Oito anos depois de ter sido assassinato, o juiz Alexandre Martins de Castro Filho tornou-se, definitivamente, um dos símbolos do combate ao crime organizado no Espírito Santo.
Para lembrar a data em que o jovem juiz foi morto a tiros em frente a uma academia em Itapoã, Vila Velha, o pai dele, o advogado Alexandre Martins de Castro, vai realizar, no dia 24 deste mês, no Centro de Convenções de Vitória, um seminário que terá uma série de palestras sobre o combate ao crime organizado.
O encontro vai servir também para que o pai, amigos e colegas do juiz assassinado cobrem da Justiça o julgamento dos acusados de serem os mandantes do crime, o agora juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira e o coronel da reserva da PMES Walter Gomes Ferreira.
‘‘Há uma morosidade inexplicável por parte dos Tribunais em Brasília para o julgamento dos acusados de serem os mandantes da morte de meu filho’’, lamenta Alexandre Martins.
O seminário do dia 24, data em que o juiz foi assassinado a tiros em 2003, vai acontecer durante todo o dia. Pela manhã, haverá palestras do juiz federal Américo Bedê e do procurador geral de Justiça do Estado, Fernando Zardini.
No período da tarde, será a vez da apresentação de trabalho do hoje deputado estadual Rodney Miranda – na época do crime, ele era secretário de Estado da Segurança Pública –, do promotor de Justiça Otávio Gazir, que atuou nas investigações do assassinato do juiz, e do juiz Carlos Eduardo Lemos Ribeiro, que trabalhou com Alexandre Martins de Castro Filho na Vara de Execuções Penais.
Após a apresentação dos três, a delegada Fabiana Maioral, hoje diretora da Academia de Polícia Civil, participará de um ciclo de debates. Também participará do seminário a professora da Faculdade de Direito de Vitória (FDV) e Pós Doutora em Direito Gilcilene Passion.
Segundo o advogado Alexandre Martins, o seminário é aberto à sociedade civil. Estudantes e professores de Direito podem se inscrever na FDV, que fica na rua Doutor João Carlos de Souza, 779, no bairro Santa Lúcia, em Vitória.
Os assassinos do juiz já foram julgados e condenados pelo crime. Os acusados de serem os mandantes – dois sargentos da PM – foram condenados. Eles negam envolvimento no crime.
O juiz aposentado Antônio Leopoldo e o coronel Ferreira, que garantem serem inocentes, aguardam em liberdade o julgamento do processo, que tramita no Fórum de Vila Velha.
Os advogados de defesa dos acusados de mando e de intermediar o crime defendem a tese de tentativa de latrocínio (roubo com morte) para o assassinato do juiz. O homem que atirou em Alexandre Martins, Lombrigão, diz que matou o juiz porque ele teria reagido a uma tentativa de assalto.
A Polícia Civil do Espírito Santo e o Tribunal de Justiça – que investigou o suposto envolvimento do juiz Antônio Leopoldo no crime – garantem, no entanto, que Alexandre Martins de Castro Filho foi vítima de crime de mando.
Ele combatia o crime organizado no Estado e, apesar das ameaças de morte que recebia, demonstrava coragem e firmeza em suas ações como magistrado. Em sua última entrevista, feita pelo repórter Maurício Xavier e publicada em A Tribuna dias antes de ser assassinado, Alexandre Martins de Castro Filho disse: ‘‘Nada vai me intimidar’’. A frase correu o mundo após o crime e virou símbolo na luta contra a impunidade no Estado.