Enquanto o jovem universitário Thiago Mambrini Caetano, 19 anos, era assassinado a tiros dentro de seu carro, em Santa Inês, Vila Velha, na noite de terça-feira (01/11), o Tribunal do Júri de Vitória tem uma segunda chance de julgar outros dois policiais militares também acusados de assassinato. Thiago teria sido assassinado por dois militares: um, que está afastado da corporação porque responde a outros crimes; e o outro, que estava de folga na noite do crime.
A chance dos jurados do Tribunal do Júri do Fórum Criminal de Vitória, que fica na Cidade Alta, é o de fazer justiça, depois de 12 anos. No dia 20 de junho de 1999, o jovem lavador de carros Pedro Nacort Filho foi executado com 22 tiros de pistolas disparados à queima-roupa no Centro de Vitória.
Os suspeitos pelo assassinato são dois policiais militares: Erivelton de Souza Pereira, o Diabo Loiro, e Jeferson Zambalde Torezani, que estão neste momento sentados no banco dos réus no Tribunal do Júri da Capital.
Os dois militares teriam matado o jovem Pedro a mando de um comerciante da Rua 7 de Setembro. Motivo: o comerciante teria descoberto que o jovem lavador de carros tinha um caso amoroso com sua mulher.
No primeiro julgamento, eles foram absolvidos. A mãe do rapaz, Maria das Graças Nacorte, iniciou uma luta. Criou a Associação de Mães e Familiares Vítimas da Violência (Amafavv) e, com a ajuda de outros abnegados, passou a denunciar a violência no Estado.
Graças a dona Maria Nacorte, o então presidente Fernando Henrique Cardoso determinou uma intervenção “branca” no Estado em 2001, mandando para cá uma Missão Especial da Polícia Federal para combater o crime organizado.
Dona Maria Nacorte e o Ministério Público Estadual recorreram do primeiro julgamento e mais tarde o Tribunal de Justiça do Estado anulou o julgamento dos dois militares. Os policiais recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, mas a Corte manteve a decisão e determinou novo julgamento dos acusados.
Nota do Blogueiro: Eu me lembro um dia ter encontrado dona Maria Nacorte no Tribunal de Justiça, saindo do cartório da Primeira Câmara Criminal. Ao saber que os réus no processo da morte de seu filho tinham recorrido ao STJ, ela começou a chorar: “Esse povo tem dinheiro. Os policiais contrataram os melhores advogados criminalistas do Estado e vão até as últimas instâncias para ficar impunes”, dizia ela.
Peguei em sua mãe e perguntei: “A senhora confia em Deus?” Ela respondeu que sim. Falei: então corre e vá conversar com aquele desembargador que está passando ali no corredor que ele poderá ajudar a senhora. Dito e feito. Prefiro manter o nome do desembargador em sigilo, mas ele garantiu a dona Maria Nacorte que os réus iriam ser julgados de novo.
“Eu me tornei a primeira mulher a conseguir a anulação de um júri no Estado”, orgulha-se dona Maria Nacorte. “Mas a vitória final será a condenação dos homens que mataram meu filho”, completa a mãe.
Quanto ao assassinato do jovem Thiago, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa e a Corregedoria Geral da Polícia Militar não podem perder tempo: já deveriam ter prendido os dois militares suspeitos. Soltos, eles poderão apagar provas do crime – caso tenham sido eles mesmos os assassinos – e a intimidar testemunhas.