No início de 2003, dois delegados federais assumiam o comando da segurança pública do Espírito Santo. Chegaram aqui já com o serviço completo do que acontecia por trás do crime organizado e com uma visão meio preconceituosa sobre nossas polícias Civil e Militar.
Falo de Rodney Rocha Miranda e Fernando Destito Francischini. Como forma de instalar sua marca, criaram logo sua própria tropa de elite e seu próprio setor de Inteligência.
O governo anterior já havia comprado, a pedido de integrantes do futuro governo de Paulo Hartung, o tal polêmico Guardião, equipamento capaz de gravar mais de 300 mil conversas telefônicas em questões de minutos. Era o início de uma ‘‘nova era’’.
O que ninguém imaginava, naquele momento (início
de 2003), que Rodney Miranda e seu até então braço direito, Fernando Francischini, tivessem pretensões de disputar eleições.
Tiveram e, para surpresa de muita gente, hoje eles fazem parte da classe que mais cresce socialmente no Brasil, que é a política – vide o salário de parlamentares, cujo aumento foi de quase 70% no final de 2010. O deputado federal passou a ganhar R$ 26,7 mil, e o estadual capixaba R$ 20.042,34.
Rodney Miranda (DEM) foi eleito deputado estadual mais votado em 3 de outubro no Espírito Santo, com mais de 65.049 votos; Francischini (PSDB) foi eleito deputado federal pelo Paraná com 130.522 votos.
Rodney Miranda foi o titular da Sesp, enquanto Francischi ficou por conta de uma das subsecretarias. O primeiro, tinha a função de pensar a segurança de maneira mais macro; o segundo, tinha a missão de ir para as ruas ajudar a prender bandidos.
A dupla de delegados federais, que tanto serviço já havia prestado pelo País afora, não agüentou junto a primeira crise no Espírito Santo. Tido como um policial explosivo, Fernando Francischi foi exonerado do cargo meses depois da posse, a mando – diziam na época – do governador Paulo Hartung.
Foi embora daqui cuspindo marimbondo, como diz o ‘‘Apolinho’’ Washington Rodrigues – comentarista esportivo. Teria elaborado um dossiê para ser entregue ao comando geral da Polícia Federal e ao Ministério da Justiça, informando quem fazia parte do crime organizado capixaba.
Tal dossiê, entretanto, nunca foi revelado. Francischini saiu brigado com o então amigo inseparável Rodney Miranda. Cada qual seguiu seu rumo e hoje os dois são parlamentares. E ainda dizem que a segurança pública não dá voto!?
Fernando Francischini navega hoje em outras praias. Virou evangélico. Sua campanha política, no Paraná, teve como foco o combate ao crime organizado e a luta contra as ‘‘terríveis consequências’’ provocadas pelo uso de drogas, conforme informa eu blog.
Ele diz, no blog, que, com essa disposição, se tornou delegado da Polícia Federal depois de ter sido oficial do Exército brasileiro, no 5º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada, em Curitiba; e oficial da Polícia Militar do Paraná, quando comandou a RONE e o COE – Grupos Especiais da Companhia de Polícia de Choque.
Francischini se formou em Direito pela Universidade do Distrito Federal, tem especialização em planejamento operacional, repressão ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em organizações internacionais, cursos realizados em instituições como a Drug Enforcement Administration (DEA), Immigration and Customs Enforcement (ICE) e Interpol.
Foi o 1º colocado nacional nos Cursos de Formação de Agente e também de delegado de Polícia Federal em Brasília/DF. Em 2008, junto com o prefeito de Curitiba, Beto Richa, criou a primeira Secretaria Municipal Antidrogas do País, onde atuou até o começo de 2010.
Criou então programas de prevenção ao uso de drogas e de recuperação de crianças e jovens dependentes químicos, por acreditar que este é o caminho mais eficiente para diminuir o que já é considerado o mal do século: o uso de drogas.
Fernando Francischini não informa em seu perfil no blog, que já ocupou uma subsecretaria da Segurança Pública no Espírito Santo.
Como deputado federal, porém, ele apresenta projetos importantes. Todos voltados para a área de segurança pública. Destaque para: Trabalho obrigatório para presos, para que devolvam ao Estado os custos de sua manutenção; Redução da maioridade penal para 16 anos; Cumprimento de pena em regime fechado para assassinos, estupradores e pedófilos, sem progressão da pena; Castração química para pedófilos e estupradores; Reestruturação Salarial de toda estrutura da Segurança Pública; Reforço ao combate ao tráfico de drogas e armas nas fronteiras do Brasil com outros países da América.
Curioso é que, para o público paranaense, o deputado federal eleito defende a reconstrução dos Módulos da Polícia em bairros de Curitiba, junto às sedes das Companhias da Polícia Militar com monitoramento por câmeras.
Ao chegarem ao Espírito Santo, Francischini e Rodney Miranda tomaram, como uma de suas primeiras providências, acabar como os módulos onde ficavam os corredores de segurança da Polícia Militar na Grande Vitória e interior do Estado. Em cada módulo, ficava uma viatura com dois policiais.
Coisas da vida. Ou, da política!!!