A Corregedoria Geral da Polícia Militar, além de pedir à Vara da Auditoria da Justiça Militar do Estado do Espírito Santo a prisão de quatro policiais militares pela acusação de incitar o motim promovido pelos militares estaduais do dia 4 a 22 de fevereiro deste ano, solicitou também mandado de cumprimento de apreensão domiciliar de aparelhos de telefone celular.
O pedido foi ratificado pelo Ministério Público Militar Estadual. Entretanto, o Juízo da Auditoria Militar não deferiu o segundo pleito, por não vislumbrar necessidade, e acolheu somente o pedido de prisões dos acusados.
Seriam alvo das medidas cautelares de busca e apreensão o capitão da reserva remunerada Lucínio Castelo de Assumção, conhecido como Capitão Assumção; o presidente da Associação Geral dos Policiais e Bombeiros Militares (AGEM/ES), soldado Maxson Luiz da Conceição; e o vice-presidente da entidade, sargento Aurélio Robson Fonseca da Silva. Os três – e mais o tenente-coronel Carlos Alberto Foresti – já se encontram presos na carceragem do Quartel do Comando Geral da PM, em Maruípe, Vitória.
De acordo com o IPM, a conduta do Capitão Assumção, do sargento Robson e do soldado Maxson “influencia de sobremaneira os demais militares estaduais a permanecerem em estado grevista, prejudicando o retorno à normalidade da segurança pública capixaba”. Vale frisar que o IPM foi concluído no dia 23 de fevereiro, dois dias antes das mulheres dos militares chegarem a um acordo com o governo do Estado e determinar a volta dos seus maridos e demais policiais às atividades de policiamento.
Já a conclusão do IPM aberto contra o tenente-coronel Foresti ressalta que nove testemunhas foram ouvidas pela Corregedoria Geral da PM. O IPM informa que o oficial havia sido transferido do cargo de chefe do CIODES desde o dia 2 de fevereiro, um dia antes das mulheres dos militares iniciarem o movimento de protesto, bloqueando apenas a sede da 2ª Companhia do 6º Batalhão, no bairro Feu Rosa, na Serra.
Consta no relatório do IPM que, apesar de não ter mais ligação profissional com o CIODES, Foresti adentrou na sala daquele órgão, na tarde do dia 8 de fevereiro, no auge da crise, e, “ao ouvir a informação de que dois policiais haviam sido baleados em Cariacica, se fez transtornado e, de imediato, proferiu palavras de ordem a todos os militares presentes no sentido de que desligassem os seus rádios e deixassem seus postos”.
Além disso, prossegue o relatório do IPM, ao qual o Blog do Elimar Côrtes teve acesso, o tenente-coronel Foresti determinou que um dos sargentos presentes no CIODES produzisse áudio e vídeo de seu “surto” e os transmitisse, por meio do WhatsApp, ao soldado Maxson.
Para o Comando-Geral da PM, ao determinar o envio da mensagem eletrônica, a intenção de Foresti foi a “de incitar militares destinatários da mensagem veiculada pela AGEM, à manutenção do movimento grevista inconstitucional, que de fato ocorreu, dada a influência que representado (tenente-coronel Foresti) possui como Oficial Superior aos demais colegas de farda, potencializando em muito o movimento paredista”.
De acordo com o IPM, nos dias seguintes, o tenente-coronel Foresti teria promovido um novo vídeo “incitando outros militares e a população capixaba a aderirem aos propósitos dos grevistas, veiculando promoção de crítica à estrutura de trabalho dos policiais em atividade no Estado do Espírito Santo e ao próprio governo estadual, quando também discorreu sobre baixos salários da corporação, a falta de coletes balísticos, as condições ou ausência de viaturas.”