Receita e Polícia Federal identificam 1.300 empresas capixabas que ajudam a financiar tráfico de drogas e de armas através do contrabando de cigarros
A Polícia Federal, através da Delegacia de Crimes Fazendários (Delefaz), a Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal deflagraram, na manhã de terça-feira (08/04), a Operação Guifit, com objetivo de combater a distribuição de cigarros contrabandeados no Estado.
A Inteligência da Receita já identificou mais de 1.300 empresas varejistas capixabas que comercializam cigarros contrabandeados da organização criminosa a que pertence o bandido preso na terça-feira. Os órgãos de Inteligência descobriram também que o contrabando de cigarros financia o tráfico de drogas e armas no Espírito Santo.
O trabalho teve início no dia 9 de janeiro de 2019, quando foi realizada a maior apreensão de cigarros contrabandeados no Estado, numa ação da PRF. Na ocasião, foi apreendida uma carga de 490 mil maços de cigarros, avaliada em R$ 2 milhões. Os cigarros já foram totalmente destruídos pela Alfândega da Receita Federal.
De acordo com fontes da Receita Federal, somente no Espírito Santo existem mais de 1.300 empresas varejistas que comercializam cigarros que entram clandestinamente no País. Essas empresas também, além dos contrabandistas, são alvo de investigação e seus proprietários poderão responder a ações penais.
“Nossa ideia inicial era a de identificarmos os distribuidores dessas cargas de cigarros, já que a carreta apreendida no dia 9 deste mês iria para um dos distribuidores. Trata-se de um verdadeiro trabalho de enxugar gelo”, explicou um agente que trabalha nas investigações.
De acordo com fontes ouvidas pelo Blog do Elimar Côrtes, ações das Receitas Federal e Estadual buscam ainda identificar pessoas e empresas associadas ao motorista da carreta com suspeitas do transporte e distribuição de cigarros contrabandeados no Espírito Santo.
O resultado do trabalho da Receita Federal culminou com a Operação Guifit, pois descobriu uma ligação entre o caminhoneiro preso no Espírito Santo – ele é do Mato Grosso do Sul – com os distribuidores de cigarros contrabandeados em terra capixaba. O nome da operação faz referência a uma das marcas de cigarros contrabandeados mais vendidos no Brasil.
A Polícia e a Receita Federal já detectaram também que o contrabando de cigarros financia o tráfico de drogas e de armas. A próxima fase das investigações já mira possíveis traficantes que agem no Espírito Santo e em outros Estados, principalmente no Sul da Bahia.
Além disso, frisa a Receita Federal, os cigarros contrabandeados não passam por um controle de qualidade, prejudicando ainda mais a saúde de quem consome o produto.
De acordo com a PF, a pessoa que consome cigarro contrabandeado participa indiretamente da manutenção do crime organizado de contrabando de cigarros como crime para um crime-fim, que é o tráfico de drogas e de armas para o Brasil.
Entenda o caso
No dia 09 de janeiro de 2019, a Polícia Rodoviária Federal prendeu em flagrante C.V.P., na BR-262, em Marechal Floriano, dirigindo um Caminhão “Bitren” carregado com 998 caixas de cigarros da marca GFIT, de fabricação estrangeira. O caminhão tinha as placas substituídas por outras falsas, o que era feito para dificultar as ações de fiscalização na rodovia e evitar abordagens policiais.
O condutor C.V.P. estava sendo preso pela terceira vez, sob acusação de transportar cigarros contrabandeados. Em sede policial ele foi autuado pela prática dos crimes previstos no art. 311, 330 e 334-A, do Código Penal, e art. 183, da Lei 9.472/97.
Com o desenvolvimento das investigações foi possível identificar o grupo de pessoas e empresas associadas e responsáveis pelo transporte e distribuição de cigarros no Estado do Espírito Santo.
Crimes investigados
Os investigados responderão pelos crimes presentes no art.334-A e art.311 ambos do Código Penal c/c art.1º, parágrafo 1ºda Lei 12.850, cujas penas variam entre 2 a 5 anos de reclusão no primeiro, 3 a 6 anos no segundo e 3 a 8 anos no último.