“Aqui ninguém mais ficará depois do sol/No final será o que não sei mas será/Tudo demais, nem o bem, nem o mal, só o brilho calmo dessa luz…Aqui também é bom lugar de se viver/Bom lugar será o que não sei mas será/Algo a fazer, bem melhor que a canção mais bonita que alguém lembrar…”
No final dos anos 70, o grupo musical 14 Bis fazia sucesso nas rádios e em shows com a música “Planeta Sonho”, escrita por Flávio Venturini e Márcio Borges. O hit até hoje é cantado pela banda mineira e por outros intérpretes e fala de um lugar desejado por toda a humanidade: a paz. Sim, a paz desejada pode ser um lugar de se viver, como bem disse em sua mensagem de fim de ano, o Papa Francisco.
Pode ser até contraditório para alguns, mas o Espírito Santo tem lugares de paz para se viver. Pelo menos oito municípios capixabas registraram índice zero no quesito número de homicídios no ano que se findou. Um desses municípios está há três anos sem registrar assassinato; outro, só teve dois homicídios nos últimos 13 anos.
Os números acabam de ser divulgados pelo subsecretário de Gestão Estratégica da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Gustavo Debortoli. Os oito municípios que não tiveram registro de assassinato em 2013 são Marilândia, Água Doce do Norte, Afredo Chaves, Atílio Vivácqua, Divino São Lourenço, Jerônimo Monteiro, São José do Calçado e São Roque do Canaã:
“Desses oito, Alfredo Chaves está com índice zero desde 2011. Já o município de Divino São Lourenço registrou dois assassinatos nos últimos 13 anos. Jerônimo Monteiro teve último homicídio verificado em 2009”, informou o subsecretário Gustavo Debortoli.
Em compensação, os municípios maiores – como os da Região Metropolitana da Grande Vitória – puxaram para cima o índice de assassinato, embora o Estado permaneça registrando queda. No ano passado, foram registrados 1.565 homicídios em todo o Espírito Santo, contra 1.661 em 2012, o que representa uma redução de 6%. O Estado vem registrando queda desde 2009, quando o número de assassinatos chegou a 2.034. Naquele ano, a cada 100 mil habitantes, 58 eram vítimas de assassinato. Em 2013, o índice caiu para 40.
Por outro lado, distante do drama das grandes cidades – como os municípios da Grande Vitória, além de Linhares, São Mateus, Colatina e Cachoeiro de Itapemirim –, há outros cantos do Espírito Santo que ainda existe um pouco de paz. São outros oito municípios que registraram um assassinato em 2013, enquanto nove cidades tiveram dois homicídios no ano que se passou e 12 registraram três assassinatos em 2013.
A que se deve essa diferença de comportamento entre população do interior e das grandes cidades? “São explicações complexas demais para se estabelecer uma causa. O que fica comprovado é que município com população pequena, o índice de criminalidade tende a ser muito menor”, afirma o subsecretário Gustavo Debortoli.
“A concentração muito grande de população, a população flutuante dos grandes centros, o crescimento populacional rápido das demais regiões do Estado…Enfim, tudo isso acaba influenciando”, completou Gustavo Debortoli.