Como é engraçada a política brasileira; como é curiosa a política capixaba. Entre 2004 e 2005, quando comandou o 6º Batalhão da Polícia Militar, o hoje coronel da reserva Antônio Carlos Coutinho foi humilhado pelo então secretário de Estado de Comunicação, o jornalista Sebastião Barbosa. Em 2005, a mando do então governador Paulo Hartung (PMDB), Tião Barbosa, “invadiu” o Quartel do 6º BPM, localizado no bairro André Carloni, na Serra, e “apreendeu” um aparelho de escuta telefônica, conhecido como guardião.
Foi ao local acompanhado de agentes da Diretoria de Inteligência da PM (Dint). Comandou pessoalmente a “operação”, porque o então chefe da Dint se recusou a cumprir a ordem dada pelo ex-governador Hartung, pela falta de um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça. Foi, portanto, uma “operação” clandestinamente.
Agora vêm as explicações para as afirmações no início do primeiro parágrafo de que “como é engraçada a política brasileira; como é curiosa a política capixaba.” O guardião foi doado ao 6º BPM por Sérgio Vidigal, que na época (em 2005) era prefeito da Serra. O secretário de Segurança do Estado era, na ocasião, Rodney Miranda, que já havia instalado dentro da Sesp um guardião.
Rodney descobriu a existência do aparelho no Batalhão da Serra e fez a comunicação a Paulo Hartung. Ambos achavam que o coronel Coutinho usava o guardião para espionar a vida de integrantes do governo Hartung a mando de Sérgio Vidigal.
Na época, quando o jornal A Gazeta publicou a notícia da descoberta e da “apreensão” do guardião, Coutinho explicou que o aparelho era utilizado para ajudar a PM a combater a criminalidade na Serra e que as escutas telefônicas eram realizadas somente com ordem judicial.
A explicação de Coutinho, que até então era tenente-coronel, convenceu o governador Paulo Hartung e ao seu secretário Rodney Miranda. Tanto que Coutinho logo em seguida saiu do 6° BPM, foi promovido a coronel e se tornou chefe da Casa Militar do governo Hartung. Em junho de 2006, ele deixou a Casa Militar e virou comandante geral da Polícia Militar cargo que ocupou até janeiro de 2009. De suposto “espião”, virou homem de confiança do então governador Paulo Hartung.
Como é curiosa mesmo a política capixaba. De inimigo, Sérgio Vidigal virou amigão de Paulo Hartung. Colocou seu PDT para trabalhar para Hartung, que é candidato ao governo do Estado. Hoje, Vidigal e Paulo Hartung são unha e carne, estão no mesmo palanque. Até quando vai esse casamento, só o destino dirá. Ou até a descoberta de um novo guardião na vida dos dois.