A Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco), em uma única operação – a Operação Capital –, apreendeu o equivalente a R$ 2 milhões em imóveis que eram usados para a lavagem do dinheiro do tráfico de drogas. A equipe da Draco responsável pelos levantamentos é composta por quatro agentes de Polícia.
Os policiais civis da Draco foram na raiz do problema e descobriram o esquema usado por uma organização criminosa para sonegar impostos e lavar o dinheiro do tráfico. O dinheiro passava por uma empresa de roupas infantis, que está em nome de um ‘laranja’, depois era usado na compra de carros e imóveis de luxo. Essa loja de roupas infantis está localizada na Serra.
O trabalho de Inteligência dos policiais resultou na apreensão de três carros e sete imóveis avaliados em R$ 2 milhões, além do bloqueio de várias contas bancárias.
Diretor da Associação dos Agentes da Polícia Civil (Agenpol/ES) e do Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol/ES), Rodrigo Bonomo destacou o resultado da Operação Capital e o belo levantamento feito pela equipe.
“Entendemos o quanto é importante a descapitalização de qualquer organização criminosa. Só assim é possível extirpar esse tipo de crime. Esse importante resultado foi realizado por agentes de Polícia que buscam o reconhecimento da própria Polícia Civil e do Governo do Estado pelo direito de serem enquadrados também no nível superior”, pontuou Bonomo.
A investigação para a deflagração da Operação Capital envolveu lavagem de capitais. Por isso, a equipe teve que utilizar todas as ferramentas de investigação e de toda a tecnologia possível para chegar aos alvos e descobrir a maneira como os traficantes e seus ‘laranjas’ utilizavam para tornar o dinheiro oriundo da venda de drogas legal.
“Exigiu-se um trabalho técnico de análise e produção de conhecimento de dados e informações quantitativas e qualitativas de natureza financeira, contábil, jurídica, entre outros. Devido a complexidade pela ocultação, dissimulação e integração dos valores ilícitos, a equipe utilizou das mais variadas e inovadoras ferramentas de investigação para o combate à lavagem de dinheiro e o desmantelamento da organização criminosa que parece agir há anos no Estado”, pontuou Rodrigo Bonomo.
De acordo com Rodrigo Bonomo, o resultado da recente operação da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco) “deu foco ao desvio de função e deixou o problema em evidência”. A investigação, segundo ele, foi conduzida por uma equipe de quatro agentes de Polícia na Draco, cargo considerado de nível médio na Polícia Civil, que regulamentou os cargos de investigador, escrivão e peritos como sendo de nível superior.
Em 2014, na primeira gestão do governador Renato Casagrande, a Justiça determinou a reestruturação do Quadro Organizacional da Polícia Civil. No final de 2014, o Governo do Estado levou aos deputados estaduais o Projeto de Lei Complementar nº 48/2014, que reconhecia o nível superior para os agentes de Polícia e dava um passo importante para a valorização dos profissionais.
Mas, ao assumir o mandato em 2015, o ex-governador Paulo Hartung retirou o projeto de pauta e arquivou o PLC 48/2014.
“As organizações sindicais comunicaram a má-fé do ex-governador Paulo Hartung à Justiça, já que o Juízo extinguiu uma ação anterior alegando que o Governo havia cumprido o determinado, que era a equiparação salarial, por meio de um PLC, o que não ocorreu. Alguns profissionais ingressaram ações na Justiça por desvio de função”, explicou o dirigente Rodrigo Bonomo.
Segundo ele, recentemente os representantes sindicais enviaram ofício ao Governo do Estado comunicando e pedindo celeridade na solução para o impasse.
Saiba Mais
A Operação Capital foi deflagrada na terça-feira (22/09). A organização criminosa era composta por 13 pessoas. Duas advogadas fazem parte dessa organização e uma delas é considerada foragida. O delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda, avaliou como de extrema importância essa ação da Draco que tem dois anos de existência e tem como finalidade investigar lavagem de capitais e sonegação de bens patrimoniais oriundos dos proventos de crimes de corrupção e tráfico de drogas e outros delitos.
“Com essa ação foram mais de R$ 2 milhões de bens bloqueados, sendo seis apartamentos, uma casa de alto padrão, três veículos de luxo e contas bancárias. Viramos a chave, pois a Draco não vai atuar nas retiradas de drogas do mercado e, sim, trabalhar firme na sonegação de bens e lavagem de capitais para descapitalizar o tráfico de drogas e as organizações criminosas. Na nossa estrutura temos uma Divisão para trabalhar essa modalidade de crime, pois entendemos o quanto é importante a descapitalização da organização criminosa. Só assim é possível extirpar esse tipo de crime no mercado”, destacou o chefe de Polícia.