A atual diretoria da Associação de Cabos e Soldados da Polícia e do Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS/ES) está diante de uma nova crise. Desta vez, a instalação de um GPS em dois veículos da entidade descobriu que três diretores estavam usando o carro em atividades particulares. Um dos veículos foi localizado nas imediações de uma boate de strip-tease, no bairro Santa Lúcia, em Vitória, longe da sede administrativa da ACS/ES, que fica em Joana D’Arc. O GPS localizou o veículo perto da boate no período da noite, fora, portanto, do expediente administrativo da ACS.
Outros carros ficavam constantemente nas residências dos diretores flagrados pelos rastreadores. Um dos diretores, inclusive, saía de sua casa, passava na residência da namorada, que é funcionária da ACS/ES, e a levava para o trabalho diariamente.
A instalação do GPS foi uma determinação do atual Conselho Deliberativo e cumprida pelo presidente da ACS/ES, cabo PM Renato Martins Conceição. Com o flagrante, os três diretores passam agora a responder a uma Sindicância, a ser instaurada pelo Conselho Deliberativo. Correm o risco de ser afastados da diretoria.
O anúncio da instauração da Sindicância está no Portal da ACS/ES na internet. Nele, o presidente Renato diz que foi deliberado, “em reunião conjunta entre a Diretoria Executiva e o Conselho Deliberativo, que os veículos de propriedade da ACS/PMBM/ES seriam usados para fins de atividades relacionadas EXCLUSIVAMENTE à Associação e aos associados.”
Para que tal medida fosse devidamente cumprida e buscando um maior controle do patrimônio da ACS/ES, prossegue a publicação, no dia 11 de maio deste ano foram instalados rastreadores (GPS) nos dois veículos: “Tal procedimento possibilitou que fosse verificado pela da Diretoria Executiva o uso indevido dos veículos para fins particulares por alguns Diretores, alheios ao serviço. Assim sendo, no dia 22 de junho de 2016, após a constatação das citadas irregularidades cometidas pelos Diretores, foram encaminhadas duas denúncias ao Conselho Deliberativo, que de acordo com o Estatuto Social da ACS/PMBM/ES é o órgão responsável pela instauração da sindicância quando o sindicando é membro da Diretoria Executiva, pedindo a abertura de sindicância para apuração das infrações.”
A nota informa ainda que “tais fatos foram considerados gravíssimos por toda a Diretoria Executiva não só por desobedecer à decisão EXPRESSA emanada em reunião conjunta feita entre Diretoria Executiva e Conselho Deliberativo, mas também por expor o nome da associação que com tanto afinco tem buscado recuperar seu prestígio perante a tropa.”
Na nota, a diretoria garante que “é imprescindível ratificar que a nova gestão da ACS/PMBM/ES não tolerará nenhum tipo de conduta que possa ferir a imagem da associação, dos associados e de toda tropa que ela representa, e deseja que todos os fatos sejam apurados e, se não justificados, sejam sancionados com o rigor necessário, inclusive afastando os diretores envolvidos de suas funções diretivas.”
O presidente do Conselho Deliberativo da ACS/ES, cabo PM Alecsandro Coutinho Souza, explicou nesta quinta-feira (23/06) que o Colegiado solicitou, mas não recebeu da diretoria executiva acesso ao controle dos veículos. “Só recebemos o relatório”, disse ele.
“Por diversas vezes, o Conselho solicitou, por ofícios, ao presidente Renato e a sua diretoria que nos fornecessem as planilhas contendo o uso dos veículos, porque havíamos recebido denúncias de uso irregular dos mesmos. Nunca fomos atendidos. Diante da recusa, o Conselho instaurou Portaria determinando a instalação do GPS nos carros”, completou o cabo Alecsandro.
Segundo ele, o relatório da diretoria executiva será apreciado pela Comissão de Justiça do Conselho e, posteriormente, o parecer da Comissão vai ser votado em assembleia do Conselho. Os três diretores flagrados usando irregularmente os carros da ACS poderão ser punidos com demissão.