro de Pesquisa da Universidade de Vila Velha (UVV) – 1.000.000,00
Centro de Comando e Controle (CCC) da Covid-19: Hidroxicloroquina: 200 mil Kits – 1.692.000,00
Médicos recomendam a Hidroxicloroquina somente na primeira fase do coronavírus, explica senador
Pesquisas científicas apontam que o coronavírus atua em três fases na pessoa contagiada. Na primeira fase, os sintomas são idênticos ao de uma gripe. Na segunda fase, o quadro se agrava e a pessoa perde o paladar e oxigênio, tendo, assim, dificuldade em respirar, pois o vírus ataca os pulmões. Nesta fase, a pessoa precisa ser internada. A terceira fase é a mais grave, quando o contaminado precisa ser entubado em uma UTI.
O senador Marcos Do Val faz parte de um grupo de 100 médicos capixabas que defendem o uso da Hidroxicloroquina somente na primeira fase da doença:
“Está comprovado cientificamente que a Hidroxicloroquina pode ser usada na primeira fase da doença. Repito: tão somente na primeira fase; jamais na segunda e terceira fases. No entanto, algumas autoridades da área da Saúde e alguns governantes, que são contra esse medicamento, só apresentam pesquisas que falam que a Hidroxicloroquina faz mal na segunda a terceira fases. Isso é verdade. Mas essas mesmas pessoas jamais citam pesquisa dizendo que a Hidroxicloroquina também faz mal na primeira fase, pois não existe tal pesquisa”, pondera Marcos Do Val.
A Hidroxicloroquina e a Cloroquina possuem o mesmo composto químico. Porém, o primeiro é mais leve. Pesquisas indicam também que, no início da pandemia, as pessoas contaminadas estavam fazendo uso da Hidrocolorina na segunda e terceira fases da doença, o que é danoso. “Por isso ocorreram óbitos decorrentes do uso incorreto do medicamento”, disse Marcos Do Val.
Por isso, a indicação do senador para que o Espírito Santo passe a contar com os 600 mil kits da Hidroxicloroquina, Azitromicina e Ivermectina. Segundo Marcos Do Val, os médicos explicam que a Hidroxicloroquina e Azitromicina, segundo, todavia, orientação médica.
Já o medicamento Ivermectina é receitado para os assintomáticos, como forma de prevenção para as pessoas que tiveram contato com outras contaminadas pelo Covid-19. Da mesma forma, explica o senador, seguindo orientação do médico.
Tão logo se livrou do vírus, no final de maio, Marcos Do Val entrou em contato com o único laboratório privado – Apsen Farmacêutica– do Brasil que produz a Hidroxicloroquina. O senador queria saber por que as cartelas do medicamento continham 14 e 30 comprimidos, enquanto, para uso no tratamento ao coronavírus, apenas seis comprimidos são necessários.
A empresa respondeu que há 30 anos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária impedia a produção do medicamento com seis comprimidos. Do Val, então, encaminhou ofício à Anvisa, solicitando a produção de cartelas com seis comprimidos e foi atendido.
O senador afirmou ter tomado, por determinação médica, a Hidroxicloroquina e o Azitromicina, pois seu exame deu inconclusivo e o médico fez uma avaliação clínica, entendendo que seria melhor que Marcos Do Val fosse submetido aos remédios porque se encontrava na primeira fase da doença.
Ele voltou a lamentar a politização do uso dos remédios no combate à pandemia do Covid-19 , como vem fazendo o presidente da República, Jair Bolsonaro, e outros políticos:
“Eu passei a defender o uso do remédio depois que fui contaminado. Antes eu não falava nada. Nunca fiz campanha. Acho um crime a politização desses medicamentos”, disse Marcos Do Val.
CRM-ES defende responsabilidade médica e tratamento precoce
Em reunião realizada na tarde da última sexta-feira (10/07), na sede do CRM-ES, em Bento Ferreira, Vitória, com a presença da imprensa, deputados representantes da Frente Parlamentar e da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, e do senador Marcos Do Val, o presidente do CRM-ES, Celso Murad, apresentou as justificativas que levaram a autarquia capixaba a defender a implantação do tratamento precoce para evitar o agravamento da Covid-19. O tratamento precoce é na primeira fase da doença, relatada por Marcos Do Val.
A defesa dessa decisão, aprovada em reunião plenária realizada no dia 08/07, foi também apresentada pelo coordenador do Comitê de Crise do CRM-ES no Enfrentamento do Coronavírus, conselheiro Paulo Gouvêa. Na próxima semana, Celso Murad e demais representantes do Comitê debaterão esse assunto com o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
Segundo o CRM, o Espírito Santo vem apresentando um grande aumento no número de casos confirmados de Covid-19, acompanhado por um crescimento expressivo na ocupação de leitos hospitalares nas últimas semanas.
Mesmo com as recomendações de medidas de isolamento social, com o aumento da capacidade instalada de leitos de UTI no SUS e na rede privada e o atendimento de terapia intensiva adequado, a doença não é uma simples virose e pode evoluir com gravidade em até 5% dos casos, com altíssima mortalidade nesse grupo de pacientes.
Ainda de acordo com o CRM, embora os ensaios clínicos randomizados prospectivos sejam a maneira mais fidedigna e confiável de atestar a efetividade de um tratamento farmacológico, tais trabalhos demandam tempo para seu delineamento e publicação. Até o momento, há muitos estudos em andamento para o enfrentamento à pandemia de Covid-19, mas nenhum deles, de fato, está concluído.
Por este motivo, o CRM/ES reforça a autonomia do médico na prescrição do melhor tratamento possível, neste momento, e faz recomendações, que seguem, para o enfrentamento da pandemia.
Frisa o CRM que a Declaração de Helsinki, documento editado pela Associação Médica Mundial, norteia os princípios éticos da pesquisa em seres humanos. Um de seus artigos estabelece que “no tratamento de um paciente, quando intervenções comprovadas não existirem ou forem ineficientes, o médico, após buscar ajuda especializada e com consentimento informado do paciente ou seu representante legal, pode recorrer a intervenções não comprovadas que em seu julgamento ofereçam esperança de salvar a vida, reestabelecer a saúde ou aliviar o sofrimento. Quando possível, tais intervenções devem ser objeto de pesquisa, desenhada para avaliar segurança e eficácia. Em todos os casos, tais informações devem ser registradas e, quando apropriada, publicadas”.
No mesmo sentido, o Conselho Federal de Medicina editou o parecer CFM 04/2020, pelo qual reconhece que diante da excepcionalidade da situação não cometerá infração ética o médico que utilizar de medicações ainda não fundamentadas por “amplos” estudos para o tratamento de pacientes portadores da COVID-19.
Tratamento precoce
No intuito de oferecer alguma terapêutica para evitar o agravamento da Covid-19, alguns protocolos terapêuticos foram emitidos por organizações como o Ministério da Saúde e algumas secretarias estaduais e municipais de saúde e sociedades de especialidades que porventura elaboraram protocolos dirigidos ao atendimento na Fase 1 da enfermidade.
Tais protocolos, desenvolvidos por médicos na linha de frente, vêm apresentando relatos de evolução favorável, com redução dos sintomas e, consequentemente, das internações hospitalares e óbitos.
Muitos destes fármacos são conhecidos há muito tempo na prática médica, sendo usados há décadas com conhecida segurança e baixa incidência de efeitos colaterais graves.
Os relatos de sucesso são congruentes no sentido de que a efetividade dos medicamentos com propriedades antivirais, se presente, ocorre nas fases iniciais da doença (até o 5º dia de sintomas).
Considerando que tais tratamentos apresentam potencial benefício quando implementados nos primeiros dias da doença, recomendamos que “a orientação para que as pessoas aguardem pelo aparecimento de falta de ar ou sintomas de gravidade” deve ser revista.
Cabe aos gestores públicos assegurar que a população tenha acesso à avaliação médica no início do quadro, com a devida análise individual e dos fatores de risco, quando ainda estiverem apresentando os sintomas iniciais da doença, como febre baixa ou ausente, cefaléia, tosse seca, poliúria, diarreia, anosmia, ageusia, cefaleia, dor de garganta, coriza, mal-estar, cansaço, dor retro-ocular e fadiga.
O CRM solicita, ainda, que haja racionalidade na testagem para a confirmação laboratorial da Covid-19. A realização de testes sorológicos no início da doença, provavelmente, apresentará resultado falso negativo e pode trazer confusão para pacientes e médicos envolvidos em seu tratamento, sendo RT-PCR o exame padronizado para diagnóstico laboratorial na primeira semana do quadro – como tem havido demora na entrega dos resultados, nem sempre será possível aguardar o resultado para iniciar o tratamento precoce, aproveitando a estreita janela de oportunidade.
O CRM solicita aos gestores para que envidem esforços para viabilizar aos médicos e pacientes interessados em adotar tratamento precoce os meios para tanto, disponibilizando medicações e recursos de diagnóstico complementar necessários.
“Diante do exposto, o CRM-ES reitera a necessidade de proteção à autonomia do médico que, no atual contexto, considere adequado o emprego de tratamento medicamentoso precoce, em decisão compartilhada com o paciente ou com o seu representante legal”.
“O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo reafirma seu compromisso com a saúde da população e a autonomia dos médicos capixabas, podendo modificar estas recomendações a qualquer momento, na medida que novas evidências científicas surjam no combate a esta pandemia.”
(Com informações também do Portal do CRM/ES)