Até o “site” oficial da Assembleia Legislativa do Espírito Santo publicou, às 17h43 desta terça-feira, o pedido feito
pelo presidente da Comissão de Segurança Pública do Legislativo Estadual, o deputado Josias Da Vitória (PDT), que quer a demissão do secretário de Estado da Segurança Pública, o delegado federal Rodney Miranda.
Da Vitória fez o pedido durante discurso no plenário da Assembléia, num dos mais duros ataques de um parlamentar a um secretário de Estado.
O deputado justificou o pedido com o intuito de encerrar a “grave crise institucional” por que passa a segurança pública do Espírito Santo, segundo informa o “site” da Assembléia – vale lembrar que Da Vitória e a maioria dos deputados são aliados do governo Paulo Hartung. A exceção é o deputado Euclério Sampaio.
De acordo com o site oficial da Assembleia Legislativa, coronéis da ativa, associações representativas dos oficiais, subtenentes e sargentos, cabos e soldados e dos militares da reserva se insurgiram contra o secretário após a publicação do livro “Espírito Santo”, que relata de forma romanceada o assassinato, em 2003, do juiz Alexandre Martins de Castro Filho.
Trechos da obra, escrita pelo secretário Rodney, o juiz Carlos Eduardo Ribeiro Lemos e o ex-secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, foram considerados ofensivos à imagem da corporação, a quem os autores chamaram de aliada do atraso.
Da tribuna do Plenário, Da Vitória – que é cabo reformado da PM – ressaltou que a crise está na Secretaria de Estado da Segurança, não na PM. Disse que, primeiro os coronéis e, agora, também os praças, apenas não aceitaram a generalização promovida pelo secretário. “Desmoraliza a todos: acusados, não acusados, eventuais culpados e, sobretudo, os inocentes”, destacou.
Da Vitória lamentou que, apesar do apoio e dos recursos que a Pasta vem recebendo do governador Paulo Hartung (PMDB), não tem apresentado resultados satisfatórios no combate à criminalidade:
“Foram e continuam sendo muito aquém do esperado e do prometido”. Após a fala do deputado, os militares que estavam na ante-sala do plenário gritaram: “Fora, Rodney!”, sendo aplaudidos por funcionários da Casa que acompanhavam a sessão.
Coronéis da PM e presidentes de associações representativas dos militares ouviram o pronunciamento do deputado da ante-sala do Plenário, e alguns se exaltaram em apoio quando Da Vitória sugeriu a renúncia de Rodney.
“Já que o governador Paulo Hartung pediu para a gente não colocar a faca no pescoço dele, os coronéis estão pedindo que o secretário Rodney renuncie”, explicou o coronel da reserva Carlos Augusto de Oliveira Ribeiro, presidente da Associação dos Militares da Reserva, reformados, da Ativa da PM e do Corpo de Bombeiros Militar (Aspomires).
“Irresponsáveis”
Segundo o site da Assembleia Legislativa, a deputada Aparecida Denadai (PDT) foi primeiro à ante-sala para expressar seu apoio ao movimento dos militares. Após, fez um pronunciamento da tribuna e classificou os trechos considerados ofensivos do livro “Espírito Santo” como “irresponsáveis”.
Aparecida Denadai admitiu que não leu a obra, que conheceu trechos através da imprensa. Lembrou que teve um irmão – o advogado Marcelo Denadai, que também lutou contra o crime organizado – assassinado por um soldado da PM, acrescentando que a própria PM auxiliou nas investigações que resultaram na prisão do criminoso.
“Há homens honrados na Polícia Militar”, assegurou. E continuou: “Temos batatas podres no Poder Judiciário, no Ministério Público, na Assembleia Legislativa. Poderíamos generalizar e dizer que todos são iguais? Seria uma falta de respeito com os homens de bem. Eu seria irresponsável e leviana se dissesse que foi a PM que matou meu irmão. Quem matou meu irmão foi um criminoso, que usava farda da PM, mas a corporação está e sempre estará acima de quaisquer criminosos”.
A parlamentar destacou, ainda, que há dois deputados estaduais – Da Vitória e Sargento Valter (PSB) – e um deputado federal, capitão Assumpção (PSB), todos saídos da Polícia Militar. Disse também que há militares nas igrejas, como o coronel Julio Cezar Costa, da Maranata, “um homem honrado e competente”.
“Não posso concordar com isso”, prosseguiu, referindo-se à maneira “como a PM foi retratada na obra do secretário Rodney”. E destacou que vem cobrando ações efetivas da segurança desde o início de seu mandato. Ao fim do pronunciamento, foi aplaudida pelos militares.
Texto: Site da Assembleia e Elimar Côrtes