A Copa do Mundo acabou; a Seleção Brasileira decepcionou – a Alemanha foi a grande campeã. Para o povo do Espírito Santo, porém, o Mundial da Fifa deixou um legado importante na área de segurança pública. A integração entre as forças estaduais, federais e Forças Armadas vai continuar. O foco, agora, é outro alvo: o combate às organizações criminosas e à criminalidade do dia a dia, com objetivo de melhorar a segurança dos capixabas. A integração das forças federais e estaduais no combate às organizações criminosas sempre foi um dos principais objetivos do governador Renato Casagrande (PSB) desde que assumiu o governo, em janeiro de 2011.
Nesta terça-feira (15/07), o Blog do Elimar Côrtes foi entrevistar o subsecretário de Estado de Integração Institucional da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Guilherme Pacífico, e encontrou em seu gabinete o delegado federal Leonardo Rabelo, que foi o coordenador da Regional da Operação Copa pela Polícia Federal e chefe da Delegacia de Defesa Institucional da Superintendência Regional da Polícia Federal no Espírito Santo.
Ambos estavam em reunião, mas antes aceitaram conceder uma entrevista, em que fizeram um balanço do trabalho do Estado do Espírito Santo para garantir a segurança das delegações de Austrália e Camarões, de seus torcedores, turistas de outros países que vieram ao Estado e – mais importante – da população capixaba – durante a Copa do Mundo que se encerrou no domingo.
O Estado foi sede para treinamento das seleções da Austrália e Camarões. Foi aqui que chegou a primeira delegação que disputou a Copa no Brasil. Logo, as atenções de todo o Planeta estavam, voltadas para o território capixaba.
A Operação Copa no Espírito Santo contou com forças do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícias Federal, Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, Guardas Municipais, Infraero, servidores do Ministério das relações Exteriores e o serviço de atendimento do Samu, da Secretaria de Estado da Saúde.
O Espírito Santo foi o último Estado brasileiro a entrar no processo de planejamento para se preparar para a Copa do Mundo, mas o primeiro a receber uma delegação. Somente em fevereiro deste ano é que a Austrália – a primeira seleção a chegar ao País, aqui pelo Espírito Santo – e Camarões deram resposta final de que ficariam em solo capixaba. As demais sedes no País já estavam preparadas desde 2011.
No início do planejamento, os coordenadores das forças policiais e os Serviços de Inteligência das polícias e das Forças Armadas indicavam que ameaças de grupos radicais de manifestantes pairavam também sobre o Espírito Santo.
Quando a Austrália chegou, houve até tentativa de se promover manifestações violentas em Vitória, mas os responsáveis pelas negociações por parte da Operação Copa entraram em ação e conseguiram conversar com líderes de manifestantes. Enquanto Camarões e Austrália permaneceram no Estado, não foi registrado nenhum incidente. Eram ameaças de grupos que não queriam a Copa no Brasil.
“Todas as instituições que integraram a Operação Copa estiveram irmanadas para que todos os cidadãos capixabas, turistas que estiveram no Estado durante a Copa e as delegações tivessem proteção”, disse o subsecretário de Estado de Integração Institucional, Guilherme Pacífico.
Segundo ele, o importante daqui para frente é juntar as expertises de cada órgão e focar em benefício da segurança pública e em prol da população:
“O cidadão capixaba foi o grande protagonista deste evento, por sua hospitalidade, urbanidade, carinho e virtude. Nesta Copa, nosso Estado não ficará marcado pelas mazelas e sim pelas belezas e a genialidade dos capixabas. Tivemos momentos em que as seleções de Camarões e Austrália foram à praia e visitaram comunidades carentes da Grande Vitória e tudo aconteceu dentro do esperado. Seus jogadores, dirigentes, coimissão técnica e torcedores foram muito bem recebidos pela população. Uma prova do carinho e da urbanidade dos capixabas”, acrescentou Pacífico.
O Espírito Santo deu provas de que se pode trabalhar com integração entre as forças policiais estaduais e federais e Forças Armadas sem qualquer perplexidade. No ano passado, o Ministério da Defesa editou a Portaria Normativa número 3.461/2013, que versa sobre a Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e dá poderes às Forças Armadas de realizar policiamento ostensivo, combater o crime organizado e acabar com manifestações violentas, saques e depredações a patrimônio público e privado, quando as forças estaduais perderem o controle das ações.
“Provamos que os Estados podem trabalhar também pela defesa nacional sem a necessidade da GLO”, comentou Guilherme Pacífico.
Tanto ele quanto o delegado federal Leonardo Rabelo entendem que o maior ganho da Operação Copa para o Espírito Santo é a integração, que vai se manter viva: “Mostramos ao Brasil e ao Mundo a ideia da integração. Trabalhamos de maneira séria, eficiente e respeitando os direitos humanos”, comentou o delegado Rabelo.
Segundo o subsecretário Guilherme Pacífico, logo no primeiro dia da chegada da seleção da Austrália, em 28 de maio, integrantes dos Black Blocs – grupos criminosos que espalharam pânico e violência pelo País, com depredações de prédios públicos e privados e ataques a policiais militares – chegaram a se reunir em Vitória, com objetivo de promover ataques. No entanto, oficiais que integraram a Operação Copa conseguiram dialogar com o grupo, que suspendeu qualquer tipo de manifestação.
Para o delegado federal Leonardo Rabelo, a Operação Copa é uma prova de que as instituições vão poder continuar integradas, a partir de agora, para atacar o crime organizado que age no Espírito Santo e aprimorar o combate à criminalidade, melhorando, assim, a segurança pública.
“Para isso, devemos respeitar as atribuições de cada instituição. A Operação Copa é uma mensagem clara para o Brasil. Trata-se de um momento histórico. Nunca tivemos tamanha integração entre as forças policiais. Todo o aparato, devidamente treinado, se colocou à disposição do Estado do Espírito Santo, que virou vitrine para o resto do País. No mesmo dia em que a Austrália chegava aqui, a Seleção Brasileira chegava à Granja Comary, em Teresópolis, no Rio, sob protesto. A partir daquele momento, todos olharam para o Espírito Santo”, comentou o delegado Rabelo.