O coronel da reserva da Polícia Militar de Minas Gerais Klinger Sobreira de Almeida revela, em artigo, a intenção do Partido dos Trabalhadores em extinguir com as Polícias Militares Estaduais de todo o Brasil. Segundo ele, a intenção dos petistas ficou clara em documento produzido pela direção do partido ao final do 5º Congresso Nacional do PT, realizado em dezembro do ano passado. Depois que se aposentou, o coronel Klinger se mudou para o Espírito Santo, onde é escritor e executivo empresarial – trabalha para um grande grupo de transporte rodoviário.
Apontado como um dos ícones da Polícia Militar mineira, o coronel Klinger fala de sua infância, revela como entrou na PMMG e conta porque, do seu ponto de vista, o PT quer acabar com as Polícias Militares.
“No exercício do poder, o PT foi-se despojando da veste ética, dos programas políticos que atraíram o voto da classe média, e desafivelou a máscara. Era tudo, infeliz constatação, marketing. Não havia programa de governo. Havia, isto sim, programa de poder. Manter o poder e dominar: Legislativo e Judiciário. Lotear as estatais e seus fundos de previdência. Ganhar, a qualquer preço, os Estados e Municípios. Nesse afã, os fins – domínio da nação e eternização no poder – justificariam os meios táticos e estratégicos ( eivados de desonestidade, mentira, falsidade, solércia, felonia, corrupção despudorada…). Os escândalos afloravam. Lula – nada sabia, a tudo ignorava, segundo o figurino que lhe fora traçado – tornou-se o ícone, a lenda, o messias… O desenho dos marqueteiros funcionava: o menino nordestino, retirante, que se fizera líder dos pobres, dos negros, dos oprimidos. Nessa maré, os grandes projetos, inclusive Educação e Segurança Pública, ficaram no papel, pois, na verdade, eram meros engodos, empulhações para venda de um produto que, constatávamos, trazia em seu bojo vício redibitório absoluto”, diz o coronel Klinger.
Abaixo, o artigo do coronel Klinger Sobreira de Almeida
DELENDA PM!!!…Ou DELENDA PeTralha?!…
I – INTRODUÇÃO
Consultando o Dicionário de Palavras e Expressões Estrangeiras, de Luís Augusto Fischer, Ed. L &PM, encontro e transcrevo parte:
Delenda Carthago – Expressão latina que ficou na linguagem culta do português (…) para insinuar que se deve tomar medidas drásticas na situação. Literalmente, quer dizer “Destrua-se Cartago”, isto é, a cidade de Cartago deve ser destruída. Li ainda há pouco em jornal a frase “Delenda PM”, significando “A Polícia Militar deve ser destruída…”.
Nesse mesmo diapasão, o PT, partido político de estofo marxista, que empolga o poder, em seu 5º Congresso Nacional, realizado de 12 a 17 de dezembro de 2013, dentre as inúmeras moções aprovadas, algumas de uma estultice incrível, soltou a que abaixo reproduzo:
“MOÇÃO – ‘NÃO ACABOU, TEM QUE ACABAR, QUEREMOS O FIM DA POLICIA MILITAR’ Uma das principais permanências da ditadura em nosso país é a atuação da policia militar. Nossas forças policiais são as que mais matam no mundo e esses mortos tem idade, cor e origem, são jovens, negros e moradores da periferia. Durante a jornada de junho vimos o aparato repressor da PM nas ruas coibindo movimentos sociais e ativistas. A desconfiança da população com a polícia aumentou para 70%. Das ruas nasceu o grito : “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar”, o que sempre foi uma luta histórica da militância em Direitos Humanos ganhou apoio popular. O Partido dos Trabalhadores que sempre esteve na trincheira de luta por Direitos Humanos deve defender a desmilitarização da policia militar.”
A moção deixa uma intenção cristalina do PT, partido que governa a nação: destruir as polícias militares.
Podemos permitir isso? Temos, ou não temos o dever de repudiar, reagir, desmascarar esses vendilhões do povo? Sim, não podemos permitir a propagação dessa tolice, devemos repudiar, reagir, desmascarar os cínicos, ou ingênuos que não tiveram condições mentais de dimensionar o abismo em que se precipitam… Eu me alinho, e digo o porquê.
II – Porquê amo as Polícias Militares
Sou filho de soldado da força pública mineira. Nasci, em Alvinópolis, num conjunto que abrigava Delegacia de Polícia, Destacamento Policial e Cadeia Pública. Vim à luz num cômodo vago da cadeia porque meu pai, que chegara à cidade naquele ano de 1940, trazendo minha mãe Nelsina – a saudosa índia, grávida – em um carro de boi, não encontrou barraco para alugar. Essa era a sina do miliciano, proteger o povo nos mais distantes rincões, a profissão não contemplava oásis, o deserto era sem fim.
Tomei feição de gente nos sucessivos destacamentos pelos quais o soldado Machado serviu como guardião da ordem pública, ora na zona da Mata, ora no Sertão bravio.
Aos 7 anos, Belo Horizonte, meu pai fazia o CCC – Curso de Candidato a Cabo, no Departamento de Instrução. Concluído o curso, a promoção, e fixação na capital, a fim de que os filhos pudessem estudar. Em 1950, o velho, trabalhando incansavelmente em prol da segurança do próximo e estudando muito, consegue ingressar no Curso de Formação de Sargentos. Ao final do ano, recebe as divisas da graduação.
O lavrador de família paupérrima alcançava um status: sargento da Polícia Militar.
Garoto, mas trabalhando para trazer recursos ao lar, porquanto o salário do policial era baixíssimo e ainda atrasava meses, ingressei, aos 12 anos, no antigo Admissão ao Ginásio do Colégio Tiradentes da PMMG. E nesse educandário exemplar, o pré-adolescente foi internalizando, em gotas, a grandeza de uma instituição.
À época, o preconceito racial e a aversão aos pobres, às vezes disfarçados, vicejavam em algumas camadas da chamada classe média-alta. A exclusão era visível. As barreiras se antepunham à ascensão daqueles oriundos das esferas desfavorecidas, que, nas periferias, habitavam barracos quase sempre de adobe ou palhoças. Pobre, negro e índio não tinham vez nos ambientes de luz ou escadas para alcançar os patamares mais elevados da sociedade. Porém, no corpo de alunos do Tiradentes era diferente: filhos de soldados, cabos, sargentos e oficiais, numa mix de pretos, brancos, morenos, loiros, pardos e mulatos viviam em tranquila e produtiva interação. E os professores? Negros, mulatos e brancos formavam o quadro docente, sob a regência do Diretor – Ten. Argentino Madeira – filho de um soldado. Dessa infância querida, guardo, dentre as muitas, a lembrança de um negro fenomenal em inteligência e lhaneza – o Ten. Doro – também filho de um soldado, que nos fez amar a Matemática. Esse tenente matemático chegou a coronel na década de 60/70, introduzindo na corporação o controle orçamentário e as auditorias. Na verdade, o Colégio Tiradentes refletia a Polícia Militar, instituição pública pioneira em acolher todos os brasileiros e colocá-los num mesmo nível de oportunidades, abrindo-lhes a senda da mobilidade social na seara do esforço individual e do mérito. Era instigante ver o conjunto – oficiais, sargentos e soldados envergando aquela briosa farda de túnica ajustada no colarinho, culotes e perneiras – e até a criança, filho de miliciano, sentia inusitado orgulho. Não havia, no meio dos milicos da força pública, a danosa compartimentação racial ou de status econômico que, infelizmente, nas décadas de 40/50, insistia em imperar em alguns segmentos tidos como instituições nobres.
Direto do Tiradentes, ingressei aos 17 anos, por concurso, no Curso de Formação de Oficiais – CFO, quando, numa amplitude maior, pude vivenciar a PMMG. Na imensidão do pátio do Departamento de Instrução, as formaturas exibiam uma paisagem humana matizada: brancos, negros, amarelos e vermelhos… filhos de soldados, sargentos e oficiais, jovens dos bairros periféricos junto aos oriundos das regiões da classe média.
Em 1958, o Xerife Geral, aluno do último ano do CFO, meu primeiro contato em termos militar, era um negro – Nogueirão – que começara a carreira como soldado e passara pelo curso de sargento. No ano seguinte, assumia o Xerifado no reinício das aulas, um aluno, filho de um sargento de Bom de Despacho, que, soldado no 7º BI, fizera o curso de sargentos obtendo o 1º lugar em 1956 e, no ano seguinte, 1º lugar no CFO. Era um negro de inteligência privilegiada, enérgico e firme no comando, que desfilava carregando o estandarte da escola, o hoje coronel-reformado Luiz Sabino, brilhante Advogado e Economista. Ainda no CFO, tive a oportunidade de recepcionar lições preciosas de vida do então Major Georgino Jorge de Souza, Diretor de Ensino, Delegado de Polícia famoso por sua intrepidez e inteligência. Georgino, um negro, oriundo de Brumado/BA, com formação humanista, ingressara como soldado na força pública mineira em 1935, e construiu uma carreira a golpes de talento, tornando-se, anos depois, um ícone da advocacia no norte mineiro. O Departamento de Instrução, ao longo de 4 anos letivos, nos foi não só um Templo do Saber com seu Quadro Docente de valor inquestionável, mas, e sobretudo, o areópago educacional que nos deu insumos para a vida.
As Polícias Militares, e isto afirmo por testemunho, vivência e interação com as organizações brasileiras, foi a primeira instituição brasileira, a acolher, sem reservas e sem barreiras de ascensão, os miseráveis das periferias, inclusive os negros. Foi a primeira instituição a dar o tratamento igualitário, focando na ascensão o mérito intelectual e a tessitura moral, a filhos de soldados, cabos, sargentos e oficiais. Nunca houve distinção. Vivi isto como filho de um humilde soldado, e chegando ao posto de coronel.
Foi na Polícia Militar, enfrentando o marginal perigoso e atendendo populações em situações adversas, convivendo com os camaradas milicianos nas dificuldades, que moldei o meu caráter. Na corporação, convivi com chefes e companheiros que me deram grandes lições de vida, e o maior de meus mestres foi um mulato que se tornou uma lenda mineira – repositório de fortaleza de caráter, dignidade e bravura – como Delegado de Capturas nas décadas de 40/50 e 60 (o legendário “Cap. Pedro). Na corporação, fiz cursos não só em Minas, mas em outros estados brasileiros, incorporando valores morais que foram impulsos valorosos ao longo da vida.
A Polícia Militar, nesta definição englobo todas as corporações milicianas brasileiras, é uma instituição síntese da nacionalidade. Como polícia de patrulha e guarda, vem, com raízes no Brasil-Colônia, atravessando o Império e adentrando a República. Esteve presente, ativa e dinâmica, em todos os movimentos que consolidaram a pátria. Desde o imortal Alferes Tiradentes cavalga nas estradas prevenindo e reprimindo o crime, levando a tranquilidade pública às grandes urbes e aos distantes rincões. A Polícia Militar tem história, carrega dentro de si a seiva da nacionalidade. Jamais parou no tempo, foi sempre uma viajante da evolução. E mais – e principalmente – desde a sua gênese, medrada em raízes que traziam a sina do sacrifício e abnegação, a Polícia Militar constituiu-se em portal para ascensão dos filhos das classes miseráveis e oprimidas. É um papel cumprido que o painel da história traz insculpido em luzes que nunca se apagam.
A Polícia Militar é perfeita? Não! Como toda instituição humana, tem visto grassar em seu seio ilhas indesejáveis, ora de violência, ora de corrupção, ora de fraude… Ela, acolhendo seres humanos ainda em lenta e gradual evolução consciencial (moral), é tal qual as demais instituições com seus desvios, às vezes terríveis e inacreditáveis. São as minorias que permeiam tudo e todos. Vejam a Igreja Católica, as Igreja Evangélicas, as Corporações de Médicos, Advogados, Contadores, Engenheiros, os Sindicatos Patronais ou de Trabalhadores, a Magistratura, as Empresas Estatais e Privadas, os Partidos Políticos etc… E por aí podemos alinhavar escândalos de variados matizes emergindo temporal e espacialmente. Assim, a Polícia Militar, composta de humanos, não é exceção. Contudo, há uma diferença. Alguns segmentos ou corporações, por espírito de corpo ou vergonha, titubeiam, tergiversam diante das vilezas e sujeiras perpetradas por seus membros. Escondem-nas ou protegem os “pecadores”. Na Polícia Militar, em decorrência da cultura militar, caracterizada pela honra e pundonor, que vem da raiz da instituição, tal conduta não encontra guarida. Em seu seio, não se compraz nem se contempla o homem ou mulher que, enxovalhando a farda, traveste-se em delinquente pela violência, corrupção ou qualquer ato que infrinja a lei penal ou o estatuto moral da sociedade; não se empurra entulho para debaixo do tapete. Em suma, a Polícia Militar, por raízes e tradição, cultiva a ética da sociedade que abomina a empulhação, o cinismo e o crime. A Polícia Militar tem sido severa e intransigente, às vezes cortando na própria carne, com aqueles que, à sombra da farda, se embrenham por desvios.
Amo as Polícias Militares porque são instituições organizadas, disciplinadas, dignas, sérias e fundadas em padrões éticos, esteios bisseculares da ordem pública. Porque são democráticas e profundamente enraizadas na base da nacionalidade. Porque são povo na sua amplitude total e magnitude plena, sem divisões raciais ou de status econômico. Porque têm estofo moral, não transformam delinquentes em “heróis” nem fazem “caixinhas” ou arrecadação coletiva para amenizar a pena dos transviados da nobre missão. Porque são instituições evolutivas no quadro da justiça social e das aspirações espirituais da sociedade.
III – PorquÊ o Partido dos Trabalhadores – PT quer o fim das Polícias Militares
Quando se busca a gênese do PT, constata-se que ele nasceu, lá naqueles primórdios da década de 80, de um impulso nobre. Intelectuais de renome, alguns da linha marxista-leninista, se juntaram a artistas, a políticos insatisfeitos com os rumos aéticos da política e a sindicalistas, tendo por ícone Lula, que se sobressaíra na abertura Geisel/Figueiredo, e fundaram um partido político diferente, cuja linha mestra, segundo o enunciado, seria o “fazer política sem os velhos e malsinados costumes”, seria a luta pela justiça social e a adoção da ética como norma de conduta.
Lindo! Fabuloso! Fantástico! Mesmo quem não era aficionado da política partidária se entusiasmou. Eu tive irmãs e outros parentes e amigos que, fascinados, embarcaram nas águas do idealismo petista.
Nessas águas do idealismo, corria a década de 80, e o PT, acolhendo políticos de viés esquerdista, porém democráticos, recepcionou também facções de variados matizes ideológicos: marxistas-leninistas, trotkistas, fidelistas, maoistas etc. Entretanto, tudo valia a pena, o importante era a ética a ser recuperada na seara política e o embate sem tréguas pela justiça social, buscando-se romper o imenso gap da distribuição de renda, encurtar a distância entre miseráveis, pobres e ricos… Veio a Constituinte que, talvez por insensatez de suas correntes radicais, encontrou um PT raivoso e intransigente, não querendo composições, ignorando o caminho do meio, que consiste na busca de um denominador comum para aquietar anseios, aspirações e desejos. Apesar do PT, minando esforços e atravancando, o equilíbrio dos moderados sinceros da Assembleia Constituinte, sob a regência do saudoso Ulisses Guimarães, logrou costurar uma Constituição de linhas democráticas e bem avançada, cognominada “Constituição Cidadã”, cuja essência acenava um sendero de ética e justiça social. O PT obstruíra, opusera-se, mas iria usufruir da nova Lei Magna.
Década de 90. O PT quase conquista o poder, porém a esperteza de Collor o derrota. Mas o PT crescia gradualmente e, incorporando práticas estudantis e sindicalistas, mostrava que sabia manobrar as massas, que era persistente. Assim, representou peça importante no defenestramento democrático da corrupção que, vindo de antanho, exacerbara sob a égide de Collor. Sua juventude, embora não fosse a protagonista, integrou-se ao movimento dos “caras pintadas”.
Na sequência dos anos 90, o PT, numa postura cada vez mais raivosa – tentou de todas as maneiras boicotar o Plano Real, que nos tirou do atoleiro da inflação – e se opôs sistematicamente a todos os avanços do Governo FHC, inclusive o Bolsa Escola e a privatização de gigantes estatais que navegavam na improdutividade e assumiam o papel de distribuidoras de sinecuras.
E, deste modo, assistia-se a trajetória ascendente do PT que, em cada eleição, conquistava enclaves de importância no legislativo e prefeituras de municípios, chegando, inclusive, ao governo de alguns estados.
Eleições 2002: Presidência, Governos dos Estados, Senado e Legislativo. O PT, engavetando o discurso ameaçador e raivoso, veio ao eleitor com uma roupagem colorida. Duda e grandes marqueteiros auxiliares construíram um marketing insinuante, penetrante e irreprochável. E os brasileiros, tal qual um herói de Homero, perdido em mares turbulentos, foram no “canto da sereia”. Eu, inclusive. Votei em Lula para Presidente da República. Por que? Apesar de anos de vivência e estudos, entusiasmei-me principalmente com 2 volumosos programas: Segurança Pública e Educação. Examinei-os integralmente. Seriam a redenção do Brasil. Havia acenos de ordem e evolução. Interessei-me pelos demais programas. Reparei nos elaboradores dos programas e na equipe de assessores de Lula. Sim, pensei, Lula acordara, era outro! Ele faria o grande salto, mormente na Educação.
Embriagado no sonho, esqueci-me daquela fábula do sapo e do escorpião, que nos ensina que a natureza não se modifica. O sapo acreditou que o escorpião era sincero e deu-lhe o amparo do nado para atravessar a lagoa. Ambos, após a atroz e venenosa ferroada, se afogaram. Antes, porém, o escorpião se desculpou: a maldade é minha natureza. Na trajetória política dos povos, essa fábula foi muito repetida por pseudo-estadistas que, galgando o poder, ferroaram de morte os companheiros de jornada. A história da URSS nos mostra líderes como Kirov, Kamenev, Zinoviev, Bukharin e tantos outros expoentes do bolchevismo que, iludidos, pagaram com a vida em holocausto à natureza pérfida e cruel de Stalin. Se no escorpião temos a natureza venenosa e cruel que apanha o distraído, o incauto ou ingênuo, no homem, cuja tessitura de caráter tenha a massa do veneno e da crueldade, a situação piora, porque se agrega a ela a inteligência. Essa simbiose leva à perseguição sem tréguas ao alvo da vileza, como fez Stalin em relação a Trotsky, o amigo de Lenine e formador do Exército Vermelho: caçou-o até trucidá-lo no exílio do México.
No exercício do poder, o PT foi-se despojando da veste ética, dos programas políticos que atraíram o voto da classe média, e desafivelou a máscara. Era tudo, infeliz constatação, marketing. Não havia programa de governo. Havia, isto sim, programa de poder. Manter o poder e dominar: Legislativo e Judiciário. Lotear as estatais e seus fundos de previdência. Ganhar, a qualquer preço, os Estados e Municípios. Nesse afã, os fins – domínio da nação e eternização no poder – justificariam os meios táticos e estratégicos ( eivados de desonestidade, mentira, falsidade, solércia, felonia, corrupção despudorada…). Os escândalos afloravam. Lula – nada sabia, a tudo ignorava, segundo o figurino que lhe fora traçado – tornou-se o ícone, a lenda, o messias… O desenho dos marqueteiros funcionava: o menino nordestino, retirante, que se fizera líder dos pobres, dos negros, dos oprimidos. Nessa maré, os grandes projetos, inclusive Educação e Segurança Pública, ficaram no papel, pois, na verdade, eram meros engodos, empulhações para venda de um produto que, constatávamos, trazia em seu bojo vício redibitório absoluto.
Os homens e mulheres sinceros, idealistas que sonhavam, assistindo a realidade que se delineara em horizontes cada vez mais enevoados de fumaça, foram saindo: Hélio Bicudo, Frei Beto, Cristóvão Buarque e tantas outras reservas morais da nação. À esteira da debandada, os grandes malfeitos emergiram, e o “mensalão” constituiu-se na mais desavergonhada trama que a República nunca vira. Caíram ministros, rastejaram parlamentares, já que a lama era insustentável. Porém, por incrível que pareça, Lula – num torvelinho de desculpas, negaças, histórias fantasiosas… – escapou ileso e foi reeleito Presidente, após o que tentou, de todas as formas, num cinismo e numa hipocrisia jamais vistos, sepultar o processo do mensalão. Essa conduta estranha e ousada, que só a mestra história nos deslindará daqui a algumas décadas, daria muitos livros ( alguns já existem nas livrarias, desnudando engodos, falcatruas e felonias). Ainda agora, no prelúdio de campanha eleitoral que deverá provocar grande entrechoque entre situação e oposição e, certamente, a PeTralha utilizará de seus meios sórdidos para montar dossiês, fabricar calúnias etc, os marqueteiros já calçaram Lula, conforme noticiaram os jornais de 31 de janeiro p. passado. Este, maquiavelicamente, ou sabidamente, postou no seu perfil do Facebook um vídeomensagem do “Lulinha de paz e amor”, criticando o uso da internet para disseminar calúnias e pregando a suavidade e lisura na campanha política”. Ora, ora!… Eis a enganação, coisa da inteligência de seu marketing. No decurso da campanha, caso algo de errado extrapole e venha a público, ou as estripulias para assassinar a reputação de adversários seja ocasionalmente descobertas, Lula estará em proteção preventiva e poderá, com a candura de sempre, dizer: “fui traído”, “isso é coisa de alguns aloprados”. Pena que nosso povo, mantido grande parte no analfabetismo, não lê, não ouve e não percebe o que “bandidos” arquitetam em seu desfavor, não sabe entender, muito mais por boa fé, o que se passa nas entrelinhas da imensa seara onde viceja a “cultura da razão cínica”.
Num primeiro exame linear, entende-se porque a PeTralha quer exterminar as Polícias Militares. São instituições visceralmente diferentes. Estas nasceram e medraram no seio das comunidades, formando um todo com uma finalidade, um papel social bem claro: manter a paz e a tranquilidade social. Assegurar o progresso das comunidades, prevenindo e reprimindo o crime, exercitando, enfim, ações de segurança pública. Suas raízes bisseculares, rijas em brasilidade, ensejaram instituições cujos membros se ancoram no espírito de sacrifício, na abnegação, na ética… Os desvios de conduta, fatalidade entre humanos, são tratados à luz da lei. Há o expurgo. Inexiste conluio para dividir o butim ou eliminar companheiros. Quanto à PeTralha, a história recente do poder, que começou, em nível municipal na década de 90, nos mostra a ânsia da corrupção (salvo raras e honrosas exceções), o avanço açodado às benesses públicas, lembrando-nos do dito popular: “quem nunca comeu melado, quando come se lambuza”. Os petistas lambuzaram-se, chegando até ao assassinato na divisão do butim. E mais: não há expurgo dos delinquentes, estes continuam ofendendo até juízes e promotores que tiveram a ousadia de enquadrá-los; autoprotegem-se promovendo “vaquinhas” para saldar sanções pecuniárias. Isto, em mais de dois séculos de história de algumas Polícias Militares, jamais se teve notícia. Isto é vergonhoso e inacreditável. No contexto desse diapasão ético-moral, PT e Polícias Militares são instituições que cultivam e praticam valores antagônicos. Aqueles não as suportam, pregam a destruição destas. Psicologia e sociologia explicam o ranço da PeTralha.
Num segundo e mais profundo exame, este de cunho estratégico, entende-se o porquê do PT, através de seus PeTralhas, alardear, clamar e fazer coro para “acabar com as Polícias Militares’. Seu segmento, hoje dominante, constrói um plano de poder, conforme diretrizes que vêm sendo traçadas nos sucessivos encontros e congressos do Foro de São Paulo, organização criada nos anos 90 por Lula e Fidel Castro, para chegada ao poder. Esse Foro não apresenta disfarces: é filosófica e politicamente marxista-leninista, prega-se uma linha bolchevista de tomada do poder, prega-se a luta de classes e a ditadura do proletariado. Tudo isso é incrível diante da história que nos mostra uma implantação violenta em 1917; nos exibe um monstro Stalin, rival de Hitler em exterminar seres humanos pela fome, por desterro em regiões geladas, pelo fuzilamento, pelo assassinato puro e simples; nos mostra as façanhas de um Mao Tse Tung que, decadente, presenteou os chineses, na década de 60, com incompreensível, aterrorizante e macabra “Revolução Cultural”. Tudo isso é incrível, repito, sabendo-se do fracasso histórico desses regimes que, fundados na utopia materialista, erigiram catástrofes e suprimiram as liberdades.
Para que esse modelo exótico – autêntico dinossauro – ser implementado, é preciso, a par de manter a massa iludida com “esmolas” e na ignorância, minar as forças de resistência da sociedade, é necessário fazer ruir instituições de alicerces sólidos, lastreados em valores. Assim, criem-se situações que levantem uma atoarda contra as Polícias Militares, provoquem cizânias, acirrem contradições entre corporações. Destruídas as Polícias Militares, fácil seria esfacelar a frágil Polícia Civil. Então, no lugar a polícia do partido à semelhança da Tcheca, NKVD e outras siglas tenebrosas, que efetuará prisões na surdina, não respeitará lares nem noites. À esteira, as Forças Armadas, sucateadas e desmoralizadas, verão emergir em seu lugar milícias populares e um exército vermelho. O resto da nação, vergastada pelo medo – e o medo é terrível: dá pânico, imobiliza… – irá se quedando, submetendo-se como o cordeiro que caminha para a degola.
Não creio que todo o PT, ainda relativamente mobiliado de homens e mulheres inteligentes e de visão, queira marchar rumo ao retrocesso de uma mensagem baseada no materialismo dialético, que preconiza a ruptura de uma nação através de luta de classes, de confrontos irreversíveis, que, após destruições, levarão ao nada. Mas quem o comanda hoje, e prega essas estultices, inclusive o Delenda PM, é a parte emprenhada no fanatismo ideológico, a parte raivosa e vingativa. Esses tresloucados não medem consequências. Portanto, as Polícias Militares, alvos da ocasião, devem se precaver e, como instituições de raízes profundas na brasilidade, resistir.
IV- COMO ANULAR A AMEAÇA PETISTA
Antes de adentrar numa estratégia para desmascarar a PeTralha, alguns comentários. A Polícia Militar precisa de reformas? Sim. Tenho afirmado isto em alguns artigos. Embora meio irrelevante, sempre achei que a denominação atual da organização, que vem da década de 40, é imprópria. Sempre preconizei o retorno a uma das antigas denominações: Força Pública ou Força Policial. Polícia Militar, dentro da concepção original, de Exército em campanha, tem uma conotação totalmente diferente na essência da finalidade: é polícia de ordem e disciplina em zona de ocupação de exército ; é polícia para policiar o militar.
Contudo, alguns se arraigaram à “equivocada denominação” que, dentre seus males, fez surgir um oposto, ou seja, a também equivocada denominação Polícia Civil para a tradicional Polícia Judiciária. Não só a Polícia Militar, mas a polícia como um todo precisa de políticas de valorização humana, necessita de regulamentos que permitam maior controle no uso da força e vede a propagação da corrupção (essas premissas são constantes das polícias do mundo inteiro). A organização militar – alicerçada na hierarquia e disciplina – assegura o controle de tropa armada. Se se fraquejar na disciplina, teremos bandos. Os países mais adiantados dispõem de forças públicas com organização militar (carabineiros na Itália e no Chile, Gendarmeria na França e outros países, Guarda Civil espanhola, polícias municipais americanas, Real Polícia Montada no Canadá etc.). As Polícias Militares brasileiras seguem o modelo universal, porém, como as congêneres, não são forças de guerra, são preparadas para prevenir e reprimir a delinquência. Seus métodos, treinamentos e finalidade não guardam qualquer similitude com o Exército (só os fanáticos ideologizados não entendem ou não querem ver o que é óbvio).
Feitas estas considerações, partamos para uma reflexão inicial com eixo numa premissa básica: não é lícito demonizar o PT. Este partido, como toda organização humana, tem uma parte de homens e mulheres sensatos e inteligentes – que nele permaneceu, apesar das podridões expostas – como tem aquela porção que grita e impõe, a que o vulgo tem denominado de PeTralha, com o P e T bem salientes. A banda séria e pensante do PT, tão somente atrelada em ideais socialistas – legítimos como outros ideais, desde que não contenham viés de supressão de liberdade e o sufoco do indivíduo – talvez pegue as rédeas da agremiação que, atualmente, está como um corcel solto, e reveja as moções incabíveis, inclusive esta: NÃO ACABOU, TEM QUE ACABAR, QUEREMOS O FIM DA POLÍCIA MILITAR.
No que tange a essa palavra de ordem da PeTralha, os mais ou menos 500.000 milicianos brasileiros – ativos, reserva e reformados – juntados à uma rede de esposos, esposas, filhos e filhas, pais e mães, avós e avôs, cunhados, cunhadas, noras, genros, sobrinhos, sobrinhas, netos, netas etc, que pode chegar a uma família afetiva de 10 milhões, certamente não aceitam o fim da bissecular instituição Polícia Militar.
Espalhados e posicionados firmemente em 26 estados, 5.570 municípios e um Distrito Federal, vão se unir, criar uma defesa contra a insensatez levantada no clamor de um monte de insensatos; vão rebater a propagação da mensagem sem nexo e sem razão. Porém, como temos princípios e valores, não devemos nos mover pelo ódio e retrucar em uníssono: “Queremos o fim do PT”, Delenda PT. Ideias malsãs não constroem. Vamos agir, erigir uma estratégia, tendo por lastro o Amor. Assim, chegaremos ao coração de todos os brasileiros.
Uma ameaça foi enunciada, aprovada em congresso de um partido político que, eventualmente, acha-se à frente do poder executivo da União, de alguns estados e municípios, além de enorme representação legislativa. Na organização sedimentada em hierarquia e disciplina, como as Polícias Militares, cabe aos comandantes, líderes institucionais, esclarecer a tropa, não permitir que uma inquietação ou ansiedade permeie a mente daqueles que, no dia-a-dia, estão engajados em espinhosas e, às vezes, dolorosas missões para assegurar a paz e tranquilidade social. Talvez fosse conveniente uma tomada de unidade, consensada em reunião do Colégio de Comandantes Gerais (embora afastado da ativa há mais de 25 anos, tenho ouvido falar nesse colégio). Assim, debatido o assunto e alinhavado o pensamento, toda a tropa deveria ser devidamente esclarecida sobre a insensata moção e sua inocuidade. A palavra dos comandantes tranquiliza.
Num segundo momento, ou concomitantemente à ação dos comandantes, os diversos segmentos representativos, semeados pelo Brasil, devem entrar numa ação de contraofensiva, repudiando a moção e o seu absurdo. Devem se juntar – União de Policiais-Militares da Ativa e Reserva, Associações de classe, entidades representativas: Clubes de Cabo e Soldados, Sargentos e Oficiais, Associação de Viúvas e Pensionistas etc. Juntados, criar uma comissão em nível nacional; arrecadar recursos para a contratação de profissionais de mídia e marketing. Nada de amadorismos e palpites. A estratégia será persistente e profunda, traçada por profissionais competentes e controlada nos seus resultados.
Por derradeiro o principal. A instituição, como um todo, é força pública obediente ao poder político, não pode ter ligação partidária, seu partido é a lei. Contudo, cada miliciano, de per si, pode ter sua opção política: vota e é elegível para qualquer cargo. Diante da ameaça da PeTralha, vamos vigiar nessas próximas eleições, nenhum PeTralha deve ser eleito. Denunciá-los e expô-los ao crivo dos companheiros, familiares e amigos é um dever. Vamos formar uma rede de milicianos da ativa e reserva, convocar os familiares e os amigos, e pedir apoio contra o inimigo comum: a PeTralha. Olhe bem, não queremos acabar com o PT, mas tão somente esvaziá-lo dos maus e, para tanto, o proselitismo do voto é fundamental. Pode-se votar em candidato do PT? Sim, desde que ele se manifeste claramente contra essa estultice dos PeTralhas: acabar com as Polícias Militares; desde que o candidato petista seja uma pessoa do bem. Como afirmamos em premissa inicial: não é lícito demonizar o PT. Porém é lícito, segundo a ensinança de Cristo, separar o joio do trigo.
Creio que a resposta tem de ser dada, mas em alto nível. As Polícias Militares, representadas por uma imensidão de brasileiros, não podem nem devem descer ao nível rasteiro dessas turbas.
Unidos e coesos nos ideais legados pelo imortal Alferes Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes – patrulheiro dos ínvios sertões da Capitania do Ouro, os milicianos brasileiros poderão dar uma resposta eficiente, eficaz e efetiva aos PeTralhas que preconizam a destruição não só das Polícias Militares, mas da Pátria, tal qual a herdamos e a consolidamos sobre princípios e valores. E outras instituições, também ameaçadas por uma progressão ideológica perigosa, poderão a nós se agregar, numa mesma linha de resistência. Ao final, o bem haverá de vencer.