A investigação de um suposto suicídio, ocorrido na noite de 9 de novembro de 2012, na localidade de Posto Dantas, em Vargem Alta, Região Serrana do Espírito Santo, sofreu uma reviravolta. A Polícia Civil descobriu que o adolescente Alexander Malanquini Cristo, de 16 anos, que saiu de casa, no bairro Abelardo Machado, em Cachoeiro de Itapemirim, para conviver com o sargento da Polícia Militar Almir Pellanda, 50 anos, foi vítima de assassinato.
A reviravolta foi possível por causa da investigação efetuada pela equipe do delegado José Rafael Machado, que descobriu mais: dias depois da morte de Alexander, o militar teria instigado outro jovem, de 17 anos, a cometer suicídio. O rapaz, com quem o sargento teria passado a conviver após a morte de Alexandre, tomou chumbinho, veneno normalmente usado contra ratos, mas sobreviveu.
Por conta do primeiro caso, o sargento Pellanda se encontra preso na carceragem do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Vitória, por determinação do juiz José Flávio D’Angelo Alcuri, da Vara Única de Vargem Alta. O magistrado, inclusive, já abriu processo contra o sargento, atendendo solicitação do Ministério Público Estadual, que ofereceu denúncia contra Almir Pellanda. Assim, o militar poderá ir a júri popular pela acusação de assassinato.
O delegado José Rafael assumiu as investigações da morte do jovem Alexander em abril de 2012, cinco meses após a tragédia. Viu que a arma usada no crime foi uma pistola ponto 40, pertencente à Polícia Militar. Com a quebra do sigilo telefônico determinado pela Justiça e depois de rastrear mensagens entre o Almir Pellanda e Alexander em redes sociais, por ordem judicial, o delegado descobriu haver um relacionamento amorosos entre os dois:
“O sargento Pellanda é casado no papel com uma mulher, mas separado em termos de corpos. Passou a conviver com o jovem Alexander, que saiu da casa dos pais. Foram morar numa propriedade em Vargem Alta, pertencente aos pais do Pellanda”, relatou o delegado.
O adolescente Alexander, no entanto, teria descoberto que o sargento estaria mantendo relacionamento amoroso com outro jovem. Numa crise de ciúmes no dia 9 de novembro de 2012, o adolescente discutiu com Pellanda, ameaçando ir embora de volta para Cachoeiro.
De acordo com o delegado José Rafael, nessa discussão o sargento teria agredido o jovem com uma coronhada na cabeça – usando a pistola ponto 40 da Polícia Militar. A marca da agressão, de acordo como delegado, foi constada pela perícia do Departamento de Criminalística da Polícia Civil.
“Diante dos fatos e novos indícios, realizamos uma reconstituição, em que concluímos que o jovem não teve como atirar contra a própria cabeça. O tiro, de acordo com os trabalhos da perícia, foi efetuado por outra pessoa”, afirmou o delegado José Rafael.
Ainda segundo o delegado, sempre que ouvido pela Polícia Civil, o sargento Almir Pellanda nega ter matado o jovem Alexander. Porém, confirmou, no segundo depoimento dado ao delegado de Vargem Alta, que mantinha “um relacionamento amoroso” com o jovem, depois que rompeu o casamento com uma mulher.
Segundo o delegado José Rafael Machado, laudos da perícia apontam que o sargento teria dificultado o trabalho da polícia, alterando o local do crime, mudando o corpo do rapaz do lugar e forjando suicídio. “A versão dele veio por água abaixo após provas periciais. Não temos dúvida de que o rapaz foi assassinado. Não cometeu suicídio, conforme alegou na ocasião o suspeito”, afirmou o delegado.
Segundo José Rafael, logo depois da morte de Alexander, o sargento Almir Pellanda teria conhecido outro jovem, de 17 anos, com quem “passou a ter um relacionamento amoroso”. Esse outro adolescente, segundo o delegado, teria tentado se matar, tomando chumbinho. O jovem teria sido instigado a praticar suicídio pelo sargento Pellanda, conforme informação do delegado José Rafael, que está concluindo o inquérito para indiciar o militar no artigo 122 do Código Penal Brasileiro.
Este caso está também sob análise do Ministério Público Estadual. No momento, o juiz José Flávio D’Angelo Alcuri, atendendo solicitação do delegado José Rafael, determinou a quebra do sigilo dos dados cadastrais telefônicos de Almir Pellanda e do jovem que se salvou da morte “com o fim específico de fornecer a este Juízo as contas reversas das referidas linhas e os respectivos IMEIs dos aparelhos celulares”