Um denúncia anônima chegou à Polícia Civil e informa sobre a descoberta de um esquema de ataques criminosos em rodovias e demais logradouros públicos de Cariacica com o objetivo de prejudicar o governador Renato Casagrande (PSB) e o prefeito Euclério Sampaio (DEM), que são aliados políticos e vêm tendo uma atuação firme no combate à criminalidade e na retomada do desenvolvimento econômico e social da cidade. Os idealizadores dos ataques criaram grupos no WhatsApp, em que convocam um mínimo de 50 voluntários para incendiar pneus de veículos e colocar fogo em trechos da Rodovia BR-262, que corta vários bairros da cidade. Um dos integrantes do grupo, insatisfeito com as ações orquestradas por seu colegas, encaminhou a denúncia ao 17º Distrito Policial e também para o Blog do Elimar Côrtes. O denunciante deixa de ser identificado para evitar represálias.
O delegado responsável pelo 17º Distrito Policial, delegado Henrique Vidigal, confirmou na tarde desta quinta-feira (20/01) ter instaurado um procedimento denominado de Averiguação Preliminar, para ver se as informações contidas na denúncia procedem. Os líderes do movimento podem estar, no mínimo, infringindo o artigo 286 (Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa) do Código Penal Brasileiro.
Um dos organizadores do grupo chega a ensinar, por meio de áudio, como deve ser feito o recrutamento dos voluntários e como terá de ser feita a movimentação para enganar a população, escondendo dela os verdadeiros motivos da manifestação, e orienta como devem ser os ataques criminosos. A Polícia Civil já está de posse do material e dos nomes dos suspeitos de organizarem os ataques, que são pessoas ligadas a políticos do Partido dos Trabalhadores e da Rede Sustentabilidade.
Um dos suspeitos de organizar o movimento, que pode ser considerado até como ato terrorista, foi identificado como Adauto Alves de Oliveira, que, nas redes sociais, se autodeclara “braço direito” do ex-prefeito da Serra, o economista Audifax Barcelos (Rede), em Cariacica. Nas redes sociais e em reuniões com lideranças comunitárias, Adauto faz campanha para Audifax, que colocou seu nome como pré-candidato a governador do Estado nas eleições de 2022.
Outros dois supostos organizadores foram identificados como Leonardo Costa de Paula e Thiago Amurim, que são ligados ao PT. Amurim, que é empresário do ramo de construção civil, usas suas redes sociais para atacar e criticar as ações do prefeito Euclério Sampaio, mesmo aquelas que combatem a Covcd/19, e defender dois de seus aliados políticos: o deputado federal e ex-prefeito de Cariacica Helder Salomão e a professora Célia Tavares.
Em dois dos áudios captados no grupo criado pelas lideranças que estão organizando a manifestação, Adauto de Oliveira ensina que os ataques têm que ser feitos numa sexta-feira, “no horário de pico, para atrapalhar a vida de todo mundo”. Segundo ele, os ataques precisam ser feitos “por, no mínimo, umas 50 pessoas”. Diz ainda que “pelo menos eu consigo levar quatro pessoas, no mínimo”. E depois afirma:
“Vamos tocar fogo na BR no horário de pico. Enquanto o Corpo de Bombeiros e a Prefeitura (de Cariacica) limpam os estragos, a turma foge. Precisamos chamar a imprensa, mas é preciso levar muita gente pra lá. Não podem aparecer apenas uns gatos pingados. Temos que dar porrada. Estamos dando muita moleza”.
Adauto prossegue, orientando que os incêndios na pista têm que ser “vapt-vupt”. A turma, segundo ele, “tem que chegar e ir logo sentando fogo, porque a polícia não vai prender ninguém”. Adauto diz que os organizadores têm que fazer faixas de protesto e explica que outras situações, que vão acontecer, ele prefere não falar nos grupos de WhatsApp, “porque a conversa pode vazar”.
Ainda no áudio, Adauto de Oliveira orienta que os organizadores têm que atacar o governador Renato Casagrande e o prefeito Euclério Sampaio. Diz que é preciso mostrar à população que os dois políticos são amigos e aliados:
“Por mim, começaríamos a jogar o governador no meio. Falar alguma coisa nas redes sociais para atingir os dois, porque o Euclério apoia o governador e o governador apoia o Euclério. Por mim, a gente já começava a fazer intrigas entre os dois para ver no que vai dar. Jogar os dois nas redes sociais”.
Polícia intima os coordenadores do movimento e diz que caso é grave
O delegado Henrique Vidigal disse que a as informações chegaram ao 17° Distrito Policial por meio de uma liderança comunitária que não comungou com as ameaças de ataques feitas pelos organizadores do movimento. Acrescentou que ainda nesta quinta-feira (20/01) já encaminhou intimação às pessoas identificadas para que compareçam à Delegacia para prestar esclarecimentos. “As conversas ouvidas nos áudios são graves. Trata-se, a princípio, de incitação ao crime”, disse o delegado.
“Por isso, por enquanto foi instaurada uma Averiguação Preliminar para checar se as informações chegadas na denúncia procedem. As pessoas estão sendo intimadas a prestar esclarecimentos. Os áudios são graves e se trata de incitação ao crime porque as conversas foram ouvidas por mais de 100 pessoas que estão nos grupos”, completou Henrique Vidigal, sem, no entanto, poder entrar em detalhes. Os nomes dos suspeitos chegaram ao Blog do Elimar Côrtes por meio da outra liderança que encaminhou as mesmas denúncias à Polícia Civil.
Ao entrar em contato com o Blog do Elimar Côrtes, o denunciante alegou ter imaginado que os protestos convocados pelo grupo teriam o caráter de reivindicação. No entanto, descobriu que o verdadeiro motivo seria a de provocar atritos entre o governador Renato Casagrande e o prefeito Euclério Sampaio, além de tentar manchar a imagem dos dois líderes políticos capixabas. Esse denunciante chegou a ser bloqueado nos grupos de WhatsApp depois de descobrir os reais motivos dos protestos políticos.
Euclério não acredita no envolvimento do ex-prefeito Audifax Barcelos e diz que ameaças são feitas por grupos que perderam eleição
O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, disse na manhã desta quinta-feira (20/01) estar indignado com a descoberta de um grupo que está organizando “ataques criminosos” no município. Para ele, trata-se de um pequeno grupo que decidiu agir por ter perdido as eleições municipais. Euclério Sampaio venceu o pleito de 2020, no segundo turno, em disputa com a petista Célia Tavares. Ele obteve 95.356 votos, contra 67.111 da petista Célia, com quem dois dos líderes do movimento de ataques, Leonardo e Thiago, têm ligação política:
“Esses sujeitos são de um pequeno grupo insatisfeito por ter perdido as eleições. Estão insatisfeitos com o desenvolvimento positivo que a cidade está conquistando com a nossa gestão. São pessoas que torcem para o quanto pior, melhor”, disse o prefeito.
Embora tenha conhecimento que outro líder do movimento, Adauto Alves de Oliveira, se apresente como “braço direito” de Audifax Barcelos em Cariacica e que está fazendo campanha para o ex-prefeito da Serra, Euclério Sampaio afirmou não acreditar no envolvimento de Audifax com o movimento criminoso:
“Pelo seu caráter e responsabilidade de homem público, com certeza o prefeito Audifax não tem participação nesse movimento”. No entanto, prossegue Euclério, quanto a outro integrante do grupo, identificado como Thiago, “o envolvimento dele é flagrante. Ele passou toda a campanha eleitoral de 2020 me atacando e continua atacando a Administração Municipal, demonstrando insatisfação com as ações que estamos implementando em prol do povo de Cariacica”.
O prefeito garantiu, todavia, que as ameaças não o impedirão de trabalhar e nem vão intimidar seus gestores: “Continuaremos trabalhando em prol de Cariacica. Nossa cidade está mudando, está crescendo. Continuaremos atuando contra as forças do mal”, disse Euclério Sampaio.