Membro da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Assembleia Legislativa, o deputado Euclério Sampaio denunciou maus tratos e humilhação a 600 policiais militares que participam do Curso de Habilitação para Sargentos (CHS) da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo. Os alunos-sargentos são homens e mulheres, com mais de 20 anos de PMES e entre 40 e 50 anos de idades, que são obrigados a participarem de carga excessiva de treinos físicos. Pelo menos três alunos-sargentos sofreram infartos, durante aulas, nos últimos dias e estão internados.
De acordo com Euclério Sampaio, a responsabilidade pelos “maus tratos e humilhação” é do secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Nylton Rodrigues, e do governador Paulo Hartung, que, como perseguição à Polícia Militar por conta do aquartelamento de fevereiro de 2017, resolveram aumentar o prazo do CHS de seis para nove meses.
Já o Corpo de Bombeiros, onde não há perseguição por parte da Sesp e do governo, o CHS é feito a distância e online, reduzindo, assim, sensivelmente o desgaste físico e emocional da tropa e os cursos financeiros.
De acordo com o deputado Euclério Sampaio, no CHS, que é obrigatório para a promoção de cabos e ofertado pela Academia da Polícia Militar (APM), 80% dos alunos possuem mais de 20 anos de serviço e idade que varia entre 40 e 50 anos. Porém, existem alunos com quase 30 anos de serviço.
De 600 alunos, 40% são do interior do Estado e, ao se deslocarem para Cariacica, onde fica a Academia da PM, estão tendo que se morar em casas alugadas, tendo um gasto enorme com alimentação, material didático (que não é fornecido pelo curso), fardamento reserva e ainda sendo escalados para serviços de GSE e Guarda Interna. Essas escalas perfazem às vezes 80 horas semanais.
As escalas externas ocorrem em Vitória, Vila Velha e Serra. Os militares, às vezes, têm menos de uma hora para se deslocar de Cariacica para estes locais em horário de pico, pois, ao término da instrução que se dá às 17h10, ainda ficam em forma para o arriamento da bandeira. Eles saem então por volta das 18 horas da Academia, no bairro Tucum. O não comparecimento no horário ao local onde se encontra escalado acarreta sanção disciplinar com o risco de desligamento do curso.
De acordo com o deputado, o pior problema de todos se dá por conta do descaso com os militares em relação à saúde. Na semana passada, três alunos-sargentos enfartaram durante aula teórica. Um deles, teve aumento elevado de pressão com infarto, sendo também hospitalizado no HPM. Um dos militares infartados segue internado no Hospital Evangélico em estado grave.
“No CHS passado foi determinado que todos os militares apresentassem laudo cardiológico. Mas, neste ano de 2018, mesmo vendo que a grande maioria dos alunos tem idade elevada, não foi solicitado nenhum exame que comprove que os militares possam participar de atividades físicas”, disse Euclério Sampaio.
Segundo ele, os militares do interior não têm condições de sequer visitar a família, pois os horários não são favoráveis. “É muita pressão física e psicológica. O pior de tudo é que o governo, por maldade, aumentou o prazo do curso de seis meses para nove meses. Por isso, a previsão de término é em 22 de maio de 2018.
O deputado Euclério entende que o CHS é necessário, mas não da forma imposta pelo secretário da Segurança, coronel Nylton Rodrigues, ao Comando Geral da Polícia Militar. “Por conta do deslocamento de 600 policiais para a Academia, a população capixaba, que já sofre com o descaso e a incompetência do governo Hartung também na área da segurança pública, fica com 10% a menos de segurança nas ruas de todo o Estado.”
O parlamentar completa: “Esses alunos-sargentos são obrigados a ir para a rua como alunos, para dar sensação de segurança. Já houve tentativa de suicídio e dois enfartos nesse atual CHS. É tanta gente num ambiente reduzido, que, na hora do banho, acaba a água com policiais ainda ensaboados”, exemplificou Euclério Sampaio.
“O tratamento que dispensaram a esses policiais é horrível, é desumano. Quando chega na sexta-feira, o governo obriga os alunos a irem para as ruas para mostrar que há policiais nas ruas, enganando a população. Não podemos nos calar diante da humilhação imposta a esses policiais pelo secretário da Segurança (Nylton Rodrigues) e o governo Hartung”, protestou Euclério Sampaio.