A Grande Vitória registrou oito assassinatos entre às 14 horas de segunda-feira e 2 horas desta terça-feira. Ou seja, em 12 horas, oito pessoas foram mortas. E a pergunta que fica é: onde estava a polícia?
A falta de maior policiamento nas ruas não é culpa exclusiva do atual governo. A história a seguir pode ilustrar muito bem a situação.
Em um almoço com um grupo de jornalistas – com a presença deste blogueiro – no Palácio Anchieta, o então governador Paulo Hartung revelou que num certo domingo à tarde saiu de carro de sua residência na Praia da Costa, em Vila Velha, para levar seu filho ao Aeroporto de Goiabeiras. O filho iria embarcar para o Rio.
No trajeto da Praia da Costa ao Aeroporto – e na volta também –, o então governador disse não ter visto nenhuma viatura nas ruas. Para que fique bem claro: na época desse diálogo, Hartung era o governador do Estado.
Ao final de sua fala, o então governador Paulo Hartung fez um apelo aos jornalistas: que, em vez de cobrarem da Secretaria de Estado da Segurança Pública a presença de policiais militares nas ruas, que fosse cobrado o comandante geral da Corporação; que fossem cobrados os comandantes de batalhões; o chefe do Comando de Policiamento Ostensivo; e os comandantes de unidades menores, como companhias e destacamentos.
Paulo Hartung tinha toda razão: quem manda na PM é o seu comandante geral. Portanto, hoje, a responsabilidade pela ausência de policiais nas ruas é do atual comandante geral, coronel Anselmo Lima, e de seus gerentes.
Embora reconhecesse a falta de policiais nas ruas, foi no próprio governo Hartung que a Polícia Militar começou a operação desmonte. Ou seja, reduziu drasticamente a ostensividade.
Foi por ordem de Hartung que os módulos de segurança, instalados dentro dos corredores de segurança pública criados pelo Pro-Pas, foram desativados logo no início de seu governo.
Foi com o coronel Antônio Carlos Coutinho à frente do Comando Geral da PM – nomeado por Paulo Hartung – que mais de 40 Destacamentos Policiais Militares (DPMs) foram desativados. Com as unidades fechadas, a população perdeu a referência a quem recorrer nas comunidades.
O atual comandante geral da PM, coronel Anselmo Lima, está, portanto, encarando uma herança maldita deixada por seus antecessores. Cercado por bons oficiais, Anselmo deveria reagir, colocando mais policiais nas ruas.
Há quem diga que no Quartel do Comando Geral, em Maruípe, faltam até cadeiras para policiais militares – praças e oficiais – sentarem. Motivo: em vez de estarem combatendo o inimigo nas ruas, os militares são escalados para funções burocráticas. Tem algo errado aí, não é mesmo?