O presidente estadual do PSL, o ex-deputado federal e empresário Carlos Manato, pelo jeito está tendo dificuldades para sair do seu inferno astral. Nomeado braço direito do presidente Jair Bolsonaro no Espírito Santo, em janeiro de 2019, logo ele perdeu o cargo sob alegação de que nada estava fazendo para ajudar o Presidente da República no Congresso Nacional. Para o Movimento Conservador Espírito Santo, Carlos Manato traiu os ideais do presidente Bolsonaro e todo o bolsonarismo ao se comportar como político tradicional e pragmático.
Em junho de 2019, Manato foi exonerado pelo presidente Bolsonaro do cargo de da chefia da Secretaria Especial para a Câmara da Casa Civil. A exoneração se deu a pedido do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Antes, Manato já havia se envolvido em um escândalo sexual com uma comerciante capixaba. Manato é casado com a deputada federal e médica Doutora Soraya.
Manato manteve-se no PSL, de onde Bolsonaro e boa parte dos bolsonaristas já se desligaram para criar um novo partido, o Aliança Pelo Brasil.
No Espírito Santo, os deputados estaduais que antes davam guarita a Manato – e vice versa – parece que buscam a independência. À revelia do chefe, eles aderiram à campanha de recolhimento de assinaturas de apoiamento à criação do Aliança Pelo Brasil.
À coluna Plenário de A Tribuna desta quinta-feira (09/01), Carlos Manato diz que terá renovado seu mandato para presidir o PSL no Estado. No entanto, terá de se afastar para resolver problemas pessoais e para cuidar de sua pré-candidatura ao cargo de prefeito de Vitória. Em seu lugar assumirá o vice-presidente da legenda, Amarildo Lovato.
Manato, agora, quer contrariar Capitão Assumção
Desta forma, Manato entra na disputa pela poder na capital, junto com o até então seu aliado, o deputado Capitão Assumção, que ainda está no PSL e que foi um dos coordenadores do recolhimento das assinaturas de apoiamento do Aliança Pelo Brasil, na quarta-feira (08/01), em Jardim, Camburi, Vitória. Ação que teve ainda o apoio dos deputados Torino Marques e Delegado Danilo Bahiense, ambos também ainda no PSL. O evento, segundo Assumção, foi um sucesso.
O inferno astral político de Carlos Manato, entretanto, já dura há algum tempo. Queridinho de alguns operadores da segurança pública – por achar que ele é intimamente ligado ao presidente Jair Bolsonaro e por ter integrado os quadros da Scuderie Detetives Le Cocq –, Manato perdeu espaço nos movimentos capixabas que apoiam o Presidente da República e seus ideais.
É o caso do Movimento Conservador Espírito Santo, que nasceu de um movimento de direita e que rompeu com Carlos Manato. Uma das lideranças do Movimento Espírito Santo, Gilvan Aguiar Costa, explica que Carlos Manato traiu o bolsonarismo no Estado.
Segundo ele, Manato, mesmo estando no PSL, tem vínculos com políticos que representam o atraso. Tem ligação com legendas partidárias como o PDT e o Solidariedade. Para o Movimento Conservador, Manato só se interessa por apoio, independente de que lado venha:
“O estopim é que o Manato convidou dois vereadores de Vitória sem qualquer ligação com a direita, sem qualquer ligação com o Bolsonaro, para disputarem à reeleição, em outubro deste ano, pelo PSL. São eles: os vereadores Sandro Parrini, do PDT, e Dalton Neves, do PTB”, diz Gilvan.
Ele e a presidente do Movimento Conservador Espírito Santo, Alexandra da Silva, vão mais longe. Afirmam que o movimento está à procura de políticos que respeitam os ideais do grupo e que comungam, efetivamente, com o pensamento da “direita e do conservadorismo”. Carlos Manato, segundo eles, está longe de ter esse perfil:
“Hoje, não temos nenhum nome para disputar, em 2022, o governo do Estado. Nosso objetivo é formar lideranças no cenário político capixaba, já que o Espírito Santo sofre da carência de representantes da direita bolsonarista”, garante Alexandra.
Em 2018, Manato era aliado de Jair Bolsonaro. Mais um que surfou na onda bolsonarista. Foi candidato ao governo do Espírito Santo e perdeu no primeiro turno para Renato Casagrande, que obteve 1.072.224 votos. Manato conseguiu apenas 525.973 e desde então vem entrando no inferno astral, mas, ao mesmo tempo, tentando infernizar a vida do governo capixaba nos bastidores. Na época da campanha eleitoral de 2018, o então candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, ainda aceitava Carlos Manato em seu palanque.