Pela primeira vez em quase oito anos, o número de homicídios cai no Espírito Santo. Estão em queda também os índices de assaltos, segundo o novo mapa do crime da Polícia Militar. Embora de modo discreto, algo de bom no âmbito da segurança pública está acontecendo.
O governo não faz alarde sobre a queda de 14,28% nos índices de assassinatos nos meses de maio, junho e julho deste ano. Um fato, entretanto, é certo: a redução demonstra que faltava planejamento à gestão anterior na Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), quando a Pasta estava sob a gestão do delegado federal Rodney Miranda.
Bastou Rodney sair da Sesp para que a segurança pública voltasse a funcionar. Com a saída dele, o Alto Comando da Polícia Militar pôde trabalhar e colocar em prática o verdadeiro modelo de policiamento que contempla toda a sociedade, ou seja, mandou os policiais para as ruas.
Antes, os policiais tinham que participar de blitz organizada por Rodney Miranda, que, vestido com uniforme de guerra, se postava à frente de uma tropa que ele não conseguia comandar.
O resultado é que em três meses de ocupação permanente e com a volta da Polícia Interativa o capixaba, enfim, se depara com uma notícia positiva. Segundo dados da Sesp, entre abril e maio o número de homicídios no Estado caiu de 195 para 140, uma queda de 28,20%. Em junho, no número de assassinatos foi de 126, contra 120 em julho.
O atual secretário da Segurança, André Garcia, dá, em parte, crédito ao novo modelo adotado pela PM, mas diz também, em entrevista ao jornal A Gazeta, que os frutos plantados em 2003 estariam sendo colhidos agora.
Não é bem assim: na verdade, a Sesp nunca – com raríssimas exceções, como o do curto período em que esteve à frente da Pasta o promotor de Justiça Evaldo Martinelli – planejou, com eficiência, ações de combate à criminalidade. Os remédios aplicados eram sempre paliativos.
O fato é que a redução se sente também em outros tipos de ocorrências, como assaltos, furtos e seqüestro relâmpago. Senão vejamos: segundo A Tribuna de 14 de maio deste ano, havia, naquele momento, pelo menos 122 pontos (em 28 bairros) perigosos na Grande Vitória que a PM havia detectado.
Com base nesse mapa do crime, a PM, então, passou a ocupar, desde o final de abril, várias ruas e avenidas da capital, Vila Velha, Serra, Cariacica, Guarapari e Viana. Foram para as ruas 450 policiais militares. Esse tipo de patrulhamento recebeu o nome de Policiamento Ostensivo de Referência (POR).
Pois bem: a mesma A Tribuna publica, nesta quarta-feira (18/08), um novo mapa do crime e, para surpresa de quem nunca valorizou o modelo inovador adotado pela PM capixaba em épocas passadas, o número de bairros onde os bandidos mais atacam caiu de 28 para 10.
Milagre? Não! Isso se chama planejamento!!! Algo que faltou à segurança pública lá no início de 2003, apesar de Paulo Hartung ter sido o governador que mais investiu no setor dentre todos os governantes capixabas. Não adianta, porém, a Sesp ter dinheiro. Precisa ter bons gestores, como tem a Secretaria de Estado da Educação e outros órgãos do governo do Estado.
Simultaneamente ao Policiamento Ostensivo de Referência – em que duplas de policiais armados ocupam pontos específicos da Grande Vitória –, a PM reativou a Polícia Interativa, modelo que serviu de inspiração para outras polícias brasileiras e criada no Espírito Santo no final dos anos 80 – abandonada, no entanto, na gestão iniciada por Rodney Miranda. Desde maio, a Polícia Interativa ocupa cinco regiões de risco da Grande Vitória, com um efetivo de 150 policiais em cada bairro beneficiado.
Novas ações estão sendo colocadas em prática dentro da nova “segurança pública” do Estado. Nesta quinta-feira, o comandante da Diretoria de Apoio Logístico da PM (DAL), coronel Julio Cezar Costa, começa a adotar em caráter experimental a viodeoconferência, que, aliada ao Policiamento Eletrônico, vai ajudar no combate a criminalidade e poderá contribuir para evitar crimes e prender bandidos com mais rapidez. No dia 14 de junho deste ano, o Blog do Elimar postou reportagem completa sobre o assunto.