O governador Paulo Hartung (PMDB) vai anunciar a qualquer momento mudança na direção do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
O atual presidente do Detran, o ex-deputado estadual Paulo Lemos Barbosa, deverá ser substituído depois da reportagem publicada nesta quinta-feira (21/01) em A Tribuna, informando que ele cometeu delitos de trânsito e terá a Carteira Nacional de Habilitação suspensa por três meses, depois de atingir 35 pontos.
Segundo a reportagem, Paulo Lemos praticou excesso de velocidade e foi várias vezes multado entre 2007 e 2008 – ele assumiu a direção do Detran em 2009. Um fato nada ético para quem dirige o maior órgão público estadual que visa, justamente, educar e punir motoristas infratores.
O diretor do Detran terá de ficar três meses sem poder dirigir. Para voltar a dirigir, terá de passar por um curso de reciclagem.
Alega Paulo Lemos, na mesma reportagem depois de ser apertado pela repórter Rafaele Gasparini, alega que cometeu as infrações antes de assumir a direção do Detran. E daí?
Pior é que o ainda diretor do Detran passou as cinco primeiras perguntas feitas pela repórter negando ter praticado os delitos, dizendo que em sua família havia outros “Paulos”. Que coisa, heim!
Antes mesmo de convidar Paulo Lemos para presidir o órgão, o governador Hartung deveria ter sido orientado por seus assessores que o ex-deputado já enfrentava processos administrativos no Detran por causa das infrações cometidas e a aplicação das multas.
Deveria, então, ter suspendido o convite. Nada disso foi feito. Agora, Hartung enfrenta um transtorno. Para contar a situação, caberia ao próprio Paulo Lemos pedir para sair.
Fontes do Palácio Anchieta informaram que Paulo Hartung passou as últimas horas em contato com demais assessores e secretários. Neste momento, o governador estaria estudando nomes para suceder Paulo Lemos.
Os governantes brasileiros deveriam saber que os Detrans de todo o País são órgãos que estão a serviço da população. Assim como as polícias Militar e Civil são órgãos de Estado, os Detrans deveriam também passar a pertencer a políticas públicas de Estado e não de governos. Assim, passariam a ser dirigidos por técnicos ou engenheiros em legislação de trânsito e não por políticos, que costumam encher os órgãos com cargos comissionados e colocam, nas Ciretrans, seus cabos eleitorais.
E dentro de instituições como as polícias Civil e Militar e o Ministério Público há profissionais que passam boa parte de sua vida se dedicando a estudar legislação de trânsito.
Um desses profissionais é o chefe da Delegacia de Delitos de Trânsito, delegado Fabiano Contarato, que tem provocado uma verdadeira revolução (para o bem) ao indiciar por homicídio doloso (quando há intenção de cometer o crime) motoristas que, embriagados, provocam tragédias nas estradas capixabas.
Contarato tem sido pioneiro, no Brasil, nessa prática, que tem ajudado a reduzir a sensação de impunidade no trânsito.
O governador Paulo Hartung, que tem dado exemplos de eficiência, escalando para áreas estratégicas do Executivo estadual profissionais competentes, bem que poderia pensar em começar a profissionalizar o Detran, escalando para sua presidência alguém mais afinado com as leis do trânsito, porque, quem tem a carteira de motorista suspensa por cometer irregularidades ao volante, não tem moral para multar ninguém.