Morreu no sábado (01/10) em Vitória, vítima de problemas cardíacos, o coronel da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo Marcos Antônio dos Santos. Apelidado por amigos e colegas de farda como Marcão, ele era conhecido por sua fama de linha dura dentro da corporação, onde chegou a ser o subcomandante geral. Passou a ser conhecido nacionalmente depois de denunciar supostos crimes praticados pelo coronel Walter Gomes Ferreira à Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI) Nacional do Narcotráfico, em 2001.
Em audiência pública da CPI do Narcotráfico realizada no edifício Bandes, em Vitória, os dois coronéis ficaram frente a frente por mais de três horas. Em depoimento aos parlamentares da CPI – que era presidida pelo então deputado federal e hoje senador capixaba Magno Malta –, o coronel Marcão denunciou Ferreira.
Imediatamente, o então governador José Ignácio Ferreira mandou prender o coronel Ferreira. A partir daí, Ferreira passou a viver seu inferno astral.
Em uma das prisões determinadas pela Justiça, chegou a ser transferido para o Acre. Hoje, Ferreira, que já foi para a reserva também, responde em liberdade ao processo pela acusação de ser um dos supostos mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho.
Ferreira sempre se defendeu das acusações impostas a ele pelo colega Marcão. Diz que era vítima de “perseguição pessoal”. Ferreira também nega qualquer envolvimento na morte do juiz Alexandre Martins.
Algumas das virtudes do coronel Marcão eram a coragem e a simplicidade. Homem sério e muito íntegro, sua fama era de “grosso, mas tinha um grande coração”.
Segundo oficiais que trabalharam com ele, o coronel Marcão parecia um “menino”. Quando “emburrava” com alguma coisa…
O coronel Marcão era, de fato um oficial corajoso. Inúmeras foram as entrevistas dadas por ele a este blogueiro. Relatava com detalhes a noite em que meia dúzia de policiais militares, em vez de atirar na direção de bandidos que tinham fugido da Unis e havia matado três pessoas, mandaram bala para cima dele (Marcão), que conseguiu escapar ileso. E Marcos Antônio dos Santos garantia sempre que não temia ser alvo de inimigos:
“Eles nunca vão me pegar. Se um dia eu for assassinado, a Justiça saberá quem foi que mandou me matar, porque, coragem, a pessoa que quer a minha morte, não tem para vim pessoalmente até a mim. Continuo minhas caminhadas todos os dias da Praça dos Namorados até Camburi”, dizia ele, nos anos nos anos 2000, sem, no entanto, citar quem queria a sua morte.
O sepultamento do coronel Marcos Antônio dos Santos, o Marcão, será neste domingo, às 16 horas, no cemitério de Jardim da Paz, em Laranjeiras, na Serra.
Que o coronel Marcão descanse em paz! A sociedade capixaba vai sentir a falta de um coronel sério, honesto e corajoso, como ele.