Aos 33 anos de idade, a escrivã de Polícia Civil Carolina Henrique Sardinha Silva já é uma supercampeã. No último sábado (25/04), ela conquistou o Campeonato Brasileiro de Duathlon Olímpico, em Manaus. Em 15 de março, Carolina Sardinha, como é conhecida nacionalmente no mundo esportivo, venceu o Brasileiro de Triatlon, em João Pessoa.
Carolina Sardinha, que está há sete de seus oito anos de Polícia lotada na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), correu 10 quilômetros no Brasileiro de Duathlon, mais 40 quilômetros de bike e finalizou a prova com mais cinco quilômetros de corrida. “Foi um sufoco, muito desgastante, mas cheguei em primeiro lugar”, comemorou, nesta segunda-feira (27/04), ao retornar a Vitória.
No Brasileiro de Triatlon, na Paraíba, Carolina Sardinha iniciou a competição nadando 1,5 quilômetro; depois andou mais 40 quilômetros de bike e, por fim, 10 quilômetros de corrida. A escrivã também compete no Espírito Santo, onde ocupa a segunda colocação geral no Campeonato Capixaba de Triatlon, e no Rio de Janeiro, onde está em terceiro lugar numa competição que conta com 87 mulheres. Atualmente, Carolina é líder do ranking brasileiro de Duathlon e vice-líder do ranking de Triathlon.
Os dois títulos brasileiros conquistados por Carolina Sardinha, em Manaus e em João Pessoa, a credenciaram para o Mundial de Triatlon que acontecerá este ano em duas etapas: Chicago (EUA), em setembro, e Austrália, em outubro. A escrivã, que é casada, faz planos para ir às duas etapas, mas enfrenta outro sufoco fora das águas e pistas de competição: a falta de patrocínio. Porém, ela jamais fica desanimada:
“Disputar o Campeonato Brasileiro de Duathlon, em Manaus, nesse lugar de pessoas fortes, foi incrível e desafiador. O desafio começa em competir sem patrocínio. Sei que é uma decisão individual do atleta, mas minha vontade de alçar voos mais altos é maior do que essa desanimadora falta de apoio. Mas, enfim, meu esforço está sendo recompensado. Subir no lugar mais alto do pódio e liderar a prova entre todas as mulheres amadoras supera tudo isso”, revela Carolina Sardinha.
“Estou em busca de patrocinadores. Hoje, somente uma loja me ajuda na manutenção da bicicleta e na reposição de peças. Apesar de proporcionar conquistas, o esporte não dá retorno de imediato”, lamenta a atleta-escrivã.
Ela treina todos os dias, de segunda a domingo, sempre pela manhã. A rotina é sair 5h30 de casa, na Praia do Canto, para o Clube Ítalo Brasileiro, na Ilha do Boi. Após o treino, banho rápido, porque Carolina tem de ir para a DPCA, que fica em Jucutuquara, onde trabalha de 10 às 18 horas, de segunda a sexta-feira. E ainda tira escala especial na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Plantão de Vitória).
A atleta Carolina Sardinha iniciou sua vida esportiva quando cursava a Faculdade de Direito. Ela foi convidada a integrar a equipe de natação e de atletismo, conquistando diversas medalhas nas competições nacionais e internacionais nas quais participou ao longo dos cinco anos de vida acadêmica.
Já atuando como escrivã de Polícia Civil, Carolina passou a competir corridas de rua e, em 2013, realizou o grande sonho de participar do primeiro evento de Duathlon realizado pela Marinha (900 metros de natação e 6 quilômetros de corrida), em que alcançou o segundo lugar entre as mulheres.
Em abril de 2014, ela participou do Campeonato Capixaba de Duathlon. Sagrou-se a grande campeã estadual (5 km de corrida e 20 km de ciclismo) em uma prova disputada e emocionante, vencendo experientes atletas do triathlon capixaba.
Carolina Sardinha explica que sua vida de atleta a ajuda no cotidiano da DPCA, uma das unidades da Polícia Civil mais complexas por lidar com crianças e adolescentes vítimas, principalmente, de violência sexual:
“Nós, escrivães, lidamos diretamente com o primeiro atendimento às crianças e os adolescentes que chegam à DPCA. São meninas e meninos que, em 90% dos casos, são vítimas de violência sexual. A carga emocional com que nos deparamos no dia a dia é muito grande. O esporte me permite ter mente e corpo sã. Diante disso e da disciplina a que me submeto como desportista, acabo por concentrar meus esforços em ajudar toda a equipe da DPCA em atender as pessoas que procuram a delegacia. O esporte me ajuda a manter o equilíbrio emocional”, entende Carolina.
“O cotidiano na DPCA me ajuda a ser atleta; as competições e o meio esportivo me ajudam no dia a dia da DPCA”, finaliza a superatleta.
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