O pleito eleitoral que acabou de optar pela permanência do investigador Jorge Emílio Leal na Presidência do Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Estado do Espírito Santo (Sindipol) está sendo considerado um divisor de águas na categoria. Permitiu aos mais de 2.600 filiados ao Sindipol – quadro formado por agentes de Polícia, escrivães, delegados, investigadores, peritos criminais e papiloscópicos, médicos-legistas, auxiliares de perícia e outros profissionais – a chance de escolher entre o novo e o velho no sindicalismo capixaba.
Jorge Emílio e sua diretoria representam o novo, não no termo de idade ou de tempo de Polícia, mas de pensamento, de discurso e de modo de agir. Sua chapa conquistou o voto da maioria dos policiais aposentados, que pensam como ele: a defesa de um sindicalismo moderno, aberto ao diálogo e respeito.
Nesta toada, quem brilha é a estrela do presidente da Comissão de Segurança Pública e Crime Organizado da Assembleia Legislativa, deputado Euclério Sampaio (PDT). Ele é, dentre as lideranças entre os operadores de segurança, o maior vencedor da eleição para diretoria do Sindipol, cuja apuração se encerrou na madrugada desta quinta-feira (16/907). Com seu jeito simples, mas objetivo, Euclério Sampaio apoiou a Chapa 1, liderada por Jorge Emílio.
Euclério Sampaio vem pontuando seus quatro mandatos como um deputado que sabe falar na hora certa. Sabe se posicionar em prol da categoria na hora certa, sem ser atabalhoado. Seus projetos e propostas têm início, meio e fim. No governo passado, fez oposição à gestão de Renato Casagrande em determinados momentos. Hoje, está afinado com a administração de Paulo Hartung.
No início da campanha que elegeu Jorge Emílio, Euclério Sampaio, embora apoiasse a Chapa 1, a vencedora, procurou manter-se mais comedido. Soube, todavia, se posicionar na hora certa. Fez visitas a unidades da Polícia Civil com Jorge Emílio e demais integrantes da Chapa 1, postou mensagens em sua página no faceboock, sem se esconder.
Compareceu na terça-feira (14/07), primeiro dia da votação, à Chefatura de Polícia Civil, na Reta da Penha, em Vitória, para votar. Foi calorosamente recepcionado por centenas de servidores da Polícia Civil. Recebeu elogios e foi ovacionado e cumprimentado até mesmo por defensores das Chapas 2 e 3, encabeçadas por Paulo Asaf e Gilmar Ferrari. Investigador de Polícia aposentado, Euclério Votou tranquilamente.
Por outro lado, a reeleição de Jorge Emílio foi um recado que toda a categoria deu a algumas lideranças que se consideravam donas das entidades de classe dos operadores de segurança pública no Espírito Santo. Hoje em dia, o sindicalismo moderno exige alternância no poder. No sindicalismo moderno que impera no mundo afora não há mais espaço para vaidades e nem comportamentos radicais contra autoridades constituídas.
A reeleição da Chapa 1, comandada por Jorge Emílio, que sempre demonstrou firmeza, pulso forte e liderança, é uma resposta de que sua diretoria segue no rumo certo, o rumo do diálogo, sempre defendido e apoiado pelo deputado Euclério Sampaio: o respeito às autoridades constituídas e ao cidadão em geral.
Gilsinho Lopes apoiou chapa perdedora, mas não votou por estar em débito com o Sindipol
A reeleição de Jorge Emílio derruba dois mitos. Um deles é o deputado estadual Gilsinho Lopes – já em terceiro mandato, sendo o segundo consecutivo. Delegado de Polícia licenciado, Gilsinho teve o dissabor de sequer conseguir votar; logo ele que apoiou publicamente, desde o início da campanha, a Chapa 3, encabeçada pelo investigador Gilmar Ferrari. O problema não foi provocado pelo parlamentar: o seu salário é pago pela Assembleia Legislativa, que não repassa sua contribuição sindical mensal para o Sindipol. Assim, em débito com a entidade de classe que ele mesmo ajudou a fundar, acabou não tendo direito ao voto – de acordo com normas do estatuto da entidade.
Outra perdedora é parte da Administração da Polícia Civil, comandada pela delegada Gracimeri Soeiro Gaviorno. Ela é mito não por seu carisma – que não existe –, mas por conta do cargo que ocupa – Gracimeri tem o poder da caneta. Nos bastidores, a chefe de Polícia fez campanha para a Chapa 3. Inclusive, teve a indelicadeza de deixar de convidar a Diretoria do Sindipol para a festa de aniversário da Polícia Civil, comemorada no dia 13 deste mês. Tratou a questão como algo pessoal.
O apoio de Gracimeri Gaviorno a uma das chapas concorrentes foi tão forte que ela foi “convidada” para reunião no Palácio Anchieta, com o governador Paulo Hartung, que chamou atenção da chefe de Polícia. Hartung não suporta esse tipo de conduta, sobretudo porque Gracimeri Gaviorno apoiou justamente integrantes de um grupo que, nos dois governos passados de Hartung, foram super indelicados com o governador e demais autoridades, com xingamentos e ofensas pessoais.
No início do pleito, o deputado Gilsinho Lopes não disfarçou seu apoio à Chapa 3, o que é democrático. Saía da Assembleia Legislativa e ia, junto com integrantes do grupo de oposição que tentava retomar o poder do Sindipol, fazer campanha em delegacias da Grande Vitória e interior.
Fazia questão de postar fotos, ao lado dos candidatos, em sua página no facebook, o que é democrático. Mas isso tem seu preço e vai ser cobrado mais tarde, nas urnas, mais provavelmente em 2019, quando ele for novamente candidato a deputado estadual. Nas últimas semanas, Gilsinho Lopes recuou no apoio explícito e factóides, depois de ouvir queixas. Porém, o pedido de votos prosseguiu, assim como as visitas às unidades policiais. A apoio prosseguiu sem fotos e postagens no facebook, assim como seu voto não pôde ser dado à Chapa 3. O não voto do deputado Gilsinho fez falta, mas nem tanto. Jorge Emílio venceu com 54,18% dos votos: obteve 822 votos, contra 552 da Chapa 3, e 148 da Chapa 2.
A lição para o deputado Gilsinho Lopes deveria ter servido de aprendizado. Deveria. Ele sequer postou em sua página no facebook os parabéns aos adversários. Como diz a célebre frase do escritor inglês William Shakespare, “a gratidão é o único tesouro dos humildes”.
A palavra “gratidão” é algo que inexiste no dicionário de alguns políticos.