O chefe do Comando de Polícia Ostensiva da Região Sul (CPO SUL) da Polícia Militar do Espírito Santo, tenente-coronel Alexandre Quintino Moreira, saiu em defesa do movimento realizado pelos familiares de policiais, que estão protestando em frente de todos os Batalhões da PM no Estado. Em entrevista ao ES TV 1ª Edição Sul, emissora da TV Gazeta, nesta segunda-feira (06/02), o oficial legitimou o movimento, acrescentando que muitos policiais estão passando por necessidades básicas, devido à defasagem do salário.
“A minha panela está fazia, assim como a panela do cabo está vazia, o nosso salário está defasado, isso é uma verdade”, protestou o tenente-coronel Alexandre Quintino.
Confira a entrevista na íntegra
“Eu quero falar quanto da legitimidade desse movimento, é legítimo, é necessário.
A Polícia Militar está passando por uma defasagem enorme, sem aumento de salário há 7 anos. Nossos policiais, nossos soldados, nossos cabos, estão passando por necessidade, e neste momento, os familiares dos policiais que estão passando por problemas gravíssimos chegaram no limite.
Quero parabenizar essas mulheres, essas guerreiras que arregaçaram as mangas e foram para frente das organizações policiais dar o seu grito de basta. Nós não aguentamos mais, nós estamos passando por falta de comida, por falta de necessidade básica. Então a legitimidade deste evento que está acontecendo por essas mulheres, por esses familiares, por militares da reserva, nós temos na verdade dizer que vocês estão de parabéns, para vocês mulheres aqui vai as nossas continências.
A PM é um serviço de urgência e emergência, assim como tratamento hospitalar, assim como recolhimento de corpos, embora que a greve não é feita por policiais militares, são pessoas ligadas a policiais militares que estão fazendo o cerco.
Nós da PM, nós temos que ver que ao menos 30% desse serviço tem que atender a comunidade. A comunidade de Cachoeiro não pode ficar ao léu, não pode ficar por conta de marginais, não pode ficar por conta de arruaceiros, depredadores, que realmente foi isso que aconteceu.
Essa noite, infelizmente, houve depredação do patrimônio público e privado.
A polícia está há 185 anos defendendo a comunidade, de braços abertos, sempre apoiou a comunidade. Nós nesse momento reconhecemos a legitimidade do movimento, mas ao mesmo tempo, a sociedade está formada por pai de família, por empresários, que da mesma forma, não pode ficar abandonado pelo Estado. Hoje ficamos a manhã inteira debatendo com todos os comandantes da região sul, na reunião estava o prefeito do município, estava o Coronel Rui Guedes Barbosa Júnior, que é secretário de segurança e trânsito.
Eu não vou falar sobre essa crise, porque não tenho conhecimento técnico nenhum se o Estado pode ou não dar o aumento, mas o que posso falar o conhecimento que detenho em policiamento ostensivo é que nos não temos um único processo de policiamento ostensivo que é a rádio patrulha na rua, nós não temos só RP.
As barricadas que as mulheres estão fazendo impedem o trabalho de rádio patrulha, mas nada impede que o Comando do Batalhão e o Comando Regional determine que policiais que estão escalados em serviços, que estão impedidos de trabalhar na RP, que faça o policiamento ostensivo a pé e garanta no mínimo o policiamento ostensivo na região de comércio, que garante os comerciantes podem trabalhar e é isso que nós vamos lutar, é isso que vamos tentar voltar incrementar, isso é uma negociação que eu vou fazer. Eu não estou aqui pra impor, ainda mais que posso até inflamar a situação de negociação, porque os cabos e soldados de sargentos que estão na rua, eles estão lutando pelos interesses deles, mas eles estão lutando pelo nosso interesse também.
A minha panela está fazia, assim como a panela do cabo está vazia, o nosso salário está defasado, isso é uma verdade.
Hoje, os policiais militares que estariam de serviço na rádio patrulha, estarão escalados em policiamento ostensivo a pé, eles não podem descer de viatura porque talvez tenham sido formado barricadas com as mulheres que estão lutando pelos direitos delas. O policiamento ostensivo a pé, quando ele for escalado, não dar para dizer que ele não vai, porque é um dever dele, o dever dele é fazer policiamento ostensivo de RP, o dever dele é fazer ostensivo de bicicleta, de moto e a pé.
Eu quero frisar como policial militar do Sul do Espírito Santo, que tem 25 anos de Polícia Militar só no Sul, que tem amigos soldados, que tem amigos cabos de todas as graduações, o comando do policiamento ostensivo regional Sul não está aqui para furar qualquer movimento, qualquer reivindicação, mas eu não posso deixar o cidadão de bem à mercê de marginais.
A intenção é essa, pegar os policiais que estão escalados no RP, posicionar em pontos estratégicos, aquele ponto comercial onde está havendo uma maior demanda, nós já teremos uma resposta imediata pelo Estado. Os policiais estarão lá, eu quero acreditar nisso, eu quero acreditar que eles vão cumprir essa escala, porque talvez eu não possa determinar o cumprimento de uma escala de RP, porque os nossos quartéis estão cercados e não tem autorização por parte desse comandante, de nenhum policial militar encostar a mão em qualquer mulher, qualquer filho, em qualquer parente dessas guerreiras que estão na porta do quartel, lutando pelo interesse da PM e pelo meu interesse também”.
(Fonte: TV Gazeta Sul)