A Polícia Civil e um grupo de promotores de Justiça prenderam no final da tarde desta sexta-feira (01/06) o ex-policial civil Romualdo Eustáquio Luz Faria, o Japonês, acusado de ser um dos executores da colunista social Maria Nilce Magalhães, morta com quatro tiros na Praia do Canto, em Vitória, em 5 de julho de 1989. Japonês vai a julgamento, pelo assassinato de Maria Nilce, no dia 10 de julho, no Tribunal de Júri de Vitória, junto com o ex-PM Cézar Narcizo.
Em nota, o Ministério Público do Espírito Santo informa que Japonês foi preso graças ao trabalho conjunto do Grupo Especial de Trabalho em Persecução Penal dos Crimes Dolosos Contra a Vida e de Auxílio aos Promotores de Justiça das Varas Criminais do Tribunal do Júri (GETPEJ), com a coordenação do promotor de Justiça Paulo Panaro Figueira; do Grupo Executivo de Controle Externo da Atividade Policial (Gecap), com coordenação do promotor de Justiça Jerson Ramos de Souza; e ainda do Grupo de Operações Táticas (GOT) da Polícia Civil, comandado pelo delegado Fabrício Dutra.
Japonês encontrava-se foragido da Justiça, vez que tem sentença condenatória transitada em julgado pela prática de homicídio praticado no município de Pedro Canário, além de responder pelo crime da colunista em processamento na 1ª Vara Criminal.
A alegada insanidade de Japonês não ficou provada e ele deve ir agora a júri popular.
“Esta prisão é de extrema importância para a resolução de um caso que se arrasta por muitos anos. Acreditamos que, com ela possamos por fim a este processo”, disse o promotor de Justiça Paulo Panaro.
Japonês negociou a sua entrega mediante a presença de promotores de Justiça do MPES. Ele foi capturado na Pracinha de Vila Velha, às 16h30 de sexta-feira (01/06).
De acordo com o Tribunal de Justiça, o júri de Japonês e Narcizo foi redesignado para o dia 10 de julho, às 8h30. A decisão foi tomada pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcelo Soares Cunha, após o pedido, feito no dia 8 de maio, para que seja incluída nos autos do processo nº 024910032226 a advogada Lídia Simone Calado Dornelas Câmara, que é de Brasília.
Maria Nilce foi assassinada aos 48 anos, em 5 de julho de 1989, pela organização que ficou conhecida no Espírito Santo como “Sindicato do Crimes”. Ela estava chegando à Academia Corpo e Movimento, na rua Aleixo Neto, Praia do Canto, por volta das 7 horas, em companhia de sua filha, Milla dos Santos Magalhães.
A academia ficava a cerca de 400 metros de sua residência e normalmente as duas iam a pé, mas naquele dia resolveram ir de carro porque Milla seguiria para a universidade onde estudava.
Quando Maria Nilce saltou do veículo, um homem apontou uma arma para sua nuca. Acionou o gatilho, mas a arma não disparou. Milla gritou, alertando a mãe, que correu em direção a um ônibus na parada em frente à academia, entrando no veículo.
O assassino a seguiu e disparou quatro tiros contra Maria Nilce, dentro do ônibus. Três atingiram Maria Nilce, que chegou morta ao Hospital das Clínicas.
Críticas e ameaça de anunciar envolvidos com tráfico de drogas, feitas na coluna social que escrevia para o Jornal da Cidade, seriam as causas do assassinato. A Polícia Federal apontou como mandante o empresário José Alayr Andreatta, que já foi condenado pelo júri e está foragido da Justiça. Ele teria contratado Japonês, que, por sua vez, teria contratado contratou os pistoleiros José Sasso e Cezar Narciso.
Sasso, que morreu envenenado na prisão, era acusado também de ser um dos assassinos do prefeito Anastácio Cassaro, de São Gabriel da Palha, cujos mandantes foram condenados pelo Tribunal do Júri e tiveram a prisão decretada há duas semanas pela 1ª Câmara Criminal do TJES.
Outro acusado no caso Maria Nilce foi o piloto Marcos Egydio Costa, que deu fuga em seu avião aos pistoleiros. Ele ia também a julgamento junto com Japonês e Narcizo, mas acabou sendo assassinado no dia 27 de janeiro deste ano, em Jacaraípe, na Serra, dentro de seu estabelecimento comercial.